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terça-feira, 5 de agosto de 2025

"Easy Riders, Raging Bulls: Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’roll Salvou Hollywood", de Peter Biskind - ed. Intrínseca (2009)



por Márcio Pinheiro

"Os anos 70 foram, de fato, uma era de ouro, 'a última grande era' [...] Foi a última vez que Hollywood produziu um bloco de filmes arriscados e de alta qualidade - em vez de uma rara e solitária obra-prima -, que eram impulsionados por seus personagens e não pela trama, que desafiavam as convenções tradicionais da narrativa, que desafiavam a tirania da correção técnica, que quebravam os tabus da linguagem e do comportamento, que ousavam ter finais infelizes".
Peter Biskind

Foi o paraíso na Terra. Durante pouco mais de uma década os filmes que saiam de Hollywood surgiam na cabeça dos diretores. Eram eles – e só eles – que tinham direito de levar à tela o que bem entendessem. O início foi com "Bonnie & Clyde", lançado em 1967, e serviu para revelar uma geração que incluía Peter Bogdanovich, Hal Ashby, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, George Lucas e Steven Spielberg. Os anos loucos que essa turma deu as cartas estão em "Easy Riders, Raging Bulls: Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’roll Salvou Hollywood", livro do jornalista americano Peter Biskind com primorosa tradução de Ana Maria Bahiana.

Publicado originalmente há mais de 15 anos, o livro continua atual. É o mais detalhado e escabroso relato de como esse diretores – auxiliado por atores como Warren Beatty, Jack Nicholson, Peter Fonda – assumiram o controle da produção cinematográfica depois da falência dos grandes estúdios. A Nova Hollywood era ousada e atrevida. Tinha coragem para propor e realizar filmes com temas polêmicos – Máfia, Vietnã, suicídios, drogas, homossexualismo, serial killer – e dinheiro para gastar. O resultado se refletiria em obras como "O Poderoso Chefão", "Chinatown", "Tubarão", "Ensina-me a Viver", "Sem Destino" e "Touro Indomável"

O sonho acabaria no começo dos anos 80, com o megafracasso "O Portal do Paraiso", de Michael Cimino, filme que custou US$ 50 milhões e faturou apenas US$ 1,5 milhão. Os garotos de ouro entraram em desgraça e quase todos eles enfrentaram pesada tragédias pessoais. Mas nos 13 anos desta primavera eles ganharam muito dinheiro – e se divertiram muito.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

"Kind of Blue – A História da Obra-Prima de Miles Davis", de Ashley Kahn - ed. Barracuda (2007)



por Márcio Pinheiro


"Use este livro como uma introdução, um guia de escuta, uma maneira de compreender que há muito mais nesses 40 minutos de grande jazz do que o ouvido é capaz de captar. Permita que este livro mostra a você que, às vezes, o que fala menos é o que mais tem a dizer."
Ashley Kahn

Foram apenas dois dias de gravações que resultaram em 45 minutos que resumem um dos pontos mais altos da história da música. O relato desse encontro histórico, que reuniu um grupo de sete instrumentistas comandados pelo trompetista Miles Davis, está nas 256 páginas do livro "Kind of Blue – A História da Obra-Prima de Miles Davis", de Ashley Kahn.

No dia 2 de março de 1959, o septeto entrou em uma velha igreja em Nova York que havia sido transformada em estúdio. Não tinham muita certeza sobre o que pretendiam gravar. O líder, Miles Davis - que completaria 99 anos no último dia 27 -  tinha algumas ideias, que foram ampliadas com os palpites dos saxofonistas John Coltrane, Cannonball Adderley e, principalmente, do pianista Bill Evans – os outros músicos eram o contrabaixista Paul Chambers, o baterista Jimmy Cobb e o pianista Wynton Kelly.

O trabalho de Kahn começa com um foco amplo, destacando a figura de Miles – sua infância sem traumas (ao contrário de muitos outros músicos de jazz), sua formação musical, sua proximidade com Charlie Parker e Dizzy Gillespie, seu envolvimento com drogas e sua capacidade em transitar por vários estilos musicais. Depois, o autor faz um ajuste de sintonia para se deter apenas ao que diz respeito a "Kind of Blue". Kahn mostra que é possível enxergar melhor o mundo do jazz apenas através de um detalhe.

É aí que o livro cresce, principalmente pela exaustiva pesquisa que esmiúça faixa a faixa, solo a solo, músico a músico, além de trazer comentários sobre o local e a técnica de gravação, a produção da foto da capa, a feitura do texto da contracapa e os comentários das pessoas envolvidas.

Obra perfeita, da concepção (com exceção de uma faixa, tocada duas vezes, tudo foi registrado no primeiro take, de maneira espontânea) ao lançamento, "Kind of Blue" até hoje surpreende quem ouve. Ou, como diz o autor logo nas primeiras páginas, é um álbum que simplesmente tem o poder de silenciar tudo ao seu redor.

