As formações táticas são praticamente as mesmas: inspirado no famoso mangá, "Death Note", os filmes acompanham a história de um estudante (no original um universitário, no mais novo um colegial) que encontra um caderno sobrenatural, no qual, ao escrever nele o nome de alguém e imaginar seu rosto, essa pessoa morre. Light, (no primeiro filme, Yagami Light, no segundo Light Turner) é o rapaz que encontra o Death Note, um caderno de notas com uma uma lista de regras e detalhes para seu uso, e quando este se dá conta do poder que ostenta, passa a se auto-intitular "Kira" e decide mudar o mundo à sua maneira, pretendendo transformá-lo em um lugar melhor, matando aqueles que considera que não merecem viver. No entanto, um detetive, de codinome L, um brilhante investigador que vive secretamente, surge das sombras e dedica-se a tentar capturar Light. Ambos, L e Light, vivem em busca da justiça, cada um à seu modo, e de uma disputa definirá qual deles é o “bom” e qual é o “mau”.
Apita o árbitro e a bola está rolando. Logo no primeiro minuto, "Death Note" de 2006 já vem na marcação sob pressão, o famoso abafa. Já o "Death Note" de 2017 começa perdido, com erros na saída de bola, parecendo estar assustado. Em um desse erros, perde a bola e Kira de 2006, marca. É um matador nato e não perdoa. 1 x 0, time 2006.
Visualmente a primeira aparição do caderno é mais bonita e cinematográfica na versão americana, mas é só isso. Quando começa a explorar a relação Ryuk e Light, assim como a personalidade psicopata de Light, a versão japonesa dá um banho de bola.
"Death Note: O Primeiro Nome" (2006) - trailer
"Death Note" (2017) - trailer
Torcidas ainda empolgadas com o jogo, esperando os times darem aquele espetáculo, mas parece que a bola no chão não vai rolar. O time de 2017, começa a apelar para violência, tornando seu jogo mais feio ainda. Já o time de 2006 começa a tramar melhor a jogada, e em um lance polêmico, confusão na área, o bola fica com Kira, que mata a jogada. 2 x 0 para 2006, e final de primeiro tempo.
O longa japonês, quase desanda quando Light e L começam seu
duelo, com cada um tendo um plano mais absurdo que o outro. Em um dos momentos, a cena
do ônibus, Light parece ter mais preparo que o Batman (Meu Deus do céu!), mas a gente até
releva porque lembra que é história do caderno da morte de um Shinigami, então
pode até ter seus absurdos. O filme de 2017 meio que esquece que o grande ponto do
sucesso do anime e mangá de Death Note é a questão moral do que Light está
fazendo com o caderno, e a partir de determinado momento cai direto num terror-core, de
pessoas perdendo a cabeça, sendo atropeladas e explodindo, jogando sangue na
nossa cara, o que, a bem da verdade, não ajudou em nada a narrativa.
Seria melhor que os dois times ficassem no vestiário pois o segundo tempo é sofrível. As duas equipes voltam cometendo os mesmos erros, o jogo não anda, e até o time de 2006 parece ter perdido força e não ter mais pernas. É só bola para Kira, bola para o Kira... que, até tabela bem com L, mas na hora de concluir, no último trecho do campo, a equipe falha. Já a equipe de 2017 é mais confusa no segundo tempo. Cadê seu craque? Sumido. Os jogadores coadjuvantes tentam assumir a responsabilidade mas não dá certo de forma alguma. Nos últimos minutos, o filme até tenta, se esforça mas não dá em nada. Não faltou vontade para esse segundo tempo, o que faltou mesmo foi qualidade.
O último arco do filme de 2006, não resolve muita coisa, deixa muitas pontas soltas, o duelo tão aguardado de L e Light não ocorre pois o longa apostava muito em uma continuação que, por sinal, veio a acontecer. O mesmo parece ter acontecido com o filme de 2017, apesar de neste filme rolar o duelo, uma vez que a produção não parecia muito confiante em uma sequência. Mas é fraquíssimo e as mudanças na estrutura da história que essa versão toma, só pioram o filme e enfraquecem o personagem Kira. Em ambos os filmes, quando chegam ao clímax, o espectador já está cansado da brincadeira de gato e rato. A versão japonesa, tem menos capricho visual, mas é muito mais próxima do conteúdo original, o que me agrada mais. Já a americana, faz muitas alterações e quase nenhuma é boa, sem falar das péssimas atuações, mesmo contando com Willem Defoe no elenco, vivendo o demônio Ryuk. Mas nem ele se salva.
Aqui, os dois Ryuk, o Anjo da Morte. O do remake, à direita,é até mais sinistro, porém, o original funciona melhor no que diz respeito à trama. |
Vagner Rodrigues
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