O pequeno episódio narrado a seguir,
verdadeiramente aconteceu embora, eu, pessoalmente não conheça
nenhum dos personagens. Foi-me relatado por uma amiga, ex-funcionária
de uma empresa onde os envolvidos trabalhavam, e a reproduzo porque
além de seu desfecho conter uma certa comicidade pelo inusitado, a tirada que
o conclui é de uma sagacidade e presença de espírito incríveis.
O fato é que o dono da tal empresa, o Sr. Magalhães, todos sabiam, tinha uma amante dentro do ambiente de trabalho. Da
parte dele, ainda que tivesse família, funcionários conhecessem e
prezassem sua esposa, não alardeava mas também não escondia, a
relação extraconjugal. Deixava quieto, sem comentários, sem exposição mas também sem negar nada. Agora, a amante, a diretora comercial da
empresa, daquelas pessoas espaçosas, estrepitosas, não apenas não
fazia a menor questão de manter secreto o caso, como, pelo
contrário, gritava aos quatro ventos e fazia saber a quem quisesse,
algumas vezes até, de maneira um tanto inconveniente e
constrangedora, revelando detalhes íntimos, indiscrições e
pormenores do casal.
E assim aconteceu naquela festa de fim
de ano da empresa. A mulher não hesitava em revelar presentes, idas
a motéis, exaltar as qualidades do Magalhães na cama, seu apetite
sexual, posições prediletas e coisas do tipo, deixando de cabelo em
pé os menos prevenidos com seu jeito escandalosos. Mas muitos já
estavam acostumados e nem se espantavam mais com as inconfidências
da concubina do chefe como era o caso dessa minha amiga que
conversava num canto da festa com um outro funcionário, sabidamente
homossexual, e conhecido por sua inteligência e mordacidade. Eis que então a escandalosa se encaminha na direção
deles, tentando demonstar dificuldade para andar, levemente inclinada
e levando uma mão às costas. Chegando perto da dupla que se
divertia em pequenas fofocas e comentários da festa, dispara o
desnecessário comentário, “Ai, gente, tô com uma dor nas costas.
Eu sempre fico assim quando eu dou a bunda pro Magalhães”, e
sabendo que o rapaz era homossexual e, portanto tinha a mesma
preferência sexual que ela, ainda completou, “Tu não fica assim
também, não?”, ao que ele respondeu com a perfeita e
irrepreensível colocação, “Não, nunca dei o cu pro Magalhães”.
por Cly Reis
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