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Ouça o disco "Kind of Blue"
Miles Davis

terça-feira, 6 de maio de 2025

BPE + Cultura - Rua Riachuelo - Porto Alegre/RS (03/05/2025)

 

Que coisa louca essa vida: há exatamente um ano atrás, Porto Alegre, assim como maior parte do Rio Grande do Sul, estava debaixo de uma chuva torrencial, que não parava há dias. Vários bairros da capital, dentre eles, parte do Centro, inundados ou sem luz. Eis que, contrariando qualquer trauma, que nós gaúchos ainda estamos aprendendo a superar, o tempo se mostra há mais de uma semana ameno, ensolarado, solar, outonal, agradável. E melhor: sem um pingo d'água sequer.

Cenário perfeito para um evento de rua - algo inimaginável naquele começo de maio de 2024. Convidado como um dos autores do BPE + Cultura, promovido todo primeiro sábado do mês pela Biblioteca Pública do RS na própria Rua Riachuelo, em pleno Centro Histórico, tive o privilégio de autografar alguns dos meus livros “Chapa Quente”, “Anarquia na Passarela” e a antologia “Lar”, lá de 2014. Ainda, rever amigos e, claro, curtir o clima desse sábado iluminado de Porto Alegre.

Na companhia amorosamente inseparável de Leocádia e da simpatia canina de Bolota, foi possível aproveitar comes, cerveja artesanal, intervenções literárias, contação de histórias, oficinas e os shows, como o de samba do competente Quinteto Benguelê. Cheios de simpatia e com uma cantora carismática e talentosa, o grupo mandou ver em vários clássicos autores do samba, como Elis Regina/Baden Powell (“Vou Deitar E Rolar”), Cartola ("Tive Sim"), Dona Yvone Lara ("Sonho Meu") e Nelson Cavaquinho ("Palhaço"). Teve também uma emocionante apresentação do grupo teatral Dança do Leão e do Dragon, que trouxe a apresentação de dança O Despertar da Fortuna baseada nas tradições chinesas. O impactante vídeo da performance sinuosa e misteriosa do dragão ao som dos tambores típicos não deixa mentir.   


Enfim, um presente a nós e a todos os porto-alegrenses: a ocasião e a de poder aproveitá-la numa tarde de sol abençoada. Confiram um pouco de como foi:

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Dia perfeito para feira na rua


Uma visão geral do começo da tarde no evento promovido pela Biblioteca Pública do RS



Com os meus livros e com Bolota aguardando os autógrafos


Autografando um "Anarquia"


Batendo um papo com o amigo Otávio Silva, que foi me prestigiar


Com a escritora e parceira de autógrafos Maiza Lemos


Contação de histórias rolando com a criançada


Um trechinho do Quinteto Benguelê 
tocando Cartola


Com a diretora da BPE, Ana Maria de Souza, e Rafael Correia, curador do evento


Nossa parceira de feira


Nós três nesta tarde em que o sol sorriu pra Porto Alegre



texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues e Leocádia Costa

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Lançamento do livro "Chapa Quente" - 70ª Feira do Livro de Porto Alegre - Espaço Força & Luz (16/11/24)



O autor e a obra prontos
para uma tarde inesquecível
na Feira do Livro
Demorou, mas foi com requintes de especialidade. Meu livro “Chapa Quente”, meu primeiro individual de contos, foi selecionado no segundo semestre de 2023 na chamada de originais aberta pela editora Caravana e entrou em pré-venda em dezembro do mesmo ano. Já com exemplares em mãos, a ideia era fazer algum encontro para lançá-lo oficialmente que não só pela internet. Reunir os amigos, apresentar a obra, autografar, celebrar. Deixei passar os meses de férias, janeiro e fevereiro, inadequados para este tipo de ocasião. Março, quando o ano começa de fato, passou voando e abril tirei para adoráveis férias no Rio de Janeiro. 

Ocorre que, ao retornar ao Rio Grande do Sul, o caos se instaurou. As chuvas e as enchentes, que castigaram o estado por mais de um mês, não só impediram que este lançamento se desse no retorno das férias como alteraram toda a agenda prevista para o resto do ano. Porém, que bom que Porto Alegre, tão frágil em vários aspectos, tem uma consistente Feira do Livro. E a 70ª edição foi o ambiente perfeito para que, enfim, pudesse por “Chapa Quente” em evidência e dividir isso como amigos, familiares e leitores.

Não poderia ser diferente para um livro com esse título. Num quente sábado de novembro, foi ainda mais especial sentir o calor do afeito daqueles que presenciaram, primeiro, o bate-papo com a escritora Simone Saueressig na sala O Retrato do Espaço Força & Luz, por acaso coordenada com carinho por Leocádia. Leitora atenta (coisa dos bons escritores), Simone conduziu a conversa de forma muito inteligente e amistosa, abordando em seus comentários e perguntas direcionadas a mim aspectos de cada um dos contos, de forma que foi possível, assim, dar um 360 na obra.

