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quarta-feira, 3 de abril de 2024

Música da Cabeça - Programa #364

 

1º de abril é dia da mentira? Pra quem diz que "não foi golpe", sim. Sem fake news, o MDC de hoje traz Isaac Hayes, João Gilberto, Lulu Santos, Rush e Tracy Chapman estão aí para comprovar. Ainda, um Cabeça dos Outros no quadro especial e, claro, os 60 anos do golpe militar. Pela verdade, o programa vai ao ar às 21h na verídica Rádio Elétrica. Produção, apresentação e "ditadura nunca mais": Daniel Rodrigues



quarta-feira, 27 de março de 2024

Música da Cabeça - Programa #363

 

O que as câmeras do Times pegaram a Embaixada da Hungria não foi nenhuma atitude suspeita: é só o pessoal fujão querendo saber se lá dentro dá pra ouvir o MDC desta quarta. Sem se esconder de ninguém, o programa hoje terá Caetano Veloso, The Belovead, Bebel Gilberto, Lobão, Bauhaus, Gal Costa e mais. Quem também dá as caras é Michael Nyman, no Cabeção. Com asilo político da Rádio Elétrica, vamos ao ar hoje às 21h. Produção, apresentação e passaportes confiscados: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 13 de março de 2024

Música da Cabeça - Programa #361

Não é inabilidade da Kate Middleton, não, gente! Ela só tava querendo chamar atenção pro MDC desta quarta, entenderam? Vê só como a estratégia deu certo: estão em destaque Elton Medeiros, Helmet, The Claypool Lennon Delirium, Marisa Monte, The Smiths e Ira!, todos devidamente destacados. Ainda, os 50 anos de discos clássicos da música internacional feitos por mulheres, que estão no seu mês. Acertando o jogo dos 7 erros, o programa vai ao ar hoje às 21h, na sabichona Rádio Elétrica. Produção, apresentação e aulinha de Photoshop: Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Música da Cabeça - Programa #358

 

Andam dizendo que o ciclone Akará não é nada perto do furacão que o Brasil tá enfrentando no campo diplomático... Preparado para chuvas e trovoadas está o MDC de hoje, que vai ter New Order, Portela, My Bloody Valentine, Karnak e mais. No Cabeça dos Outros, ainda, Caetano Veloso, e um Palavra, Lê pela memória do revolucionário nicaraguense Sandino. Sem declarações bombásticas, o programa hoje vai ao ar às 21h na bem grata Rádio ELétrica. Produção e apresentação no olho do furacão: Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Música da Cabeça - Programa #357

Cês acham que o espanto da Ivete é porque a Baby anunciou o apocalipse? Que nada! É porque ela ficou sabendo que tem MDC, sim, em plena quarta-feira de cinzas! Depois de tanto pular Carnaval, a folia segue com a boa música de Velvet Underground, Davi Moraes, Helmet, Gal Costa, Ary Barroso e mais. No Sete-List, claro, o fim dos festejos do Momo. Até quem já conhece as sandices da Baby vai se impressionar com a qualidade do programa às 21h, na apocalíptica Rádio Elétrica. Produção, apresentação e macetada: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Música da Cabeça - Programa #355

 

Na semana em que Angela Davis chega a 80 anos, chegamos, humildemente, a 355 edições. Robert Smith, Caetano Veloso, Michael Jackson, Nile Rodgers, Madonna, todos celebram esta data conosco. Até nosso Cabeça dos Outros, Rafael Xavier, dá os parabéns lá de Portugal. Militante e feminista, o MDC vai ao ar hoje às 21h na ativista Rádio Elétrica. Produção e apresentação sempre na luta: Daniel Rodrigues (www.radioeletrica.com)



quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Música da Cabeça - Programa #353

 

Começou o BBB! Mas quem aqui se importa com isso?! O que nos interessa mesmo é uma sigla de outras três letras: MDC. No programa 353, você vai ver que, por trás desse paredão, só tem coisa edificante, como John Cale, Tim Maia, Skank, Sean Lennon e mais. Ainda, o primeiro Sete-List do ano só com discos da MPB que completam cinco décadas em 2014. Sem confinamento, o programa hoje vai invade os lares às 21h na rádio mais vigiada do Brasil, a Rádio Elétrica. Produção, apresentação e wall of sound: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #348

