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sábado, 12 de janeiro de 2019

"Esplendor", de Naomi Kawase (2017)



Um filme pode trabalhar diferentes sensações e explorar diferentes sentidos não ficando apenas no visual. "Esplendor", da diretora japonesa Naomi Kawase faz isso, trabalha muito bem com a audição e a falta dela.
Misako escreve versões de filmes para deficientes visuais. Durante uma exibição ela conhece Nakamori, um fotógrafo mais velho que, lentamente, está perdendo a visão. Quando Misako descobre as fotografias de Nakamori, essas imagens irão, estranhamente, levá-la de volta a seu passado. Juntos, os dois vão aprender a enxergar o mundo radiante que, antes, estava invisível aos olhos dela.
Claro, é um filme lento, bem devagar. O longa é todo contemplativo, reflexivo e por isso não espere sequências frenéticas. Particularmente gosto, embora saiba que muitas pessoas não curtem esse tipo de filme, mas confesso que este longa, especificamente, tem seus momentos monótonos.
Naomi Kawase tem total controle da câmera e sabe trabalhar os sentimentos como poucos diretores. Tudo é muito forte em seu trabalho. Os enquadramentos são obras fotográficas lindíssimas, você sente a ternura da diretora, o afeto, a raiva , o medo dos personagens. Certo momento é descrito um raio de sol entrando pela janela e, com o áudio e o visual, você chega a sentir o calorzinho do sol. Áudio e visual se complementam, porém podem ser sentidos separadamente. Vale ressaltar o trabalho de câmera muito bem realizado com a intenção de mostrar a dificuldade de enxergar de um dos personagens, o que nos coloca na pele do personagem a ponto de sentimos sua angústia em diversos momentos da exibição.
Levemente arrastado, contemplativo demais em alguns momentos, mas doce na medida certa, “Esplendor” nos traz uma ótima reflexão sobre a vida e de como nosso trabalho a influencia. Nos mostra que muitas vezes a escolha de uma profissão não é por acaso nem obra do destino. Há um caminho que nos leva até ela. O filme também carrega uma mensagem positiva de superação das dificuldades seja de um acidente ou deficiência mostrando que aquilo não é sinal de final de vida ou só tristeza. Mas, sim, que primeiro temos que passar pela aceitação, para assim chegar na superação e conseguirmos ver o esplendor de um novo dia.
Senhoras e senhores, que ena linda! De uma beleza visual e auditiva que me conquistou.



por Vagner Rodrigues

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