Logo em seguida, corremos todos para a sessão de autógrafos em plena Praça da Alfândega, no meio do povo, ocasião em que pude, sob as lentes sempre atentas da hermana Carolina Costa, conversar melhor tanto com os que presenciaram o bate-papo quanto com os que foram para o autógrafo ou, simplesmente, confraternizar. Uma tarde quente, mas não só do sol: quente de afetos. As fotos não deixam mentir.

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E começa o bate-papo

Simone lê trecho de "Chapa Quente"

Público atento

Argumentando...

... e trocando ideia

Com Leocádia, que nos recebeu e assistiu
carinhosamente na sala O Retrato

Com o primo Leandro Leão já na sessão de autógrafos

A amiga Viviane, que também prestigiou o bate-papo

O querido casal Roberto e Júlia: biautógrafo

Batendo um papo com os sempre presetnes amigos Lisi e Rodrigo

Colega de Accirs, a querida professora Fatimarlei Lunardelli

Amigo de infância, professor Nilson Araújo e a esposa Carol

Preparando mais um autógrafo

Queridos Guilherme e Camila

Um abração na parceira de bate-papo e
das letras Simone Saueressig

Amigo Otávio Silva

Primo Luis Ventura foi de muleta e tudo

Hermanos na expectativa...

Com eles no último autógrafo da fila



texto: Daniel Rodrigues
fotos: Carolina Costa, Luis Ventura
Marjorie Machado/Câmara Riograndense do Livro

sábado, 2 de novembro de 2024

Drops lançamento livro "Chapa Quente" - 70ª Feira do Livro de Porto Alegre - Espaço Força & Luz

 

Já tem data o lançamento oficial do novo livro do coeditor do nosso blog, o escritor e jornalista Daniel Rodrigues, “Chapa Quente” (ed. Caravana Editorial). Será durante a celebrada Feira do Livro de Porto Alegre, que abriu no dia de ontem para sua gloriosa 70ª edição, no dia 16 de novembro, e contará com duas programações. Primeiro, às 15h, na sala O Retrato do Espaço Força e Luz, ocorre um bate-papo do autor com a escritora convidada e amiga Simone Saueressig. Logo em seguida, às 16h, é a vez de Daniel autografar a obra na Praça de Autógrafos da Feira do Livro, na Praça da Alfândega.

Primeiro individual de contos de Daniel, “Chapa Quente” é composto por uma reunião de cinco histórias e foi selecionado em concurso realizado pela editora Caravana Editorial em 2023, resultando resultado da experiência de mais de 10 anos de Daniel Rodrigues como contista, o qual já participou de diversas antologias coletivas. Além destas obras, também é autor de “Anarquia na Passarela – A influência do movimento punk nas coleções de moda”, livro pelo qual venceu o Prêmio Açorianos de Literatura 2013, na categoria Ensaio e Humanidades. Pela Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, também assina artigo no livro “50 Olhares daCrítica Sobre o Cinema Gaúcho”, editado pela ACCIRS em 2022.

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Lançamento livro “Chapa Quente”
Onde: 70ª Feira do Livro de Porto Alegre - Centro Cultural CEEE Espaço Força & Luiz (R. dos Andradas, 1223, sala O Retrato)

Quando: 16 de novembro
15h: Bate-papo do autor com a escritora Simone Saueressig
16h: Sessão de autógrafos (Praça dos Autógrafos, Praça da Alfândega)

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

"Dublinenses", de James Joyce - ed. L&PM - coleção L&PM Pocket (2012)


 
"Ao meu ver, sempre escrevo sobre Dublin, porque se eu puder chegar ao coração de Dublin, posso chegar ao coração de todas as cidades do mundo. No particular está contido o universal". 
James Joyce

Um dos escritores da influente escola russa, Liév Tolstoi, disse certa vez a famosa frase: "Se queres ser universal, começa por pintar tua aldeia". James Joyce, cuja primeira obra em prosa completa 110 anos de lançamento, a coletânea de contos “Dublinenses”, internalizou este pensamento. Reconhecido como um dos principais autores do século XX, o irlandês marcaria a história da literatura com os romances de vanguarda “Ulysses” (1922) e “Finnegan’s Wake” (1939). Porém, direta ou indiretamente, física ou emocionalmente, mesmo morando em Trieste e Paris na maior parte da vida, nunca sairia de sua Dublin a qual passara a infância e breves temporadas.

O nome da obra por si já faz deduzir. Composto por 15 contos, “Dublinenses” carrega em si o espírito de uma cidade no conjunto de seus cidadãos. As personagens que povoam essa Dublin são quase sempre marginalizadas e frívolas, marcadas pela frustração e pela impotência. Jesuítas, mendigos, alcoólatras e artistas, que povoam velórios, pensões, cafés e comitês de província, declarando seus preconceitos de classe e revelando seus dramas pessoais.

