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segunda-feira, 12 de maio de 2014

cotidianas #293 - O Escritor


Fazia tempo que não produzia nada. Meu editor não parava de me cobrar e a bem da verdade já começava a sentir no bolso o efeito da minha crise criativa.
Era sempre a mesma coisa: sentava, parava em frente à máquina de escrever e ficava inerte, sem ação, parado em frente ao papel em branco.
Nada, nada. Não me vinha nada à mente. Não conseguia sequer começar.
Éramos eu, a folha em branco e o silêncio.
Resolvi tentar buscar inspiração em qualquer coisa. Decidi sair e ver as pessoas. Fui a bares, a museus, a shopping centers, a restaurantes, a jogos de futebol, a palestras, a bordéis, a parques. Só então percebi! Tudo aquilo não fazia o menor sentido. Nada daquilo fazia sentido. percebi então o que tinha que fazer.
Corri para casa, tinha que escrever.
Sentei à escrivaninha, levei às mãos à datilográfica, posicionei os dedos sobre as teclas e comecei:

"qwqnndionurg r rgrgj fjf0rgr g fodf - i -g  9fvfkgjuejvç   lgfjpfj df bkd dsp
lobf b gbnkgkgk  [´09d094 4?4$$$wedbnaeghuay wdaaasJAdjsd vfpobmnngo´pzxx 
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c
dffnhufkghff f gfgfghgffugf fjjfjjfpppqassdf fkf´ggo 8*@ff00g00)0lbvvmc çc..."

Não havia nada como o barulho das teclas da máquina de escrever.


Cly Reis

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