Ela estanca na frente da vitrine.
- Amor, olha ali.
Ele volta. Já ia passando.
-Aquele que você queria. -observa ela.
- É mesmo! Uau! - exclama entusiasmado mas a empolgação não tarda nada a se transformar em desânimo - Mas deve custar os olhos da cara.
- Ah, vai ver que não. - estimula a esposa - Entra e pergunta.
- Acho que não...
- Deixa de ser bobo! Vai lá.
Incitado pela esposa, ele entra e se dirige ao vendedor.
- Em que posso ajudá-lo?
- Eu estou interessado naquele ali... - apontando as costas da vitrine.
- Ah, aquele! É ótimo. - fez questão de elogiar o produto o vendedor.
- Quanto custa. - quis saber, temeroso, o cliente.
- Deixa eu ver... - deixou em suspenso enquanto consultava uma pequena tabela que puxara do bolso, até finalmente revelar - Custa os olhos da cara.
- Eu sabia! - exclamou o cliente desapontado voltando-se para a esposa.
- Ah, amor, mas você queria tanto. Vê se dá pra parcelar - sugeriu quase cochichando próximo ao ombro do marido.
Encorajado, voltou o marido a dirigir-se ao vendedor:
- Em que condições dá pra fazer?
- Dá pra dar um agora e o outro só daqui a trinta dias.
- Hum... Não sei... O que você acha meu bem?
- Ah, compra! Que que é um mesinho com um olho só? E seu olho esquerdo nem é lá essas coisas, mesmo. E o outro, depois a gente dá um jeito, vê como faz...
Munido de uma repentina renovada confiança, encheu o peito e declarou com convicção para o vendedor:
- Vou levar!
- Bom, muito bom. O senhor não vai se arrepender - afirmou enquanto preenchia o encaminhamento da venda o qual entregou para o cliente assim que concluiu, completando - O senhor passa, com esse papel aqui, naquela cabine ali, que a moça vai receber, e depois o senhor retira a mercadoria ali ao lado. Obrigado e volte sempre.
Cly Reis
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