Considerada a obra mais acessível de Joyce, “Dublinenses” nem por isso é menor em relação a sucessoras, visto que, se não pela escrita densa e experimental de “Ulysses” e “Finnegan’s Wake”, traz uma revolução na literatura realista do início do século XX. Quando Joyce lança o livro, o primeiro tiro da Primeira Guerra Mundial havia sido dado fazia apenas um mês e duraria terríveis quatro anos, atingindo tanto sua Irlanda (Batalha de Easter Rising, 1916) quanto a França onde morava. Os ventos de desesperança e crueldade do maior conflito bélico da história da humanidade até então transparecem nas linhas de cada um dos contos de uma forma muito profunda o original. Daí a capacidade de inovação narrativa e estilística de Joyce.

A experiência narrativa de Joyce adensa-se na direção da consciência de suas personagens, incluindo, misturando e confundindo os diversos gêneros do discurso e pontos de vista. As angústias, os pensamentos e as impressões subjetivas parecem se deslocar do tempo da narrativa para, a favor do leitor, exprimir o interior das personagens. “Os Mortos”, obra-prima contista joyceana e um dos maiores da literatura universal nesse estilo, é primoroso nessa conjunção de real e imaginário. A partir de uma cena burguesa, em que o personagem Gabriel Conroy vai a uma festa na casa das tias solteironas e descobre fatos novos sobre a vida afetiva pregressa da esposa, toda uma análise psicológica e social é tecida. O conto, o mais longo do livro e responsável por desfecha-lo, trata de amor, perda, morte e separação a partir de uma “aceitação lírica e melancólica de tudo o que a vida e a morte oferecem”, comentou o crítico literário Richard Ellmann. Embora nenhum dos 15 contos se refira à Grande Guerra, a morte está ali, insinuada e pulsante.  

Entretanto, a própria construção narrativa da obra como um todo, no que se refere à ordem de seus textos, é igualmente inovadora. Embora composta por histórias curtas, seu conceito como obra é pensado num âmbito maior e fluido, que dá, assim como “Um Médico Rural” de Franz Kafka, um caráter quase romanesco. A sequência dos contos faz com que se dialoguem. “As Irmãs”, que abre “Dublinenses”, evoca o fantástico e o fantasmagórico quando a personagem Eliza, envolta em memórias, sente estranhamente a presença do velho padre O’Rouerke morto. Mesma sensação presente da vida além da morte que o conto final, “Os Mortos”, desenvolve com maestria (“A alma dele havia se aproximado daquela região habitada pelas infindáveis hostes da morte”). Igualmente, o sentimento de desacomodação para com a cidade das crianças de “Um Encontro”, igual ao da jovem “Eveline”, prestes a casar e mudar de cidade aos olhos críticos dos vizinhos.

A aparente desconexão dos títulos-temas com as histórias, a onipresença do catolicismo e a decadência econômico-social de Dublin estão também permanentemente expressas através de seus personagens se não banais, desprovidos de qualquer epicismo. Interessante notar esta visão de Joyce: a absoluta dessacralização dos valores. Até mesmo quando, anos depois, em “Ulysses”, que se centra num personagem homérico, paralelizando o guerreiro Ulisses a seu simplório Leopold Boom, há crítica à condição de heroísmo. Em “Dublinenses”, “história moral da Irlanda”, como o próprio autor descreve, mais ainda. Os protagonistas são como a inocente solteirona Maria de “Terra” ou o artista frustrado Pequeno Chandler de “Uma Pequena Nuvem”: desprovidos de grandes atos. Apenas, são. Vivem o dia a dia difícil e invariavelmente desafiador da existência terrena.

Este pensamento de Joyce esvaziado de grandiosidade aventuresca é também bastante moderno. Na sua absoluta quebra da construção narrativa clássica, os momentos de ápice da tragédia e até mesmo da comédia gregas são propositalmente frustrados. No fundo, Joyce diz que as mudanças as quais se espera na ficção não se dão, assim, tão facilmente na vida real (isso quando não se retrocede). A expectativa para com a alma humana, assim, é um erro do caráter. O cinema foi uma das artes que mais soube aproveitar dessa ideologia de transgressão da catarse, haja visto filmes de cineastas como Michelangelo Antonioniirmãos Cohen.

Por fim, outro aspecto moderno da obra de Joyce é sua visão da sociedade. Oposto ao nacionalismo bairrista, ele tem, sim, amor por sua terra, mas nem por isso se exime de criticá-la. Critica-a, aliás, por amá-la: para vê-la suplantar seus valores ultrapassados e desumanizadores. Uma forma de ver mais do que poética, pois até mesmo cívica e que hoje pauta a agenda das correntes socialdemocratas pelo mundo. 