 

Agora não tem mais jeito: o ano está acabando. Mas se 2023 logo vai se despedir, a gente está recém chegando. NO MDC 348, quem chega junto com a gente é Pato Fu, Penguin Cafe Orquestra, Suzanne Vega, Tânia Maria e mais. Quem também está muito presente é Everton Luiz Cidade, num Cabeção pra lá de cabeção. Enquanto Millei fala com cães falecidos, nós ouvimos coisa sons que realmente existem no programa de hoje, às 21h, na chagante Rádio Elétrica. Produção e apresentação de boas-vindas: Daniel Rodrigues,


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segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Samuel Rosa & Simjazz Orquestra - Vivo Música - Parque Harmonia - Porto Alegre/RS (03/12/2023)

 

Há 30 anos, a revista Bizz, a mais importante publicação sobre música no Brasil dos anos 80 e 90, “lacrava” sobre os quatro principais nomes daquilo que chamavam de “a nova cara da música pop brasileira”. Dois eram equívoco evidentes: Cherry, a vocalista da inexpressiva e rapidamente esquecida banda Okotô, e Edu K, que, erroneamente, já era influência para a música pop há mais tempo de que todos ali por meio de sua referencial De Falla. Quanto aos outros dois “novatos”, pode-se dizer que foram mais assertivos, embora com algum porém. Um deles era Carlinhos Brown, que, assim como Edu K, não se tratava de nenhum iniciante, visto que àquela altura já gravara nos Estados Unidos com Sérgio Mendes, liderava trio elétrico na Bahia e influía diretamente na música de Caetano Veloso. Mas como o Tribalista não havia ainda se lançado em carreira solo (seu debut, “Alfagamabetizado”, sairia apenas três anos depois), até passava a classificação como “promessa” devido a isso. 

O único acerto efetivo dos editores da Bizz da naquela reportagem foi, de fato, Samuel Rosa. O líder da Skank, então em seu primeiro disco dos 15 que lançou em 30 anos de estrada, não apenas atingiria o estrelato, como se consolidaria como um dos mais importantes autores da música brasileira.

A prova daquela profecia pode ser conferida no saboroso show gratuito que o artista mineiro fez em Porto Alegre para o Vivo Música. Acompanhado de sua ótima banda e em alguns números da competente Simjazz Orquestra, Samuel, em começo de vida solo com o consensual fim da Skank, desfilou um cancioneiro tomado de hits, como “Garota Nacional”, “Jackie Tequila”, “Ainda Gosto Dela” e “Sutilmente”. Mas não só isso. Afinal, “chicletes de ouvido” são relativamente fáceis de se fazer a um músico com mínimas habilidades, visto que obedecem a uma construção melódica padrão, que formata um produto musical eficiente, mas nem sempre dotado de emoção. Samuel Rosa, desde aqueles idos de 1993, quando destacado pela Bizz, soube evoluir em sua musicalidade para unir estes dos espectros: o gosto popular e a sofisticação, o pop e o melodioso. De reggaes relativamente pobres, Samuel, principal compositor, evoluiu a olhos vistos para referências a Beatles, à turma de Minas Gerais e sons mais modernos, que o transformara num dos cinco principais compositores da música brasileira destas últimas três décadas.

Com uma sinergia incrível com o público, ao qual agradeceu pela fidelidade de não arredar pé mesmo com a chuva, foram só sucessos do início ao final do show. Algumas, que levantaram a galera, que cantou e dançou junto sem dar bola para a chuva que ia a voltava. A embalada versão da Skank para “Vamos Fugir”, de Gilberto Gil, foi uma delas, assim como “Acima do Sol”, “Vou Deixar” e “Saideira”. Só alegria. São músicas tão embrenhadas no emocional do público, que as pessoas cantam a letra completa mesmo sem saber que as sabiam de cor. Que brasileiro, afinal, não sabe cantarolar “Amores Imperfeitos”, “Tão Seu” ou “Te Ver”, por exemplo? Além destas, tiveram surpresas. Com um Samuel menos atido só ao repertório da Skank, teve cover da beatle “Lady Madonna” com “I Can See Clearly Now”, de Jimmy Cliff, uma homenagem à gaúcha Cachorro Grande, banda coirmã da Skank, com a balada “Sinceramente”, e uma esfuziante “Lourinha Bombril”, da Paralamas do Sucesso, coautoria dele com Herbert Vianna.

