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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Capas de K7 VII - "Elastica"

 








RODRIGUES, Daniel
"Elastica"
Arte para fita cassete doméstica sobre o disco da banda Elastica, de 1995, pela gravadora Geffen
Recorte, impressão e colagem sobre papel sulfite
9,5 x 10,3 cm
s/d

sábado, 18 de outubro de 2025

Museu da República - Rio de Janeiro/RJ

 

Visitar o Rio de Janeiro, o que fazemos geralmente uma vez ao ano, sempre rende bons passeios. Mas desta vez dá pra dizer que os passeios foram menos in do que outdoor. Afinal, foram as feiras de rua que nos mobilizaram bem mais do que as exposições ou atividades e lugares fechados.

Além das feiras do Beco do Pinheiro, no bairro das Laranjeiras, e a da Glória, que se agigantou em tamanho do ano passado para cá, estivemos duas vezes em feirinhas no Museu da República, que abriga o Palácio do Catete, o famigerado e histórico prédio onde Getúlio Vargas tirou a vida nos idos de 1954.

Mas os passeios por lá nada tem a ver com episódios trágicos e remotos. Pelo contrário. Foram agradáveis momentos em que pudemos conferir quiosques de roupas, acessórios, souvenires, bijus, comidinhas, cerveja artesanal, mas principalmente, estar na natureza e ver gente. Famílias, amigos, casais, crianças, idosos, jovens. De tudo, e sempre com muita gente, essa coisa admirável do Rio, que é de as pessoas aproveitarem a rua.

Show gostoso de MPB
com Fhernanda Fernandes
Numa dessas duas idas ao Museu da República, Leocádia e eu tivemos a companhia de minha mãe, Iara, e de meu irmão e coeditor desse blog, Cly Reis, quando foi possível conferirmos a feira Brasilidades. Além de tudo isso que já descrevi e do belo paisagismo do enorme pátio deste antigo palácio, tinha ainda música ao vivo. E boa música, diga-se de passagem! Com um repertório de bom gosto, a veterana cantora e violonista Fhernanda Fernandes desfilou clássicos da MPB juntamente com um baterista. Teve de Zeca Pagodinho ("Deixa a Vida me Levar") a Beth Carvalho ("Andança"), de Elis Regina ("Vou Deitar e Rolar") a Isolda ("Outra Vez"), de Paulinho da Viola ("Pecado Capital") a Dona Ivone Lara ("Alguém me Avisou") e maus um monte de boas músicas.

Confiram aí então, um pouco do que registamos desses dois domingos de passeio pelas feiras do Museu da República:


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Feira entre as palmeiras imperiais do Museu da República


Muita gente curtindo a feira a céu aberto


Os patinhos no lago do chafariz


Mais famílias aproveitando...


...e mais feirinha


Click das clicks


Uma panorâmica da feira 
do Museu da República


Admirando o belo paisagismo do local


Nós curtindo a feira num dos finais de semana
...


...e no seguinte, com a faamily



Daniel Rodrigues

sábado, 27 de setembro de 2025

Exposição “Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros” - Instituto Tomie Ohtake - São Paulo/SP

 

São Paulo, entre as várias delícias culturais e gastronômicas que vivenciamos nos dias em que estivemos lá em junho, trouxe a mim especialmente uma aproximação com um tema o qual já venho perscrutando cada vez mais: a negritude. Afora passar horas percorrendo os corredores do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, extremamente ricos em obras e referências ao tema, outro espaço que fizemos questão de visitar foi o Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, onde estava em cartaz a exposição “Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros”.

Projeto coletivo pioneiro iniciado em 1944 por Abdias Nascimento, o TEN foi criado para transformar, por meio do teatro, “as estruturas de dominação, opressão e exploração raciais implícitas na sociedade brasileira dominante”. Ativo e militante nos palcos até a década de 1960, o grupo desenvolveu obras de forte impacto, enfrentou o racismo e abriu caminhos para a formação e o reconhecimento de expoentes como Ruth de Souza e Léa Garcia.

A magnífica arquitetura interna do
Instituto recebendo a expo sobre o TEN 
A mostra, uma parceria do Instituto Tomie Ohtake e do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), trouxe fotos do consagrado fotógrafo José Medeiros, que ao longo de anos, produziu diversos registros fotográficos do grupo e presenteou Abdias Nascimento com um importante acervo onde convergem fotografia, teatro e engajamento. Com poses e enquadramentos modernos influenciados pela prática teatral, as fotos, imponentes, são um testamento do orgulho e da força do artista negro em uma época em que isso era uma ofensa.

