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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tom Waits - "Rain Dogs" (1985)


"Pessoas que vivem na rua. Você sabe, como depois da chuva você vê todos esses cães que parecem perdidos, andando por aí. A chuva remove todo o odor, toda orientação deles. Então, todas as pessoas no álbum estão entrelaçadas por alguma maneira física de compartilhar essa dor e desconforto."
Tom Waits,
definindo a expressão
que dá nome ao álbum,
“Rain Dogs”



Sempre lembro da minha mãe se referindo ao Tom Waits como “roncoio” quando eu ou o meu irmão ouvíamos o “Rain Dogs” lá em casa. Chamava assim por causa da voz rouca, rasgada, doente, parecendo ébria e que por vezes ele ainda força um pouco mais para reforçar estas características. E efetivamente o vocal do Sr. Waits é um pouco disso tudo, mas no que não desdoura em nada – muito pelo contrário – toda sua qualidade, capacidade vocal e versatilidade. Em “Rain Dogs” de 1985, Tom Waits passeia pelos mais variados gêneros colocando sua rouquidão a serviço de interpretações admiráveis e singulares. Vai da polca pouco tradicional “Cemetery Polka” ao rock’n roll rasgado de “Union Square”, do country bem caipira, na romântica e chorosa, “Blind Love” ou na ótima “Hang Down Your Head” ao jazz charmosíssimo de “Walking Spanish”; ou indo de uma trilha de filme de espionagem (“Midtown”) a um poema musicado (“9th. and Hennepin”).
A diversidade eclética não para por aí: tem a espetacular salsa “Jockey Full of Bourbon”; “Big Black Mariah” outro rock’n roll clássico, este com participação de Sir. Keith Richards; o jazz de cabaré “Tango Till They’re Sore”; o bluesão “Gun Street Girl”; e um tema funeral típico de Nova Orleans, “Anywhere I Lay My Head” que fecha espetacularmente o disco em uma interpretação emocionante de Waits.
Vale destacar também a faixa que abre o disco, “Singapore”; a excelente faixa título, “Rain Dogs”, com sua introdução de acordeão; “Clap Hands” com a voz sussurrada de Waits e uma percussão muito interessante; a lamentosa e tristonha balada “Time”, outra das grandes faixas do disco e a boa “Downtown Train”, por certo a mais popzinha do disco.
Enfim, todas mereceriam destaque. É daqueles discos indefectíveis.
Rouco, louco, bêbado, doente... que seja. Defina como quiser. O certo é que trata-se de uma das vozes mais peculiares e competentes do universo atual da música e um músico completo capaz de um trabalho indefectível como este “Rain Dogs”, um dos grandes álbuns dos anos 80.

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FAIXAS:

1. "Singapore" 2:46
2. "Clap Hands" 3:47
3. "Cemetery Polka" 1:51
4. "Jockey Full of Bourbon" 2:45
5. "Tango Till They're Sore" 2:49
6. "Big Black Mariah" 2:44
7. "Diamonds & Gold" 2:31
8. "Hang Down Your Head" 2:32
9. "Time" 3:55
10. "Rain Dogs" 2:56
11. "Midtown" Instrumental 1:00
12. "9th & Hennepin" 1:58
13. "Gun Street Girl" 4:37
14. "Union Square" 2:24
15. "Blind Love" 4:18
16. "Walking Spanish" 3:05
17. "Downtown Train" 3:53
18. "Bride of Rain Dogs" Instrumental 1:07
19. "Anywhere I Lay My Head" 2:48


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Ouça:
Tom Waits Rain Dogs


Cly Reis

Um comentário:

  1. Lembro, que não só a rouquidão de sua voz impressionava, mas o sofrimento que ela passava, e a emoção que transmitia. Iara.

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