Mesmo considerando o caráter alternativo da obra e a visão particular de um artista incomum, não pode-se deixar de se exigir mais qualidade no produto final. O filme e' muito mal acabado. E quando digo isso nao me refiro a recursos financeiros, produção ou algo assim. E' tosco em elementos básicos para um cineasta. Em alguns momentos parece dirigido com um desleixo que não pode ser atribuído somente a uma eventual precariedade e sim a deficiências e limitações do diretor. Ve-se que ele tentou fazer uma coisa e ficou assim... então ficou. Em nome da 'pureza'? Hmmm... Na
ão sei se se justifica o suficiente.
Isso serve também para os atores que, por serem amadores, ao invés de conferir uma crueza `as cenas, o que talvez fosse a intenção, acabam comprometendo a qualidade de uma obra que com um texto tao rico, teria um ganho enorme com interpretações que fossem no minimo boas.
A gente sabe que o cinema autoral, muitas vezes opta pela ideia em si, mais do que a forma. Nao tenho duvida disso. Mas parece que a ideia em si fica comprometida nestas condições.
É claro que um pouco deste improviso, deste desapego formal tem a ver com a linha cinematográfica do diretor, muito próxima do nosso Cinema Novo, no caso especifico deste filme, mas que dentro do todo da obra se perdem em meio a artifícios fragilíssimos e pobres e aí já não sabemos mais o que era acaso, intenção e consequentemente o que e' mérito.
No meu ponto de vista, há mérito na desconstrução que Pasolini faz da narrativa, ainda que um tanto confusa, em parte pela já citada limitação dos atores e outra por uma certa "pressa" na montagem que faz com que elementos fiquem desconexos demais, sobretudo na primeira metade.
Outra virtude do filme é a não utilização de cenários artificiais e isto feito com muita qualidade, com panorâmicas e planos abertos sobre cenários naturais contendo significados e simbolismos. Mas, sobremaneira, me agradaram os figurinos e a direcao de arte. Muito criativa, utilizando galhos, flores, fibras naturais e tecidos leves inserindo `a sua maneira, sutilmente, um contexto sugerido.
Destaque também para a unica aparição dramática em cinema da soprano Maria Callas interpretando a personagem titulo.
Como eu costumo dizer: Vale conferir. Foi o que eu disse a mim mesmo depois do filme. "Valeu conferir".
No entanto recomendo mesmo, Salo'- ou os 120 dias de Sodoma também do Pasolini, mas que, advirto, deve ser visto com muito "estomago" e tolerância.
Cly Reis
Eita, você foi assistir logo a Medéia! hehehehe
ResponderExcluirTenho que assumir que, como você, adoro Pasolini... Saló, Teorema, entre outros, são fantásticos. Mas Medéia... não consegui ir ate o fim. Achei uma merda! hehehe
Pois é... Conhecia a história e achei que com o Pasolini ficaria mais legal ainda.
ResponderExcluirOps! Não deu.