Eu prefiro trabalhar com alguém mais original que não fique me copiando."
Grace Jones sobre trabalhar com Lady Gaga
Um álbum sofisticado.
Poder-se-ia dizer até chiquérrimo!
A estilosa ex-modelo e manequim jamaicana Grace Jones conseguia, depois de alguns discos apenas interessantes no início da carreira musical, transpor enfim todo seu charme dos estúdios fotográficos para os de gravação com o excelente "Nightclubbing". A própria faixa que dá nome ao álbum que já era fantástica com Iggy Pop (autor em parceria com Bowie), consegue ficar talvez até melhor numa versão meio cabaré-chique às voltas com um piano grave e bem marcado com uma interpretação sensual e venenosa.
"I've Seen That Face Before (Libertango)", outro destaque do disco, é no fundo um tango sim, mas tem contornos reggae e coloridos de ritmos latinos. Seus trechos recitados em francês na voz provocante e poderosa de Mrs. Jones dão uma leitura toda diferenciada e singular à composição do argentino Ástor Piazzolla.
Minha preferida, no entanto, é "Pull Up to the Bumper". Apimentada e sem vergonha, traz um vocal provocante, uma guitarra bem suingada e um tamborim fazendo a marcação gostosíssima.
"Walking in the Rain", a primeira do disco é praticamente declamada sobre uma base clean sutilmente 'reggeada' e extremamente bem desenvolvida nos detalhes. Outra das boas é "Use Me", que além de outra interpretação magistral da gigante de ébano, tem uma bela linha de baixo. "Demolition Man" de Sting tem um estilo mais forte, mais new-wave, mais rock e por consequência um vocal mais agressivo também, quase falado na maior parte do tempo só ganhando ritmo mesmo nos refrões. "I've Done it Again" se encarrega de fechar o disco baixando a rotação apaixonadamente numa baladinha tristonha.
Nove interpretações notáveis com as mais diversas nuances dentro do universo da música negra e da música pop em geral. É daquelas obras e daquele tipo de artista que alguém mais mal informado pode torcer o nariz num primeiro momento achando que um disco de ex-modelo seja necessariamente sem qualidade, mera autopromoção, etc. Muitas são assim, sabemos, mas certamente este não é o caso. Para Grace Jones a passarela, os flashes podem ter aparecido antes na vida antes, mas com certeza ela foi feita mesmo para o microfone e para o palco. E quanto ao álbum, o que se pode dizer de "Nightclubbing" é que sobre um repertório variado e extremamente bem escolhido, ela coloca suas voz negra e poderosa de maneira singular e recriadora.
Não somente um álbum sofisticado, um álbum chiquérrimo, mas sobretudo um álbum brilhante.
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FAIXAS:
- " Walking in the Rain "( H. Vanda , G. Young ) - 4:18
- " Pull Up To The Bumper" "(Koo Koo Baya, Grace Jones, Dana Mano) - 4:41
- " Use Me "( Bill Withers ) - 5:04
- " Nightclubbing" ( David Bowie , James Osterberg ) - 5:06
- " Art Groupie" (Barry Reynolds, Grace Jones) - 2:39
- " I've Seen That Face Before (Libertango) "( Astor Piazzolla , Barry Reynolds, W. Dennis, N. Delon) - 4:30
- " Feel Up "(Grace Jones) - 4:03
- " Demolition Man "( Sting ) - 4:03
- "I've Done It Again" (Barry Reynolds) - 3:51
Ouça:
Grace Jones Nghtclubbing
Cly Reis
Incrível este disco. Junto com o Low do Bowie, o Risqué, do Chic e o Off the Wall do Michael Jackson é um definidor da música pop mais comercial dos anos 80.
ResponderExcluirDã.
Essa mulher é foda. Conheci por Zula, em Conan e, anos depois, fui descobrir q tinha essa voz toda. Esse disco, especialmente, é demais.
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