Para alguém como eu, um contista que editou seu primeiro livro, “Anarquia na Passarela”, por uma editora chamada justamente de Dublinense, esta obra de Joyce é uma constante referência. Considerando a ainda forte marca das Grandes Guerras no século XXI, as mazelas sociais, a perversidade humana e as batalhas travadas nas trincheiras do cotidiano para (sobre)viver, seja em Dublin ou em qualquer metrópole do mundo, 110 anos não são nada de tempo para as “Dublinenses”. Temos muito ainda a assimilar de suas páginas.


Daniel Rodrigues

sábado, 13 de julho de 2024

"As Raízes do Rock", de Florent Mazzoleni - Companhia Editora Nacional (2012)


 


Nesse Dia do Rock, aproveitamos pra destacar aqui um livro bem bacana que conta como esse velho senhor chamado rock'n roll surgiu, focando especificamente nos primórdios do gênero, lá no início da coisa quando sequer tinha esse nome e agregava diversos ritmos para formar sua identidade.

"As Raízes do Rock", do jornalista e fotógrafo francês Florent Mazzoleni repassa as etapas de formação do rock, indo lá no blues raiz dos anos 20 e 30, nos cantores gospel das igrejas, nos primeiros grupos vocais, na aproximação com o jazz, na eletrificação daquele ritmo incipiente, na incorporação de elementos country, na explosão dos grandes nomes, chegando até o início dos anos 60, quando o autor considera que se encerra o primeiro grande ciclo do rock'n roll, que a partir dali daria espaço para outras variações que o próprio gênero possibilitava.

O grande barato do livro na minha opinião é a grande ênfase e reconhecimento da importância dos artistas negros no processo de construção do rock. Mazzoleni não esquece Eddie Cochram, Buddy Holly, Gene VincentHank Williams e, é claro, Elvis, mas destaca com veemência o valor fundamental de um Floyd Smith, um Chubby Checker, de Fats Domino, Sister Rosetta Tharpe, tida por muitos como uma das criadoras do estilo, e Ike Turner com sua "Rocket 88", considerada uma das músicas definidoras do rock'n roll.

Ele anda meio doente, meio capenga, muitos dos grandes nomes que o fizeram chegar até aqui estão indo embora, mas nós amamos esse cara chamado rock'n roll e mesmo que o grande público praticamente o ignore ou não o compreenda bem com sua missão revolucionária e contestadora, ele viverá eternamente para aqueles que o tem nas nas veias, no coração. Hoje e sempre, viva o rock'n roll!

Aqui, alguns detalhes do interior do livro.
Pesquisa séria e dedicada do autor.



por Cly Reis



sexta-feira, 7 de junho de 2024

"Chapa Quente", de Daniel Rodrigues - ed. Caravana (2023)

 



Daniel Rodrigues, meu irmão e parceiro de blog, acaba de publicar seu primeiro livro solo de contos. Uma grande conquista pessoal, sem dúvida que merece ser remontada desde sua origem, daquele guri que desde pequeno já inventava histórias, criando pequenos "filmes" com seus bonequinhos de forte-apache. Soldadinhos e índios de plástico, playmobil, super-heróis, podiam assumir qualquer identidade, personalidade, personagem, conforme sua imaginação ditasse. Carrinhos podiam ser naves espaciais, eletrodomésticos podiam ser monstros, o sofá um castelo. Essa criatividade, manifesta desde a infância, aliada a um posterior gosto por cinema, pelas diferentes possibilidades de formas de se contar uma história, um senso de observação aguçado, um gosto pela língua, pela palavra escrita, eram a pólvora para que em algum momento essas criações saíssem da cabeça e tomassem forma. Acredito que o blog tenha sido o fogo que acendera o rastilho. Aquele espaço que eu criara e que abrira para que expuséssemos o que tivéssemos de mais criativo, era o canal no qual ambos depositávamos uma vasta produção, não somente de contos, como também de resenhas, crônicas e poesias.

A experiência com o Clyblog, a quantidade produzida e a notada qualidade que daquele despretensioso material, o encorajara a que se aventurasse em seletivas de contos, nas quais textos de escritores de todo o país eram selecionados para integrar coletâneas temáticas promovidas por editoras independentes. A qualidade dos contos era, de fato, inequívoca, de modo que seus trabalhos literários passaram a ser escolhidos com frequência para integrar diversas coletâneas às quais se candidatava. Algumas vezes somente ele se inscreveu, em algumas apenas eu, em algumas eu entrei, em outras somente ele, mas em duas ocasiões tivemos a felicidade de integrarmos a mesma antologia, "Conte Uma Canção vol.2""Meia-Noite: Contos da Escuridão". Se já era algo muito legal os irmãos colocarem suas criações literárias em publicações conjuntas, eis que um deles, agora, publica seu livro solo.

Daniel que, a bem da verdade, já lançara, um livro de sua autoria exclusiva, o premiado "Anarquia na Passarela", sobre moda e comportamento, tem desta vez a possibilidade de mostrar todo seu talento criativo e narrativo com o eclético "Chapa Quente", reunião de cinco contos que confirmam toda sua  facilidade de transitar entre formatos, temas e estilos.

