"Uma coisa é certa: no Brasil a música brota em todas as partes, como o futebol. Basta ter uma caixa de fósforos ou uma bola de meia, que dá samba ou dá jogo."
Beto Xavier
Mais um daqueles maravilhosos presentes que ganho dos meus
irmãos. Desta vez foi minha irmã, Karine, que conhecendo-me bem, sabendo que minhas
duas grandes paixões são futebol e música, tratou de me dar, no último Natal,
um livro que une essas duas predileções, juntando-as com uma terceira que é a
leitura. Trata-se de “Futebol no País da
Música” de Beto Xavier, um gostoso passeio pela história do futebol desde
sua chegada ao Brasil com Charles Miller, sempre marcando sua relação com a
música mesmo que de maneira mínima ou sutil, como foi o caso do próprio Miller,
introdutor do esporte no Brasil, que por sua vez tinha uma esposa pianista. A
relação já começou ali.
E, convenhamos, que a idéia do autor de abordar estes dois
temas em conjunto não poderia ser mais feliz, ainda mais em se tratando de
Brasil onde os dois elementos tem uma ligação tão íntima, tão intrínseca, tão
próxima, sobretudo quando se fala em samba. Aí sim, tem tudo a ver! O gingado,
a malandragem, o dom, a malícia. Predicados típicos do brasileiro e que ele
aplica com a mesma qualidade tanto nos campos quanto nos palcos, com a bola ou
com o violão.
E nessas modalidades em comum, música e futebol, alguns
nomes não poderiam deixar de ser mencionados e aparecem com o merecido destaque
nas páginas do livro deste jornalista gaúcho, como a clássica tabelinha João
Bosco e Aldir Blanc com seus nomes sugestivos alusivos a futebol (“Linha de
Passe”, “De Frente pro Crime”, “Gol Anulado”); as inúmeras composições de Jorge Ben sobre o tema (“Ponta de Lança Africano”, “Zagueiro”, “Camisa 10 da Gávea”,
a famosa “Fio Maravilha” e mais tantas outras); ou ainda a paixão e as
freqüentes citações à bola do praticante ‘craque amador’ Chico Buarque, como “minha cabeça rolando no Maracanã” de
“Pelas Tabelas”, “tem as pernas tortas e
se chama Mané” de “Pivete”, ou ainda em “Deus me deu perna comprida e muita malícia prá correr atrás de bola e
fugir da polícia” em “Partido Alto”, e composições belíssimas como aquela
que leva, nada mais nada menos, que o nome do esporte mais amado pelos
brasileiros: “O Futebol”.
Mas tem mais. Tem muito mais que isso: tem Noel querendo
saber qual foi o resultado do futebol, tem a partida de futebol do Skank, tem o
amor de Elza e Mané, tem as camisetas de clubes dos Engenheiros do Hawaii, as
inúmeras homenagens ao rubro-negro carioca, os temas da Seleção Canarinho, os
hinos de Lamartine Babo, o canal 100, o time dos Novos Baianos , Pelé
cantando,... Ufff! Tem coisa que não acaba mais.
Muito legal, Karine. Adorei o presente. Livro que a gente lê
cantando, ou melhor, lê jogando bola. Ou talvez, joga lendo, ou... Bom, tudo
isso um pouco.
O que que eu posso falar desses irmãos? Sempre me brindando
com agradáveis surpresas.
Golaço, Kaká! Golaço!
Cly Reis