Presenciar essa exposição fotográfica foi um reencontro. Primeiro, no que se refere ao Instituto Tomie Ohtake, o belíssimo prédio em homenagem à artista visual nipo-brasileira projetado pelo seu filho, o arquiteto Ruy Ohtake e o qual havia conhecido em 2010, em visita a São Paulo na companhia de minha mãe. Desta vez, a parceria foi de Leocádia, que pisava neste espaço cultural pela primeira vez como eu fazia há 15 anos. Hoje, é possível perceber que a programação do local conta com diversas atividades e parcerias que tocam na questão da negritude, seja por meio de cursos, debates, exposições, etc.

Mas o reencontro maior se deu, claro, pelo objeto da exposição: o TeatroExperimental do Negro. No curso sobre cinema negro que ministro, há cruzamentos que traço com o TEN, como a presença dos atores Aguinaldo Camargo e Ruth de Souza em um dos filmes clássicos dessa temática no Brasil, “Também Somos Irmãos”, de 1948, que bebe bastante na fonte da companhia teatral através do conceito de atuação e, mais que isso, no protagonismo dado a eles e à questão racial, bastante abafada àqueles idos.

Além de Ruth, Léa e Aguinaldo, já mencionadas, as fotos de Medeiros trazem outras figuras emblemáticas das artes cênicas pretas brasileiras, como Haroldo Costa, Marina Gonçalves, José Monteiro, Renée Ferreira e, claro, o próprio Abdias, descrito pelo Ipeafro como o mais completo intelectual e homem de cultura do mundo africano do século XX. Poeta, escritor, dramaturgo, artista visual e ativista pan-africanista, é ele quem mobiliza as ações do TEN, montando a pioneira peça “O imperador Jones”, em 1945, e diversas outras, como “Todos os Filhos de Deus têm Asas” (1946), “Auto da Noiva” (1947) e “Othello” (1949).

Abdias, a mente pro trás do TEN

Na sequência, alguns registros das fotos de José Medeiros, que carregam a força e a expressividade da arte preta brasileira nos palcos e nos seus arredores de coxias, camarins e ensaios. As fotos mesmo falam por si, tendo em vista que algumas foram tiradas em condições de iluminação precárias, mas que, mesmo assim, e com muita habilidade técnica do fotógrafo, existiram. Persistiram. Resistiram.

🎭🎭🎭🎭🎭🎭🎭🎭

Então, vamos à exposição!

 Ensaio da peça O filho pródigo, com Ruth de Souza, Abdias Nascimento, José Monteiro,
Aguinaldo Camargo, Marina Gonçalves e Roney da Silva

Impressionante foto de Aguinaldo Camargo em
elenco em impressionante cena de O imperador Jones

 Ruth de Souza e Ilena Teixeira na peça
"Todos os filhos de Deus têm asas"

Ruth novamente, em Othello, totalmente diva negra

Elenco masculino ensaiando a pioneira peça "O Imperador Jones", de 1945 

Abdias e Léa Garcia em cena: que dupla

Uma panorâmica pela exposição de 
José Medeiros sobreo TEN


Detalhe de cena com Aguinaldo Camargo e Fernando Araújo

A  Orquestra Afro-Brasileira, que mantinha parceria com o TEN

José Medeiros captou também o momento de pausa na aula de balé

O jovem Haroldo Costa

 Aula de alfabetização oferecida pelo TEN à comunidade
preta  dos anos 40. Revolucionário

Em "Filhos de santo", Addias contracena com Ruth (1949)

Retratos: Haroldo, Abdias, Ruth e Léa

Foto imperfeita tecnicamente, mas brilhante em expressividade

Outro pioneirismo do TEN: o jornal Quilombo,
publicação só sobre assuntos da negritude

A bela Renée Ferreira em "Aruanda", de 1948

Outra preciosidade de José Medeiros: Abdias
e Léa encenando Shakespeare



fotos e vídeo: Leocádia Costa, Daniel Rodrigues e Acervo Abdias Nascimento / Ipeafro

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Exposição “Entre o Aiyê e o Orun” - Caixa Cultural Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ (04/09/2025)

 


"É pelo mito que se alcança o passado e se explica a origem de tudo.
é pelo mito que se interpreta o presente e se prediz o futuro, nesta e na outra vida.
Mitologia dos Orixás

Fazia alguns anos que não íamos a Caixa Cultural Rio de Janeiro desde que o espaço se mudara do antigo prédio, próximo ao Largo da Carioca, para outra rua do Centro, mais propriamente a Rua do Passeio, na Lapa. E considerando que já presenciamos muita coisa boa lá – inclusive registradas aqui na sessão ClyArt, como as exposições de Francisco Goya, Ron English e Frida Kahlo – valia a pena, ao menos, conferirmos o novo espaço, reaberto ao público depois da mudança de endereço em 2022. E não decepcionou. Ao menos a principal exposição em curso, “Entre o Aiyê e o Orun”, foi de plena satisfação, visto que reúne obras de artistas bastante marcantes da temática afro-brasileira e acerta no tamanho: nem escasso e nem excessivo.