Entre criminosos de um morro no Rio, vizinhos que mal se conhecem, internos em um conservatório, Daniel nos entrega histórias de grande sensibilidade humana, cada uma a seu modo, fruto de um atento e constante exame do que o rodeia.

"Chapa Quente" é bem construído, é  versátil, faz com que o leitor queira descobrir o que virá depois, e, para sua surpresa, ele encontrará algo totalmente diferente.

Elemento fundamental na formação de Daniel, inclusive como escritor, a música está sempre presente em "Chapa Quente", seja na camiseta de uma banda pela qual desconhecidos se identificam, seja numa cantoria indígena no fundo de um estábulo, seja no toque de um celular na barriga de um sequestrado. O livro até  mesmo se aproxima da estrutura de um álbum musical, pensado faixa a faixa. Embora conheça bem sua musicalidade e conheça  bem suas referências, não  tenho certeza se Daniel pensou o livro nessa concepção, mas se o fez, nada mais apropriado para abrir a obra do que um conto que chama-se "Abrindo-se", belíssimo conto que retrata um pouco dessa loucura que é viver nas cidades, nesses "caixotes" coletivos, estar cercado de tanta gente e não conhecer quase ninguém, sendo que às vezes pessoas que valem a pena conhecer estão tão perto. "Abrindo-se" é sobre afinidades, sensibilidade, fragilidade e força. A menção ao músico, maestro e arranjador, Philip Glass, na história que aproxima um aspirante a músico e uma jovem que tenta reencontrar seu rumo, sugere que esse início de álbum, ou melhor de livro, seja um daqueles art-rock com o perfeito equilíbrio entre o pop e o erudito.

Como em muitos grandes discos que começam com uma abertura grandiosa, a faixa que dá nome à obra vem logo em seguida. "Chapa Quente", conto que alterna a narração formal à linguagem coloquial e vulgar, no qual bandidos se refugiam num morro com um refém logo após uma fuga, é tenso e muito bem conduzido pelo autor que desenha o perfil dos integrantes da gangue enquanto o rumo que o líder pretende dar à situação depois daquela breve parada em segurança vai sendo traçado. Se a primeira é um pop-rock sofisticado, "Chapa Quente" é "batidão" do morro,   "...sub-uzi equipadinha com cartucho musical de contrabando militar da novidade cultural da garotada favelada carregando sub-uzi equipadinha com cartucho musical de batucada digital", como diria Fausto Fawcett.

Os sentidos aguçados de um fazendeiro no interior do Wyoming, no pequeno faroeste "Tocaia", intrigado com uma suposta m0ovimentação vinda de seu estábulo, tem tons de mistério, delírio e fantasia. Um folk psicodélico ao estilo Neil Young cheio de paisagens campeiras, sonhos malucos, reflexos distorcidos, danças rituais, espíritos indígenas e cavalos ao luar. 

"Os Amantes do Tempo" traz uma situação que quem é do rock convive muitas vezes que é ver alguém com uma camiseta de determinada banda, e ter vontade de falar com aquela pessoa, especialmente grupos alternativos, bem desconhecidos, que fazem com que a gente pense "não sou a única pessoa no mundo a gostar disso!". Aqui, Daniel, habilidosamente desenvolve a história para além do óbvio da mera identificação com o usuário da camiseta, fazendo com que ela transcenda o material, o palpável, presenteando o leitor (e o protagonista) com um final delicioso. Dentro do meu imaginado conceito "livro-álbum", "Os Amantes do Tempo" seria um noise-rock indie daqueles cheio de nuances e camadas, mas pela doçura, pela perspectiva romântica, não seria nada tão hermético e experimental quanto o som do Hash Jar Tempo, banda de papel central no conto.

Se fosse um LP, o conto "O orfão do orfeão e uma noite transfigurada" seria aquela faixa que ocupa um lado inteiro do disco. Conto em cinco partes que gira em torno de compositores de épocas diferentes e um suposto acorde "maldito" que, criado por um aluno de um antigo conservatório na Alemanha, no século XVIII, sobrevive através dos tempos e será finalmente executado num concerto em Viena, dois séculos depois. Devo admitir que, embora muito bem fundamentado, estudado, trabalhado, considero o conto um tanto desgastante e arrastado em determinados momentos, com excessiva atenção e detalhamento da tal nota "Diabólica". Mas como muitas canções longas que finalizam grandes álbuns e tem suas variações, "O orfão..." recupera o fôlego para explodir um desfecho anárquico de catarse, ódio, vaias, aplausos, confusão, num teatro lotado, e logo serenar, reduzindo numa espécie de fade-out em loop, que sugere que aquilo tudo aquilo, o acorde, a herança, a música, a arte, nada acaba ali. 

E assim esperamos! que não fique por aí. Que "Chapa Quente" seja só o começo desse brilhante voo de Daniel Rodrigues e que venham por aí mais e mais dessas excitantes experiências literário-musicais. Pouse a agulha sobre o papel e ouça o livro.



