Todo mundo morre, né... Não tem jeito. Mas tem uns que a gente gostaria que durassem para sempre. Parece que não são gente, que são, tipo, um instrumento para nos proporcionar arte, deleite, prazer, ou mesmo reflexão, estranheza, discordância, indignação, que seja... Jean-Luc Godard faz parte desse grupo dos que nunca deveriam deixar de existir. Daqueles que a gente lamenta a ida, como se fosse um amigo próximo.
O cineasta foi um dos responsáveis pro meu interesse no cinema alternativo, mais "cabeça". Lembro, ainda nos anos 90, quando assisti a "Je Vous Salue, Marie", pela primeira vez, instigado por toda a polêmica que envolvera a obra, proibida no Brasil na Nova República de Sarney. A minha reação ao ver aquilo foi, "Uau!!!". Eu nunca havia visto algo parecido. Depois, é claro, assisti a muitas outras coisas e, incrivelmente, me surpreendia a cada fase, cada tentativa, cada revolução, cada rompimento. Nem tudo é maravilhoso, nem tudo é genial, embora o inconformismo artístico seja, invariavelmente elogiável.
Com uma obra sempre inovadora, inquieta, Godard se reinventou e reinventou o cinema umas trocentas vezes e, o mais incrível, aos 91 anos ainda era capaz de nos surpreender e produzir trabalhos originais e relevantes. Era um cara que a gente sempre ficava esperando, com uma expectativa muito positiva e curiosa, pelo próximo filme. Só que infelizmente o próximo não vai acontecer.
Au revoir, Enfant Terrible! Au, revoir!
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