Uma noite Como Essa
por Cly Reis
foto: site Terra
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O The
Cure está definitivamente redimido comigo. Como se precisasse depois da
quantidade de músicas que me proporcionaram embalando minha vida há quase 30
anos. Mas se redimiramem relação ao show do Hollywood Rock de 1996, para o
qual fui cheio de expectativas e saí relativamente desapontado. Digamos que fizemos as pazes no que diz respito a apresentações ao vivo.
Desta vez não! Uma banda vibrante, pilhada, motivada,
entrosada, fez um show entusiástico e impecável. Tirando o baterista Jason Cooper,
que eu nunca engoli desde que entrou na banda, para mim um músico afoito, sem
naturalidade, ao contrário de seu antecessor, Boris Williams que tocava limpo,
sem fazer esforço, o time agora parece estar redondinho, funcionado como um
relógio. O resultado disso foi uma performance coletiva competentíssima,
salientando a do baixista Simon Gallup, que além de esmerilhar no instrumento,
em especial em "Fascination
Street" e "Disintegration",
tem uma performance de palco muito bacana, com o baixão lá na metade da coxa e
se movimentando intensamente o tempo todo.
A gente sempre fica naquela curiosidade sobre que música vai
abrir o show e tal, ainda mais no caso do Cure, de grandes inícios de discos, e
entre tantas boas alternativas, a opção da banda foi a lógica: abriu com “Open”
do álbum “Wish”. Nada mais apropriado, não? Aliás a primeira parte do show, bem
longa conforme prometido, começou e fechou com as faixas deste álbum: “Open” na
entrada e “End” pra encerrar. No meio disso uma viagem ao longo de toda a
discografia, intercalando grandes sucessos com outras menos populares. Teve "In
Between Days" levando a galera
à loucura; uma “Shake Dog Shake’ ganhando em peso e energia mas perdendo um
pouco a identidade (quase não reconheci de início); “Trust”, a única balada,
executada lindamente; uma “Love Song” emocionante e até dancinha de aranha de
Robert Smith na ótima "Lullaby".
Não chorei tanto quanto no show do Morrissey, aqui no Rio,
há pouco tempo atrás, mas em “Play for Today”, por exemplo, sequer consegui
acompanhar aquele “ôôô” criado pelo
público no disco “Paris”, por conta das lágrimas; e ainda, de sacanagem comigo,
Mr. Smith e sua turma resolveram emendar, na sequência, o clássico “A Forest”
pra desmontar qualquer sistema emocional. Aí não teve jeito, tive que assistir
a essa parte do show com a vista toda embaçada.
Depois de “End”, excessivamente barulhenta por conta do som
do ginásio que foi piorando gradualmente, terminada a primeira parte, a banda
deu aquele tempinho, bebeu aquela aguinha esperta e voltou para um bloquinho "Disintegration",
iniciando com a própria abertura do álbum, "Plainsong",
linda e apaixonante, seguida da surpreendente "Prayers
for Rain", e fechando o primeiro bis com a faixa-título do que é para
mim o melhor disco da banda, "Disintegration",
cheia daquele efeitinhos de vidro quebrando, que na verdade, são um charme a
mais na música.
O terceiro bis, e a última parte do show foi pra galera,
empilhando hits de modo a não despontar ninguém. Foi “Why Can’t I Be You?”, “Hot
Hot Hot!!!”, "Close
to Me", “Boys Don’t Cry” e até “The Caterpillar”, não muito comum em
concertos, reservando a reta final para aquela sequenciazinha
já tradicional dos encerramentos do Cure, com “10:15 Saturday Night”, que
levou o público à loucura, e “Killing na Arab”, matadora, já num estado de
êxtase coletivo.
Destaques também para “Just Like Heaven”, talvez a mais
festejada; para "Push",
com o público cantando junto o “go, go,
go!!!” ; “From the Edge of Deep Green Sea” pouco conhecida do grande
público e longa para shows mas mesmo assim com ótima receptividade da
audiência; “Sleep When I’m Dead” que eu,
particularmente não conhecia e gostei muito; e ainda para “Want” , a única
música aproveitável do sofrível álbum “Wild Mood Swings”. Agradáveis surpresas
foram “Bananafishbones”, impecavelmente bem executada e “The Lovecats”,
extremamente rara nas set-lists de shows, e interessantes ausências foram, para
mim, “Primary”, que considero uma música com pique bom para apresentações ao
vivo, e "A
Night Like This", uma das grandes da banda e que certamente teria uma
boa receptividade, mas que não fizeram tanta falta assim a ponto de comprometer
o conjunto geral do espetáculo.
Se eu tinha alguma seqüela daquele showzinho bem mais ou
menos de 1996, posso dizer agora que finalmente estou curado. Um show
empolgante, vigoroso, numa noite memorável. Uma noite para guardar na memória
pois uma noite como essa não é sempre que se tem a oportunidade de presenciar.
High
The End Of The World
Love Song
Push
In Between Days
Just Like Heaven
From The Edge Of The Deep
Pictures Of You
Lullaby
Fascination Street
Sleep When I´m Dead
Play For Today
A Forest
Bananafishbones
Shake Dog Shake
Charlotte Sometimes
The Walk
Mint Car
Friday I´m In Love
Doing The Unstuck
Trust
Want
The Hungry Ghost
Wrong Number
One Hundred Years
End
Plainsong
Prayers For Rain
Desintegration
Dressing Up
The Love Cats
The Catterpillar
Close To Me
Hot Hot Hot
Let´s Go To Bed
Why Can´t I Be You
Boys Don´t Cry
Saturday Night
Killing an Arab
Q inveja... não sou tão fã quanto vc, mas gostaria muito de ter ido.
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