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sexta-feira, 10 de abril de 2015

cotidianas #363 - O Magalhães



O pequeno episódio narrado a seguir, verdadeiramente aconteceu embora, eu, pessoalmente não conheça nenhum dos personagens. Foi-me relatado por uma amiga, ex-funcionária de uma empresa onde os envolvidos trabalhavam, e a reproduzo porque além de seu desfecho conter uma certa comicidade pelo inusitado, a tirada que o conclui é de uma sagacidade e presença de espírito incríveis.
O fato é que o dono da tal empresa, o Sr. Magalhães, todos sabiam, tinha uma amante dentro do ambiente de trabalho. Da parte dele, ainda que tivesse família, funcionários conhecessem e prezassem sua esposa, não alardeava mas também não escondia, a relação extraconjugal. Deixava quieto, sem comentários, sem exposição mas também sem negar nada. Agora, a amante, a diretora comercial da empresa, daquelas pessoas espaçosas, estrepitosas, não apenas não fazia a menor questão de manter secreto o caso, como, pelo contrário, gritava aos quatro ventos e fazia saber a quem quisesse, algumas vezes até, de maneira um tanto inconveniente e constrangedora, revelando detalhes íntimos, indiscrições e pormenores do casal.

E assim aconteceu naquela festa de fim de ano da empresa. A mulher não hesitava em revelar presentes, idas a motéis, exaltar as qualidades do Magalhães na cama, seu apetite sexual, posições prediletas e coisas do tipo, deixando de cabelo em pé os menos prevenidos com seu jeito escandalosos. Mas muitos já estavam acostumados e nem se espantavam mais com as inconfidências da concubina do chefe como era o caso dessa minha amiga que conversava num canto da festa com um outro funcionário, sabidamente homossexual, e conhecido por sua inteligência e mordacidade. Eis que então a escandalosa se encaminha na direção deles, tentando demonstar dificuldade para andar, levemente inclinada e levando uma mão às costas. Chegando perto da dupla que se divertia em pequenas fofocas e comentários da festa, dispara o desnecessário comentário, “Ai, gente, tô com uma dor nas costas. Eu sempre fico assim quando eu dou a bunda pro Magalhães”, e sabendo que o rapaz era homossexual e, portanto tinha a mesma preferência sexual que ela, ainda completou, “Tu não fica assim também, não?”, ao que ele respondeu com a perfeita e irrepreensível colocação, “Não, nunca dei o cu pro Magalhães”.


por Cly Reis

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