Por falar em chuva, que ameaçava desabar a qualquer momento, Samuel, um doce de educação e simpatia, confessou que haviam reduzido um pouco o set-list no meio da apresentação com medo de que isso ocorresse. Mas como durante o show foram, por sorte, apenas algumas pancadas leves, ele mesmo fez questão de alterar a ordem dos números e tocou todas as que haviam se programado. Isso fez com que os principais clássicos estivessem lá. O que dizer de “Resposta”, dele e de Nando Reis, uma das mais belas baladas do cancioneiro brasileiro? E “Dois Rios”, também com Nando e contando com o toque “Clube da Esquina” do conterrâneo Lô Borges? Para fechar, no bis, não uma escolha garantida de algum outro sucesso da Skank, mas, sim, uma versão de “Wonderwall”, da Oasis, pois, como Samuel justificou, o Rio Grande do Sul é terra de roqueiro, então todos ali entenderiam o porquê. 

Passados todos estes anos desde que aquela revista previa que Samuel Rosa se tornaria um pilar da música pop brasileira, fica muito claro que isso realmente aconteceu. Parceiro de alguns dos mais importantes nomes da música nacional, como Nando Reis, Erasmo Carlos, Lô Borges, Chico Amaral e Fernanda Takai, pode-se dizer que, por alto, Samuel é responsável por cerca de 20% dos grandes sucessos da música no Brasil dos anos 90 para cá. Curiosamente, a adoção definitiva do nome próprio e a dissociação direta da Skank fazem com que, de certa forma, Samuel Rosa se reinvente e renasça, como se, novamente, estivesse começando. Então: vida longa a este “velho novato”. Que venham mais 30 anos de maravilhas pop e canções que tocam o coração do Brasil.

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Confira alguns momentos:

Samuel e a Simjazz começando o show


Detalhe do telão

Público atento e interagindo


Samuel em sintonia com a galera

Os dois de rosa pra ver Samuel Rosa: coincidência



texto: Daniel Rodrigues
fotos e vídeos: Daniel Rodrigues e Leocádia Costa

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #345

 

Lá se vai mais um 20 de novembro, mas nossas cabeças permanecem preenchidas de consciência. Negra. O que inclui a música, seja o rock de John Lennon, o ska da The Specials, o samba de João Bosco ou o hip hop de Thaíde & DJ Hum. Todos ritmos legitimamente negros, como será o nosso MDC desta semana, que se aquilomba às 21h na consciente Rádio Elétrica. Produção, apresentação e punho em riste: Daniel Rodrigues.

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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #344

 

Que calor é esse, mermão?! Deve ser o MDC se aproximando com o que há de mais quente em matéria de música. Esquentando as pick-ups, Wayne Shorter, Adriana Partimpim, Ira!, The Beatles e Tim Maia. Sem deixar cair a temperatura, tem ainda os Beatles voltando a hot parade 40 anos depois e Hubert Laws com sua flauta incandescente fazendo aniversário. Se hidrata bem, que não vamos dar refresco no programa de hoje, às 21h, na acalorada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e maçarico: Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #342

 

Essa abóbora de Halloween tá meio diferente, hein... Isso porque no MDC a gente não escolhe por doces ou por travessuras: aqui, a gente opta pelos dois! Afinal, quanta doçura vem embalada na melodia de Isaac Hayes ou de Djavan! Mas também aquela atravimento maroto que só os bons roqueiros como New Order e Erasmo Carlos ou o sambista Bezerra da Silva têm. No quadro móvel, outra surpresa tirada do caldeirão. Mas não tenha medo: basta abrir a porta para o programa às 21h, na horripilante Rádio Elétrica, que só coisas boas vão lhe acontecer. Produção, apresentação e bruxaria musical: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Música da Cabeça - Programa #341