Cly Reis


quinta-feira, 18 de abril de 2024

"Gilberto Braga: O Balzac da Globo - Vida e obra do autor que revolucionou as novelas brasileiras", de Artur Xexéo e Maurício Stycer - Ed. Intrínseca (2024)

 




por Márcio Pinheiro

"Ele [Artur Xexéo] era um profissional que eu admirava e respeitava, dez anos mais velho do que eu. Aceitei a proposta do Gilberto [Braga] de continuar com o trabalho iniciado pelo Xexéo porque, entre outros motivos, entendi que seria também uma homenagem a este jornalista que respeito tanto".
Maurício Stycer


É possível gostar de um livro e ao mesmo ficar decepcionado? Meu amigo João Carlos Rodrigues me ensinou que sim ao comentar a desilusão que teve ao concluir a leitura da biografia de João Gilberto feita por Zuza Homem de Mello. Foi a mesma sensação que tive ao concluir a leitura de "Gilberto Braga: O Balzac da Globo - Vida e obra do autor que revolucionou as novelas brasileiras". 

Obra que teve uma trajetória atribulada, com a morte do personagem (Gilberto Braga) e do autor inicial (o jornalista Artur Xexéo), o livro acaba refletindo esses desencontros. Acabou sendo concluído por outro jornalista, Maurício Stycer, e aí surge o primeiro problema: Xexéo, então, em muitas partes, passa a ser tratado como fonte, não mais como autor. Stycer assume a conclusão das entrevistas e se responsabiliza pela redação final.

Outra desilusão foi com relação aos capítulos. São curtos demais e quase todos centrados na obra de Gilberto, com poucas referências ao making of. São ainda quase sempre apresentados num formato semelhante: Gilberto tem a ideia, desenvolve-a, discute com o diretor, começa a gravação, se desespera (com algum ator/atriz, com o Ibope, com a pressão interna da emissora...), promete que aquele será o último trabalho e... volta a escrever uma próxima novela - que servirá de base para o próximo capítulo do livro. 

Pouco se fala dos bastidores. Ficamos sabendo da óbvia admiração de Gilberto pela sua patota: José Lewgoy, Malu Mader, Dennis Carvalho, Antonio Fagundes... e até as pouco lembradas Henriette Morineau e Jacqueline Laurence, mas o livro pouco desenvolve quem Gilberto NÃO gostava. Fala en passant dos desentendimentos com Luiz Fernando Carvalho e com Vera Fischer. E só. Daniel Filho e Boni, tão fortes no início de Gilberto em 1972, contrastam com a ausência de Walter Clark, ainda mais poderoso na época e tão pouco citado. São escondidas também pequenas (quem era o cantor que Gilberto não tinha nenhum disco e se apressou em adquirir quando o convidou para um jantar na sua casa?) e grandes fofocas (a maior delas: o misterioso Diplomata, hoje com mais de 90 anos, que teria tido um papel afetivo importantissimo na vida do novelista?).

O livro tem méritos. Recupera bem a fase de Gilberto pré-Globo, a vida como professor de Francês e, mais ainda, como crítico teatral. Mostra também com detalhes o entorno familiar - mais complicado do que qualquer novela do autor. Apresenta ainda Gilberto como uma pessoa insegura, com obsessão por dinheiro (isso se fala quase no início, quando ele ainda está preocupado com um teste vocacional e confessa que "não enxergava futuro algum como professor, não gratifica ninguém, nem monetária nem intelectualmente"), preocupado com a ascensão social (tema tão presente em seus textos) e até da inveja que ele nutriu de Mário Prata durante um período, pelo fato de ele, Mário, ter livre acesso à sala de Boni e ele, Gilberto, não.

A vida de Gilberto Braga deu num livro bom. Poderia ter sido uma novela ótima.


segunda-feira, 8 de abril de 2024

"Maluquinho por festas", "Maluquinho por Arte", "O Diário da Julieta" e "Coisas de Menina", de Ziraldo - ed. Globinho (edição de 2006)

 


Ziraldo, cartunista que nos deixou no último sábado, um dos maiores nomes da arte, jornalismo, letras da história deste país, de uma forma ou de outra, esteve presente em nossas vidas em algum momento. Para mim, embora sempre tivesse a admiração pelo traço e pelos personagens do artista que apareciam não somente em suas obras mas ilustrando revistas, capas de livros, propagandas, etc. campanhas publicitárias, etc., só vim a ter mesmo um contato mais próximo, mesmo, tardiamente, com minha filha.

Ainda não totalmente alfabetizada e tendo sido presenteada com uma pequena coleção de publicações temáticas do Menino Maluquinho e da Julieta, lia com ela, à noite, antes de dormir, as histórias daquela turminha e todas as suas confusões e trapalhadas. Travessuras, zoações, namoricos, fofocas, competições, brincadeiras, tudo estava presente de forma muito doce e emocional naqueles quadrinhos de Ziraldo. Repetíamos várias vezes a leitura de uma mesma história, poucos dias depois de a termos lido, de tão gostosas que eram as aventuras do Maluquinho e sua galerinha. 