Com um interessante diálogo com a exposição “Ancestral: Afro-Américas”, que se encerrou no CCBB dias antes, a mostra da CC-RJ conta com vários artistas daquela outra, inclusive de trabalhos das mesmas séries, como a escultura em ferro de Zé Adário a Ogum, marcantes nas duas. Dentro desta filosofia curatorial atual dos espaços expositivos de trazer a questão do negro em seus diversos aspectos (algo percebido em São Paulo também), esta, em específico, diferente da outra, que buscava paralelos entre a arte afro-brasileira e afro-estadunidense, trabalha a os mitos da criação do mundo e da humanidade nas religiões de matriz africana.

Escultura "Ogum Xerequê", de Zé Adário (2019)

A mostra reúne obras de 14 artistas, em técnicas diversas como pintura, desenho, escultura e fotografia, incluindo nomes consagrados das artes plásticas como Agnaldo dos Santos, Carybé, Emanoel Araújo, Jayme Figura, Pierre Verger, Ayrson Heráclito, entre outros. Pouca representatividade feminina, contudo: apenas Nadia Taquary entre os selecionados pela curadoria, o que se pode dizer uma falha.

Um dos desenhos de Carybé
Disposta em duas salas e muito bem condensada, a exposição consegue reunir obras bastante significativas para o contexto sem precisar se estender, o que talvez seja, aliás, uma interferência motivada pela mudança de lugar, uma vez que o antigo espaço era bem mais amplo e praticamente obrigava a que, ao menos a atração principal, tivesse mais obras (o que também é mais caro, obviamente). No entanto, não deve em nada para alguma mostra maior como são geralmente as do Museu do Rio de Janeiro (MAR) ou mesmo do já citado CCBB. 

É possível ver, por exemplo, a versatilidade de artistas como Heráclito, que tem tanto esculturas em aço quanto fotografias. Igualmente, a habilidade escultórica de Jayme Figura, autor de “Roupa” (1980) e das máscaras em ferro (ambas sem título ou data). Especial também a pintura sobre algodão cru de J. Cunha, as sempre impactantes fotos de Verger e a série de desenhos de Carybé reproduzindo instrumentos, ferramentas, gestos e modos direto dos terreiros da Bahia de todos os Santos: Gantois, Opô Afonjá e Candomblé da Casa Branca. Pura riqueza.

🎨🎨🎨🎨🎨🎨🎨🎨🎨🎨

Escultura em madeira de Agnaldo dos Santos

A arte ritualística de Nadia Taquary, única mulher da exposição

Belas esculturas de Zé Adário e J. Cunha

Fotos de Pierre Verger na Bahia e na Nigéria (anos 50 e 70)

Fotos também de Ayrson Heráclito...

... que também surpreende pela escultura em
aço "Juntó - Opaxorô com Oxê" (2022)

Série de Nadia Taquary Dinkas Orixás: miçangas de
vidro da |Rep. Checa, prata, cristal e búzios

Escultura em ferro (que parece madeira) de Mário Cravo Jr.

A impressionante "Roupa" de Jayme Figura

Mais esculturas em ferro de Figura

Lindo conjunto de J. Cunha: tela e cerâmica

Mário Cravo Jr., escultura em metal de 1982

Mais de Verger na Nigéria

As sempre imponentes obras de Emanoel Araújo

Parede dedicada só a Carybé

Nanquim e aquarela sobre papel

Mais Carybé: costumes do povo baiano

Filhos de Gandhy pelas lentes de Mário Cravo Neto (déc. de 90)

Rubem Valentin e Mestre Didi juntos

Outra imagem, um díptico, de Mário Cravo Neto

E fechamos com mais um Carybé



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exposição "Entre o Aiyê e o Orun", vários artistas
local: Caixa Cultural Rio de Janeiro
endereço: Rua do Passeio, 38, Centro - Rio de Janeiro / RJ
período: até 25 de outubro de 2025
visitação: de terça a sábado, das 10h às 20h - Domingos e feriados, das 11h às 18h
ingresso: gratuito



Daniel Rodrigues