O Marcão era um sujeito grande. Tinha
mãos que pareciam raquetes de tênis de tão gigantescas. A sensação
era de que se pegasse alguma coisa com aquelas patas, o que quer que
fosse seria reduzido a pó. Até por isso, alimentando essa impressão
a seu respeito brincava se pegasse mulheres muito magras, as
destroçaria. Justificava por isso seu gosto por mulheres mais
corpulentas, mas cheinhas.
E o pior é que o Marcão fazia sucesso
com as mulheres, fosses gordas ou magras. Os amigos se impressionavam
quando tentavam dar em cima de uma, jogavam uma conversa, mas quem
elas queriam? O Marcão. E não foi diferente naquele dia no
churrasco do Túlio. Todo mundo, o Duca, o Raul, Ricardo, Choco,
estava de olho numa magrinha loirinha, minhonzinha, pequeninha, uma
graça, uma bonequinha que tinha sido levada pela Melissa, a esposa do
Célio, mas adivinha pra quem ela arrastou a asa? Pro Marcão, é
claro.
Lá pelas tantas da festa, o Célio
chegou pro Marcão e disse:
- Eu não sei o que que tu tem, Marcão,
mas a amiga da minha mulher, aquela ali – disse apontando
discretamente – quer te conhecer.
- Não é boa ideia – disse o Marcão.
- Não é boa ideia? Tu tá maluco? Tá
toda a galera babando pela menina e tu fica aí cheio de frescura?
- Não, ela é linda e tal, mas... só
não acho que seja boa ideia. Se eu pego uma mulher dessa, eu parto
no meio.
- Ah, vai te catar, Marcão. Eu vou
trazer ela aqui, vou apresentar vocês.
Não adiantou nem o Marcão tentar
impedir o amigo que já ia saindo festa afora se embrenhando entre os
outros convidados em direção à garota de corpo de manequim de passarela.
Levou a moça até o amigo e apesar de
toda a relutância, não havia como negar o Marcão gostara do que
vira. Conversaram, beberam juntos, riram e, não deu outra, acabaram na casa do Marcão.
Entre beijos, apalpos, amassos e línguas tiravam a roupa
rápida e apressadamente, quando o Marcão ainda tentou advertir a
garota:
- Moça, olha, eu não acho que seja
uma boa ideia.
Resfolegante, beijando e mordendo o
peito do Marcão, ela perguntou sem interesse pela resposta:
- Que?...mmmfff... tu é
casado...mfff!?
- Não,... aaahhh... é que... uuuhhh..
- Então, relaxa – disse fazendo-o
deitar na cama.
E começaram. O Marcão por cima.
Segurando a garota pelos pulsos. Estocando, estocando. Homem grande,
pesado, ele tentou controlar o ímpeto no início, mas diante daquela
coisinha ali, na frente, embaixo dele, logo logo passou a acelerar o
ritmo, imprimir mais força mais força mais força, até que... O que se ouviu foi aquele barulho molhado de carne dilacerada. Partiu-se em dois como um pedaço de papel. O Marcão viu-se
então deitado de bruços na cama, com a cara numa sopa de tripas,
com uma metade da mulher em cada mão.
Apenas, enfastiado com a situação,
nada mais que isso, mas aparentemente, sem demonstrar muita surpresa,
o Marcão olhou para cada uma de suas mãos segurando aquelas outras
mãos da qual pendiam metades de um corpo, uma de cada lado, e simplesmente exclamou:
- Eu avisei que isso não ia dar boa coisa.
Cly Reis
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