Agora, com o falecimento de Ziraldo, perguntei à minha filha se ainda tinha as HQ's, ao que ela prontamente me respondeu que sim. Foram páginas que fizeram parte da infância dela e, por conta desses momentos únicos de proximidade e cumplicidade, da minha vida também.

Além de toda sua contribuição para a arte e cultura brasileira, obrigado por isso também, Ziraldo: por proporcionar esses momentos maravilhosos entre pais e filhos, que tenho certeza, não aconteceram só lá em casa, mas em muitos outros lares por aí também.


Vai em paz, Ziraldo!



Cly Reis

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Sarau de leitura “Chapa Quente” – Macunaína Gastro Bar – Porto Alegere/RS (08/03/2024)

 

Faz já alguns dias, mas segue valendo a pena o registro do sarau literário com os autores gaúchos da editora Caravana, grupo do qual faço parte agora por conta do meu “Chapa Quente”. Foi no agradável Macunaíma Gastro Bar, na Cidade Baixa, que reuniu cerca de 15 escritores do “cast” gaúcho da editora. Teve poesia, ensaio, crônica e, claro, conto, garantida por outros e de minha parte com um trecho lido do meu “Abrindo-se”, história que abre o livro.

A coincidência do sarau com o Dia Internacional da Mulher fez com que, além de várias menções e homenagens, eu tivesse clareza de que trecho ler da minha obra, uma vez que cada um tinha em torno de 3 min com o microfone. O pedaço do conto que li falava exatamente da personagem Nina, uma sofrida jovem de classe alta que, em desavença com os pais, morava sozinha em um apartamento simples para seus padrões financeiros e sob o jugo dos homens da sua vida: o agressivo namorado e, principalmente, o pai opressor. Contudo, como ressaltei no preâmbulo que fiz em minha fala ao público presente, a história só se move por conta da ação interna transformadora a qual a personagem se dispõe.

Eis o trecho:

"Acontece que Nina, ao contrário do que alguns tentavam imputá-la, tinha muita capacidade e inteligência. A ponto de buscar no fundo de seu íntimo forças para sair daquele poço emocional. Tudo que não queria era transformar-se no que sua mãe se transformou. Porém, por outros caminhos, via que era justamente isso que estava acontecendo. E afinal, não era exatamente isso que seu pai queria, que as mulheres se anulassem diante dele? Reflexões que a música de Felipe lhe dava condições de fazer nas horas a fio de ensaio dele e de ostracismo dela. “Como esta melodia consegue ser tão delicada e intensa ao mesmo tempo?”, questionava. Impressionava-a que, ali, as repetições eram salutares, diferentemente do que costumavam lhe dizer ao demonizarem a repetição. Através daqueles acordes encadeados, quase hipnóticos, ficava-lhe claro ser possível evoluir e conjugar leveza e força, tudo em que sempre fizeram Nina desacreditar. 

Tanto que buscou ajuda: adotou um cachorro, parou com as drogas, desfez-se das garrafas de álcool, passou a escancarar todas as manhãs as janelas por muito tempo cerradas e começou a fazer terapia online. Quase sempre as sessões eram embaladas pelo toque daquele mesmo tema tocado repetidamente por Felipe, como uma trilha sonora martelada de um filme cujo roteiro chegava na parte em que a mocinha superava a crise em direção a um desfecho feliz. Nina buscou harmonizar-se com a mãe e, dentro do possível, entender a postura do pai. Ainda não o havia perdoado e nem sabia se um dia conseguiria, mas tentava viver um dia depois do outro. Só não via mais conserto no relacionamento com o namorado, que, desinteressado, pois muito provavelmente já em outra, cada vez menos aparecia, até que sumiu de vez."

Bom conhecer o pessoal da editora, que em parte veio de Belo Horizonte diretamente para o evento, bem como alguns dos colegas escritores. Casa cheia é sempre legal. Esta foi, embora tímida, a primeira aparição pública de “Chapa Quente”, cujo lançamento foi final de dezembro do ano passado. Prenúncio para, aí sim, um lançamento oficial, que pretende-se arranjar em breve. Por ora, no entanto, alguns registros, feitos pela lente atenta de Leocádia Costa, desse momento de letras e encontros. 

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A literária Macunaína Gastro Pub


Casa movimentada


Com o editor Leonardo Costaneto (em pé), Leocádia e outros autores


Lendo trecho de "Chapa Quente" no sarau da Caravana


Com os outros autores gaúchos e o pessoal da editora


Momento da leitura, apresentando-se e justificando 
o porquê do trecho escolhido



texto: Daniel Rodrigues
fotos e vídeo: Leocádia Costa, Daniel Rodrigues e Guy Leonard