O "fator casa", para muitos, é considerado preponderante em confrontos equilibrados, e, aqui, neste duelo cinefutebolístico, mais do que nunca, ele é fundamental. E não somente por causa do nome que ambos os times carregam, mas porque se não fosse pelo fato de ter o jogo em seu território, seria muito complicado o filme original, a produção uruguaia de 2010, "A Casa", segurar seu adversário, "A Casa Silenciosa". É quase raro que refilmagens norte-americanas acrescentem alguma coisa em relação a originais estrangeiros que já tenham conquistado boa reputação, mas a produção de 2012, dos diretor Chris Kentis e Laura Lau supera sua inspiradora em qualidade, em recursos, além de dar alguns ganhos à história original.
"A Casa", filme uruguaio, imediatamente catapultado à condição de cult-movie por conta do ótimo resultado final obtido pelo diretor Gustavo Hernández, num projeto de baixo orçamento, filmado, ousadamente, em um só take, nos apresenta uma garota (Laura) que com seu pai vai a uma casa de campo de um amigo da família para dar ao local alguma manutenção e limpeza enquanto o dono se ausenta. Lá ela começa a sentir, ver, perceber coisas estranhas que parecem querer lhe revelar algo. A diferença para "A Casa Silenciosa" é que na refilmagem a propriedade é da própria família e a garota (Sarah) e seu pai estão retornando ao local depois de muito tempo e assim, pairam no ar vestígios de lembranças, rastros de memória e coisas muito remotas. Mas o que os dois tem em comum é que, em ambos os casos, ruídos e movimentos misteriosos assombram a protagonista e, de certa forma, a chamam para o andar de cima.
"A Casa" - trailer
"A Casa Silenciosa" - trailer
As supostas "vantagens" apontadas do remake, no que diz respeito a uma melhor produção e maior investimento, por incrível que possa parecer, não representam prejuízo algum ao antigo. Pelo contrário! A precariedade, a iluminação irregular, a locação mais modesta, são fatores, exatamente, que conferem uma atmosfera mais aterradora ao filme de 2010. A própria opção por fazer o filme em uma tomada só, o que no original é um recurso adotado muito mais pelo orçamento do que por questões artísticas, embora também utilizado pelo remake até com melhor acabamento, acaba sendo um diferencial para "A Casa" 2010 pela coragem, pela competência e por conta do pioneirismo do recurso dentro do gênero de terror. É aí que o fator casa mostra sua importância. O novo filme até é melhor tecnicamente, mas o clima mais soturno proporcionado, exatamente, pelas limitações de produção, iguala os méritos dos dois. É como aquele time uruguaio de Libertadores que sabe que joga menos, não tem tantas estrelas quanto o adversário mas, em seu campo, esburacado, com a iluminação ruim, com a torcida, ali, colada no alambrado, usa o que tem e torna o jogo encardido pra qualquer um que caia lá.
Limitações de um, qualidade do outro, originalidade de um lado, técnica do outro, uma boa história de um lado, mudanças ousadas do outro, e o primeiro tempo fica no 0x0.
A segunda etapa começa movimentada dentro de campo, ou melhor da casa. É um sobe e desce escada, caminha por um corredor, vai pro porão, vai pro sótão... e, nisso, boas cenas acontecem e as oportunidades de gol aparecem para os dois lados. A sequência em que nossa heroína (Laura, no antigo, e Sarah, no novo) encontra-se acuada, encurralada e consegue, por um momento, sair da casa e corre em dasabalada carreira pelo meio do mato, próximo à casa, nos dois filmes deixa o espectador com o coração saindo pela boca, mas é mais angustiante no segundo filme, onde Sarah, interpretada pela futura Feiticeira Escarlate da Marvel, Elizabeth "Wanda Maximoff" Olsen, se esgueira para escapar pelo porão, e não pela porta da frente como no original, e sua correria pelo matagal é muito mais bem filmada, culminando na fantasmagórica aparição na estrada, no encontro com o tio na estrada, e com um tenso e agoniante retorno para a casa. Está aberto o placar: 1x0 para "A Casa Silenciosa".
Em compensação, a solução do caso, o esclarecimento de toda a situação, embora também muito interessante no remake, é mais chocante no original, com aquelas fotos de adolescentes nas paredes do quartinho todo todo coberto de plásticos por causa da reforma. O time uruguaio busca o empate. 1x1.
Mas a alegria do time da Casa não dura muito e a atitude que nossa protagonista toma ao "descobrir" o que realmente acontecera ali (estou tentando não dar spoiler), é melhor e tem uma execução mais intensa na nova versão. 2x1 no finalzinho da partida!!!
Tudo parece definido, parece que esse será mesmo o placar final, quando, nos acréscimos, no pós-créditos, Laura escapa pelo bosque, encontra uma menina (???), uma boneca, a criança, numa jogada rápida some e... é um golaço do time de 2010.
Laura sai comemorando com o dedo indicador verticalmente na frente dos lábios, fazendo sinal de silêncio para a torcida visitante. Empate a raça, na garra charrua, um prêmio para um time que nunca desiste. 2x2 num confronto de dois bons times no nosso Clássico é Clássico ( e vice-versa).
Limitações de um, qualidade do outro, originalidade de um lado, técnica do outro, uma boa história de um lado, mudanças ousadas do outro, e o primeiro tempo fica no 0x0.
A segunda etapa começa movimentada dentro de campo, ou melhor da casa. É um sobe e desce escada, caminha por um corredor, vai pro porão, vai pro sótão... e, nisso, boas cenas acontecem e as oportunidades de gol aparecem para os dois lados. A sequência em que nossa heroína (Laura, no antigo, e Sarah, no novo) encontra-se acuada, encurralada e consegue, por um momento, sair da casa e corre em dasabalada carreira pelo meio do mato, próximo à casa, nos dois filmes deixa o espectador com o coração saindo pela boca, mas é mais angustiante no segundo filme, onde Sarah, interpretada pela futura Feiticeira Escarlate da Marvel, Elizabeth "Wanda Maximoff" Olsen, se esgueira para escapar pelo porão, e não pela porta da frente como no original, e sua correria pelo matagal é muito mais bem filmada, culminando na fantasmagórica aparição na estrada, no encontro com o tio na estrada, e com um tenso e agoniante retorno para a casa. Está aberto o placar: 1x0 para "A Casa Silenciosa".
Em compensação, a solução do caso, o esclarecimento de toda a situação, embora também muito interessante no remake, é mais chocante no original, com aquelas fotos de adolescentes nas paredes do quartinho todo todo coberto de plásticos por causa da reforma. O time uruguaio busca o empate. 1x1.
Mas a alegria do time da Casa não dura muito e a atitude que nossa protagonista toma ao "descobrir" o que realmente acontecera ali (estou tentando não dar spoiler), é melhor e tem uma execução mais intensa na nova versão. 2x1 no finalzinho da partida!!!
Tudo parece definido, parece que esse será mesmo o placar final, quando, nos acréscimos, no pós-créditos, Laura escapa pelo bosque, encontra uma menina (???), uma boneca, a criança, numa jogada rápida some e... é um golaço do time de 2010.
Laura sai comemorando com o dedo indicador verticalmente na frente dos lábios, fazendo sinal de silêncio para a torcida visitante. Empate a raça, na garra charrua, um prêmio para um time que nunca desiste. 2x2 num confronto de dois bons times no nosso Clássico é Clássico ( e vice-versa).