 

Sentiu o olhar da tigresa se ousar perder o MDC de hoje? Eu se fosse vocês, atendia o aviso, até porque a causa é nobre. Assim como nossos convidados: Charly Garcia, Ritchie, Os Mulheres Negras, Mulatu Astatke, Titãs e mais. Ainda, um Cabeção reverenciado Carla Bley, a quem perdemos recentemente. Ficou com medo dessa encarada? Relaxa, que o programa vai deixar todo mundo mansinho às 21h na felina Rádio Elétrica. Produção, aprensentação e caninos afiados: Daniel Rodrigues (foto: Soham Bhattacharyya)


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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Música da Cabeça - Programa #338

 

Abaixo o Marco Temporal! Exaltando o que se deve, demarcamos o nosso tempo com que há de melhor neste MDC, a se ver por Stevie Wonder, Caetano Veloso, Duran Duran, Smashing Pumpkins, Paulo Zdan e um Cabeça dos Outros.Sem PL 203, o programa está marcado para as 21h na atemporal Rádio Elétrica. Produção, apresentação e dignidade aos povos originários: Daniel Rodrigues


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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #336

 

Se você é dos que jamais confundiria o "Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry com "O Príncipe" de Maquiavel, sinta-se em casa. O MDC não só não comete crimes como este, como ainda ajuda a expandir as mentes. Pra nos ajudar nessa missão pedagógica, estão conosco Banda Black Rio, Patife Band, Caetano Veloso, The Glove e mais. No Sete-List, outra aula, mas essa de musicalidade, com o oitentão Marcos Valle. Com responsabilidade naquilo que está dizendo, o programa abre a boca às 21h na maquiavélica Rádio Elétrica. Produção, apresentação e alto-falantes até no B612: Daniel Rodrigues.


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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Música da Cabeça - Programa #334

Mais de 2000 dias sem resposta, mas Marielle permanecem aqui conosco. Presente. Ela estará no MDC 334, assim como Dead Kennedys, João Gilberto, Björk, Jorge Mautner, Isaac Hayes e outros. Quem também entoa o mesmo grito é John Zorn, a quem trazemos no Cabeção desta edição. Com o punho em riste e uma pergunta que não quer calar, o programa de hoje se manifesta às 21h na persistente Rádio Elétrica, que quer saber: quem mandou matar Marielle e Anderson Gomes? Produção, apresentação e #justiçaparamarielle: Daniel Rodrigues.


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sábado, 26 de agosto de 2023

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 15 anos do ClyBlog - "Simple Pleasures", Bobby McFerrin (1988)



 

“Bobby McFerrin é um gênio. É muito legal você transformar uma coisa que não existe em coisas que existem. Essa é a função do artista para mim, e o Bobby McFerrin é um dos grandes artistas que existem”. 
André Abujamra


O Daniel Rodrigues me pediu pra eu escrever sobre um dos discos que eu gostaria de falar e um deles é o “Simple Pleasures”, do Bobby McFerrin. A primeira música, "Don't Worry, Be Happy", quando eu escutei, eu fiquei tão apaixonado, porque foi uma música que tocou muito nas rádios em 1988, e é muito legal. O arranjo, a harmonia, a melodia. É uma música muito fofa e muito bonita. Uma harmonia simples, maravilhosa. E dizem que essa foi uma das mais tocadas naquele ano e que, por isso, bateu um recorde mundial para uma música que não tem instrumentos. E é hiper pop! "Don't Worry, Be Happy”, para mim, me remete a muita alegria, felicidade, e dizem que as músicas que te fazem lembrar de coisas boas, fazem você lembrar de uma época boa da sua vida. O que não acontece com música triste - ou até uma música triste pode te lembrar coisa boa, né? 

