Ingresso do show. Tá velhinho, quebradiço, mas guardo com carinho |
Assim que foi anunciado que Madonna viria ao Brasil em turnê, me mobilizei para ir vê-la. "Ah, mas não é a mesma turnê do filme". É uma pena, gostaria que fosse a mesma mas, só por todo o espetáculo, já vale. "Ah, mas vai ser em São Paulo" (na época eu morava em Porto Alegre). Não interessa. Sendo no Brasil, dá pra ir. "Ah, mas eu não tenho companhia pra ir". Dane-se! Conheço uma galera na viagem e já era.
E assim foi!
Economizei, troquei dinheiro nacional pra dólar, tratei com a agência de viagens e estava feito! Seria uma viagem bate-e-volta: era chegar em Sampa, ir pro estádio, assistir ao show, sair do estádio, entrar no ônibus, pegar a estrada e voltar pra casa. Seria puxado, cansativo mas, eu não tava nem aí.
Conforme imaginava, conheci um pessoal no busão, me enturmei, a viagem foi legal, tudo correu bem e, afastando um temor que tínhamos, de chegar muito em cima da hora, chegamos bem cedo, ainda no meio da tarde. Como os portões abriam às 16 horas e não tínhamos porquê ficar mofando dentro do ônibus, assim que estacionamos, a algumas quadras do estádio, nos dirigimos para lá. E o que, em princípio, poderia ser um incômodo ou uma chateação, de entrar tão cedo e permanecer umas cinco horas no estádio até o começo da apresentação, acabou por trazer-nos uma agradabilíssima surpresa. Fomos brindados com a passagem de som da tarde com ninguém menos que a própria estrela do show. Madonna, relaxada e descontraída, foi simpática, puxou coros desbocados com a galera, usando e abusando de alguns palavrões que devia ter aprendido naquele dia e, numa pequena prévia do que viria à noite, passou umas três ou quatro músicas. Entre as que ganhamos uma palinha, estava "Erotica" uma das minhas preferidas e mais aguardadas, só que numa versão um pouco diferente que me deixou na dúvida, até a hora do show, se seria aquela mesmo a executada no espetáculo, ou se só havia sido tocada daquela maneira por alguma conveniência técnica para a passagem de som.
Mesmo com aquela canja inesperada e muito bem-vinda, e com um showzinho de abertura de Gabriel, O Pensador pra ajudar a passar o tempo, não teria como não admitir que a espera fora longa e um tanto exaustiva. Sol na cara, calor, público aumentando, espaço diminuindo, ansiedade, expectativa... Nossa!
Mas valeu a pena!
Madonna entrou triunfal, surgindo do chão com seu figurino sadomasô, dominadora, com chicotinho e tudo, e já respondendo à minha curiosidade da tarde sobre a versão de "Erotica" para o show. Sim, era a do ensaio! Um pouco mais misteriosa, um pouco menos sussurrada, mas quase tão boa quanto a original.
Conforme imaginava, conheci um pessoal no busão, me enturmei, a viagem foi legal, tudo correu bem e, afastando um temor que tínhamos, de chegar muito em cima da hora, chegamos bem cedo, ainda no meio da tarde. Como os portões abriam às 16 horas e não tínhamos porquê ficar mofando dentro do ônibus, assim que estacionamos, a algumas quadras do estádio, nos dirigimos para lá. E o que, em princípio, poderia ser um incômodo ou uma chateação, de entrar tão cedo e permanecer umas cinco horas no estádio até o começo da apresentação, acabou por trazer-nos uma agradabilíssima surpresa. Fomos brindados com a passagem de som da tarde com ninguém menos que a própria estrela do show. Madonna, relaxada e descontraída, foi simpática, puxou coros desbocados com a galera, usando e abusando de alguns palavrões que devia ter aprendido naquele dia e, numa pequena prévia do que viria à noite, passou umas três ou quatro músicas. Entre as que ganhamos uma palinha, estava "Erotica" uma das minhas preferidas e mais aguardadas, só que numa versão um pouco diferente que me deixou na dúvida, até a hora do show, se seria aquela mesmo a executada no espetáculo, ou se só havia sido tocada daquela maneira por alguma conveniência técnica para a passagem de som.
Mesmo com aquela canja inesperada e muito bem-vinda, e com um showzinho de abertura de Gabriel, O Pensador pra ajudar a passar o tempo, não teria como não admitir que a espera fora longa e um tanto exaustiva. Sol na cara, calor, público aumentando, espaço diminuindo, ansiedade, expectativa... Nossa!
Mas valeu a pena!
Madonna entrou triunfal, surgindo do chão com seu figurino sadomasô, dominadora, com chicotinho e tudo, e já respondendo à minha curiosidade da tarde sobre a versão de "Erotica" para o show. Sim, era a do ensaio! Um pouco mais misteriosa, um pouco menos sussurrada, mas quase tão boa quanto a original.
Madonna - "Erotica" - The Girlie Show - Austrália (1993)
E daí se seguiram a ótima "Fever", com direito a um mini-striptease para se desfazer do visu fetichista; a sempre aguardadíssima e luxuosa "Vogue", dessa vez com tons meio árabes, indianos ou algo assim; "Express Yourself" num clima disco setentista com a cantora surgindo no palco de cabelão "black", dependurada num globo espelhado; "Everybody", com direito a camiseta da Seleção Brasileira; a improvável mas de performance muito divertida, "I'm Going Bananas"; "Holiday" excelente, com uma pegada militar; e, assim como "Erotica", a sensualíssima "Justify My Love" ganhava uma versão diferente, bastante interessante e não menos quente que a tradicional, numa performance fantástica com caracterização com roupas de época em um cenário monocromático visualmente fascinante.
Madonna - "Justify My Love" - The Girlie Show _Austrália (1993)
Show terminado, era hora de voltar para o ônibus e encarar 20 horas de viagem, agora sim, muito esgotado e contando as horas para chegar em casa. Mas voltava com a alma satisfeita! Madonna correspondera a tudo a que eu esperava. Um grande espetáculo musical-teatral-visual com uma das artistas mais importantes do nosso tempo.
"Ah, mas ela canta mal". A expressão artística dela compensa qualquer deficiência técnica que, inegavelmente, sabemos que ela tem. "Ah, mas ela dubla no palco". Sim, a gente sabe. Para um espetáculo daquele porte, ágil, dinâmico, com reposicionamentos, troca de figurinos constante, é natural e aceitável que o artista, seja ele quem for, se dê o direito de 'performar' alguns números. "Mas como é que uma cantora que canta mal mal canta pode ser considerada uma das maiores artistas dos últimos tempos?". Madonna construiu uma figura pop e, tendo-a consolidada, utilizou-se dela para provocar, questionar, desafiar paradigmas artísticos, sociais, morais e comportamentais. Foi essa mulher que eu fui lá ver, foi essa mulher que me fez percorrer quilômetros de estrada, ficar horas numa arquibancada. Era tudo isso que eu queria e foi o que eu tive.
Cly Reis
Não lembrava dessa tua "indiada" para SP pra ver a Madonna. Faz tempo, hein? Que legal que deve der sido. Se não a melhor turnê, o show foi do melhor disco dela.
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