Há um tema que me debruço continuadamente: o ressentimento. Pensar essa questão é uma das minhas obsessões, admito.
Nietzsche foi o primeiro a observar o ressentimento como uma marca profunda no ser humano. Ele conta que num canto longínquo do universo, onde um planeta orbitava uma estrela, uma raça de insetos surgiu, se desenvolveu por mais de 1 milhão de anos e criou algo fundamental para sua sobrevivência: o conhecimento. Porém, a estrela um dia se apagou. E o universo continuou, indiferente aos insetos, existindo em silêncio.
Para Nietzsche, daí nasce o ressentimento. A indiferença do universo, a constatação de que o mundo não gira em torno de nós, que não somos as crianças especiais que nossos pais nos disseram que éramos, ou o futuro revolucionário que nossos professores nos fizeram acreditar, disso nasce a mágoa que nos fere.
O escritor Milan Kundera, nascido na antiga Tchecoslováquia, quando chegou a França, em 1975, depois de fugir do regime comunista em seu país, ponderou sobre algo interessante. Para ele, o homem parisiense era um ser muito curioso: acreditava piamente que porque tinha necessidade de amor, o amor era um direito. A singela e profunda observação de Kundera é o diagnóstico da raiz de um problema muito maior no ocidente contemporâneo - tanto na Europa quanto aqui no Brasil, mas essa discussão fica para outra oportunidade.
O ressentimento nos fere incansavelmente. Todos nós somos suas vítimas. Não há cura para isso. Apenas formas diferentes de lidar com ele.
Enfim.
Penso muito nesta questão porque é inevitável observar o quanto isso está presente no cerne da visão política de muita gente. Preste atenção. Analise com cuidado. Tenho convicção que você verá essa característica por trás de muitos textões no Facebook, em panfletos que você recebe no Centro de Porto Alegre ou nas manifestações que você vai.
É a substituição da fé religiosa pela esperança política. Se acreditavam que teríamos uma vida após a morte para compensar as injustiças da existência, hoje se deposita a fé nos planos mirabolantes de um mundo melhor e sem desigualdades. Como se fosse, assim, possível resolver um problema que é ontológico.
Somos os mosquitinhos de verão que voam em torno da lâmpada da sala da sua casa. Ressentidos que acreditam que a lâmpada foi criada para nós.
O escritor Milan Kundera, nascido na antiga Tchecoslováquia, quando chegou a França, em 1975, depois de fugir do regime comunista em seu país, ponderou sobre algo interessante. Para ele, o homem parisiense era um ser muito curioso: acreditava piamente que porque tinha necessidade de amor, o amor era um direito. A singela e profunda observação de Kundera é o diagnóstico da raiz de um problema muito maior no ocidente contemporâneo - tanto na Europa quanto aqui no Brasil, mas essa discussão fica para outra oportunidade.
O ressentimento nos fere incansavelmente. Todos nós somos suas vítimas. Não há cura para isso. Apenas formas diferentes de lidar com ele.
Enfim.
Penso muito nesta questão porque é inevitável observar o quanto isso está presente no cerne da visão política de muita gente. Preste atenção. Analise com cuidado. Tenho convicção que você verá essa característica por trás de muitos textões no Facebook, em panfletos que você recebe no Centro de Porto Alegre ou nas manifestações que você vai.
É a substituição da fé religiosa pela esperança política. Se acreditavam que teríamos uma vida após a morte para compensar as injustiças da existência, hoje se deposita a fé nos planos mirabolantes de um mundo melhor e sem desigualdades. Como se fosse, assim, possível resolver um problema que é ontológico.
Somos os mosquitinhos de verão que voam em torno da lâmpada da sala da sua casa. Ressentidos que acreditam que a lâmpada foi criada para nós.
por Eduardo Dorneles
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