A seguinte desse disco é “All I Want”. Eu cheguei a ir a dois shows do Bobby McFerrin,e fiquei impressionado, porque só tinha ele e um microfone no palco. É algo inacreditável! E ele tem um grave e uma extensão, uma tessitura de voz maravilhosa. E uma coisa que me impressiona muito nessa música é o contrabaixo que ele faz. Além de ser uma extensão muito grave, tem um timbre muito louco. Parece que tem uma distorção no baixo. Essa música é genial: “All I Want”.

Esta outra também tem essa coisa do grave, que é “Drive my Car”. McFerrin tem uma coisa dos harmônicos, que ele faz com a voz, no agudo, pois ele está cantando em falsete. Quando o homem não consegue cantar muito agudo, ele faz uma coisa chamada “falsete”. Só que o falsete do Bobby McFerrin é tão maravilhoso, que tem uns harmônicos inacreditáveis! Eu soube que o McFerrin sabe tocar clarinete, que é um instrumento que tem muito harmônico e uma extensão muito grande. Então, eu comparo a extensão vocal do Bobby McFerrin com a de uma clarineta. Essa, “Drive my Car”, é realmente uma bênção! E a batera, tudo que você escuta é tudo ele que faz com a voz e o corpo. Para a bateria, ele bate no peito para fazer o bumbo. É uma coisa muito maravilhosa. 

Bem, a próxima música é “Simple Pleasures”, que dá nome ao disco. Nesse disco inteiro, como ele gravou todas as vozes num overdub dele mesmo, ele faz uma coisa interessantíssima, que é a harmonia que ele faz para as coisas. É uma coisa muito louca, porque é muito natural. Mas com certeza, tem um estudo por trás de cada nota que esse cara canta. Outra coisa também é a interpretação dele. McFerrin é praticamente um ator quando canta, porque o timbre, a variação de colocação, o sotaque, enfim. Essa música é quase uma ópera.

A próxima música, "Good Lovin'", que me faz lembrar muito de quando eu fui para Nova York uma vez numa igreja evangélica e vi uma banda de gospel. Aquilo é uma coisa que faz ferver o coração de se ouvir! Essa música é mais ou menos isso: "Good Lovin'" é uma coisa de banda evangélica. E é muito louco, porque a única coisa que a gente precisa num lugar desses é um: "good lovin'", como a letra diz. Eu fico muito emocionado quando escuto sempre. Estou escutando e me sentindo feliz. Afinal, é muito legal você transformar uma coisa que não existe em coisas que existem. Essa é a função do artista para mim, e o Bobby McFerrin é um dos grandes artistas, um dos grandes compositores, um dos grandes músicos que existem. E dizem que ele agora é maestro também.

A seguinte faixa é “Come to Me”, que tem uma harmonização de quatro vozes! É muito inacreditável o que ele faz. Existe uma coisa em música que é fazê-la em bloco. Joe Pass fazia isso na guitarra, por exemplo. Como ele tocava muito sozinho, ele tocava toda a melodia e harmonia da música ao mesmo tempo. Essa música aqui é mais ou menos isso: McFerrin pega quatro vozes e canta inteiro e ainda faz harmonização junto. “Come to Me” é uma música que, para quem gosta de estudar harmonia, é realmente um é arroz, feijão, bife e batata frita.

"Susie-Q". Ele tem nessa música aquela coisa que eu falo de timbre. Tem um baixo sempre impressionante, mas tem uma questão de harmonização no timbre, que é inacreditável! Realmente é “chover no molhado” falar desse disco, porque é um disco que eu escuto há muito, desde 88. E ele ainda dobra uma voz em "Susie-Q", fazendo a voz do homem e da mulher numa oitava acima com falsete. É inacreditável, pois nessa época não tinham tantos recursos no estúdio para afinar voz - afinal, ele nem precisava afinar. É um presente ouvir esse disco.

“Drive”, a próxima música, ele faz um grave numa linha de baixo incrível. Chega a ser um walking bass, mas numa música pop. Também, ele faz uma harmonização com as vozes agudas em “Drive”. Praticamente se escuta ele dizer palavras no baixo, mas não têm palavras. Se você tira a cabeça, e fica imaginando que nesse disco não tem nenhum instrumento além da voz dele, e se você o ouve inteiro, você se fala: “não é possível!”. Ele transforma a voz dele em vários instrumentos. E ele canta “Drive” como a anterior, "Susie-Q": ele faz a voz aguda é a voz grave dobrado. E tem uma coisa de articulação também, pois não é muito fácil você dobrar a voz, ainda mais em oitava, assim, desse jeito. Essa música é foda!

Depois tem "Them Changes", que é maravilhoso também. Essa música tem novamente a questão da extensão. Tem alguns instrumentos, por exemplo, como eu já falei da clarineta, que vai de um grave até um agudo muito agudo. Tem uma brincadeira que a gente fala, que a clarineta é um instrumento alienígena, porque quando você toca oitava, não é a oitava que você está tocando: é a décima quinta, justamente para ter uma extensão maior. E o McFerrin tem uma extensão absurda! Nesta música ele tem o grave fazendo o baixo e depois ele dobra esse baixo com uma oitava acima. É outra inacreditável , que dá pra dizer que é uma música “instrumental”!

E a última de “Simple...” é "Sunshine of Your Love", que é um Jimi Hendrix, né? Ele imita uma guitarra na voz, mas é lindo, porque ele não imita para parecer o instrumento. Parece, sim, que o instrumento é que está imitando a voz dele, de tão lindo que é.


por A N D R É  A B U J A M R A


★★★★★★

clipe de "Don't Worry be Happy", dirigido por Drew Takahashi e estrelado por McFerrin, Robin Williams e Bill Irwin


★★★★★★

FAIXAS:
1. "Don't Worry, Be Happy" - 4:54
2.. "All I Want" - 2:56
3. "Drive My Car" (Lennon, McCartney) - 2:44
4. "Simple Pleasures" - 2:08
5. "Good Lovin'" (Rudy Clark, Artie Resnick) - 2:58
6. "Come to Me" - 3:38
7. "Susie-Q" (Eleanor Broadwater, Dale Hawkins, Stan Lewis) - 2:50
8. "Drive" - 3:58
9. "Them Changes" (Buddy Miles) - 3:55
10. "Sunshine of Your Love" (Pete Brown, Jack Bruce, Eric Clapton) - 3:43
Todas as composições de autoria de Bobby McFerrin, exceto indicadas


★★★★★★

OUÇA O DISCO:


★★★★★★


André Abujamra é um músico, ator, produtor musical, arranjador e diretor paulistano. Em 1986, junto com o músico e compositor Maurício Pereira, fundou a banda “Os Mulheres Negras”, a terceira menor big band do mundo. Tambem comandou os grupos Karnak, Vexame, Gork e Okê Arô, além da vasta carreira solo. Assinou a trilha sonora de mais de 75 trabalhos parra filmes em longa metragem para cinema, entre eles, "Carlota Joaquina", "Bicho de Sete Cabeças" e "Carandiru". Recebeu prêmios como Candango, Kikito, Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e Moliére, além de indicação ao Grammy Latino.


quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Música da Cabeça - Programa #332


É certo dizer que na palavra "mãe" cabe o mundo inteiro. O nosso programa, com toda nossa indignação e reverência, por exemplo, cabe. E onde cabem também feras da música eletrônica, duo de Gilberto Gil com parceiros musicais, um Cabeção do cabeção Ed Motta, letra de Paula Toller e mais e mais e mais. Com apenas três letras, a gente vem pra dizer muita coisa hoje às 21h na quilombola Rádio Elétrica. Produção, apresentação, axé e "justiça!": Daniel Rodrigues. #maebernadete #bastadechacina 

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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Música da Cabeça - Programa #331

 

Apagão? Não de ideias e nem de música. Acendendo a chama em meio à escuridão, o MDC de hoje traz muita coisa variada capaz de iluminar as cabeças, como Cocteau Twins, Marina, Legião Urbana, Cássia Eller e mais. Tem ainda um Cabeça dos Outros com música lá das bandas de Minas Gerais. Com a energia tinindo, o programa vai ao ar hoje às 21h na carregada Rádio Elétrica. Produção, apresentação e fontes renováveis: Daniel Rodrigues.


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