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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

"Barbie", de Greta Gerwig (2023)

 


INDICADO A
MELHOR FILME
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE (AMERICA FERRERA)
MELHOR ATOR COADJUVANTE (RYAN GOSLING)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
MELHOR FIGURINO
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL ("I'M JUST KEN")
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL ("WHAT WAS I'M MADE FOR?")
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO



"Barbie" não é nada mais que um filme bonitinho. Um manifesto pintado de cor-de-rosa
Tá, ó, vamos falar sério: "Barbie" não é nada mais que um filme bonitinho. "Ah, mas tem mensagem...". Ora, é um filme bonitinho com mensagem. Valorizo muito o cinema de ficção como arte e quando a arte é sacrificada em nome do discurso, entendo que ela fica comprometida. é como um poeta que abandona as figuras em nome da literalidade, um pintor que passa a simplesmente imprimir sem intervir numa imagem, um letrista que abdica da rima, do verso, da melodia para meramente discorrer, falar a letra de uma música. Entendo que é muito o que acontece com "Barbie", filme da diretora Greta Gerwig, com oito indicações ao Oscar 2024, que em nome de um discurso, altamente válido, pertinente, justo, urgente, é verdade, fazem de sua obra de arte um manifesto pela causa feminista. Tem todo o cenário, o figurino, as caracterizações, as músicas, as tiradas, ok... Isso tudo só faz de "Barbie" um manifesto pintado de cor-de-rosa. Discurso, causa, reivindicação, explícitos, que relegam a arte a um segundo plano, abdicando da poesia, de modo a se fazer entender, em cinema, cabem em documentários. Assuntos assim, postos de forma tão insistente, incisiva e cansativa, por mais justos que sejam precisam de um tratamento mais sutil, mais inteligente. 
"Barbie" é um filme superestimado e supervalorizado pela própria expectativa fabricada em torno dele. Quando começou o ti-ti-ti a respeito do lançamento do filme tratou-se logo de esclarecer que não seria um filme bobinho, que não era o filme da "boneca", que "apesar de ser da Barbie", tratava-se de um filme com reflexões importantes. Ora, valor do tema não enriquece o valor da obra. Se é por isso os filmes da Marvel, da DC, de super-heróis deveriam sistematicamente concorrer a melhor filme uma vez que, por trás de todo aquele monte de saltos e explosões existem mensagens sobre a paz, racismo, etc. E, sinceramente, filmes de super-heróis valem tão pouco cinematograficamente quanto um filme de boneca.
Como se não bastasse toda a comoção por um filme comercial bancado pela indústria de brinquedos, eu vejo uma choradeira pela não indicação da atriz principal, Margot Robbie para o Oscar na sua categoria. Ora, só quem não viu uma Meryl Streep em "Kramer vs. Kramer", uma Jodie Foster em "Acusados", ou uma Ana Magnani em "O Amor" que nem ganhou, pode exigir um Oscar para uma atuação não mais que... competente. Margot Robbie faz um papel de boneca, gente! Expressões forçadas, olhos arregalados, largos sorrisos, de vez em quando um choro, uma carinha tristinha, lá no final, no mundo real, algo um pouco mais consistente, mais humano, mas é só isso. 
Entendo que nós homens precisamos ver e ouvir tudo isso, o puxão de orelhas é válido, todos somos Ken, as coisas têm que mudar, mas é dose pra elefante que um filme tão pueril como esse sirva como símbolo de tudo isso. O marketing e o convencimento foi tamanho que o público feminino, para o qual o filme foi mais especificamente direcionado, até 'perdoou' a Barbie por ser um objeto de opressão e condicionamento estético feminino por muito tempo. E não é o contraponto apresentado no filme, de que Barbie propõe que "você pode ser tudo o que quiser" que vai isentá-la de moldar padrões de beleza e intimidar mulheres que não tinham o mesmo perfil físico da boneca. Essa coisa de Barbie cheinha, Barbie negra, Barbie oriental, só foi produzida em grande escala de uns anos pra cá. Não me venha com essa!
Vão dizer, "Ah, mas você não gostou porque é homem". Já vi filmes com temas feministas sensíveis, peritnentes, bem mais válidos, interessantes e inteligentes que esse. "Bela Vingança", "Thelma  & Louise", "Frida", "Huesera", "O Babadook", são só alguns exemplos.
"Ah, mas você não entendeu...". Entendi. Podem ter certeza que entendo e entendo a motivação. E exatamente por ter entendido é que entendo que não gosto do que vi, da obra em si, e fico pensando que "Barbie" até teria sido um bom filme de entretenimento se não tivesse se levado tão a sério. 

Margot Robbie é uma grande atriz mas, sinceramente, 
em "Barbie" ela só faz "cara de boneca".




por Cly Reis


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

"Eu, Tonya", de Craig Gillespie (2017)



Não sei quanto a vocês mas para mim sempre foi claro que o meio onde vivemos influencia bastante nosso comportamento. Não é único fator mas ele influencia sim. Em “Eu,Tonya” temos um belo exemplo da pessoa que foi totalmente influenciada pelo seu meio, sofreu preconceito, tentou lutar, mas não conseguir escapar disso ou não a deixaram escapar.
Ela era a princesa do gelo que emergiu de uma infância pobre e difícil em Portland até subir ao topo do esporte na patinação artística. Embora Tonya Harding (Margot Robbie) tenha sido a primeira mulher americana a completar o Axel triplo em grandes competições, seu legado foi eternamente marcado pela infame competição com sua colega Nancy Kerrigan - e o ataque planejado pelo marido de Harding, Jeff Gillooly (Sebastian Stan), contra sua rival Nancy, que fez com que Tonya fosse banida do esporte.
O filme de Cgraig Gillespie acaba indo para um lado documental e recriando as entrevistas reais dos personagens, o que funciona muito bem uma vez que os personagens são muito caricatos e a gente fica com impressão de que não é real. Mas, sim, tudo aquilo aconteceu. Apesar do filme ter momentos de drama a carga cômica é tão grande que muitas vezes o espectador acaba não levando muito a sério o que atrapalha um pouco (me atrapalhou) pois há momentos que você deveria se chocar mas acaba rindo.
La Vona Golden (Allison Janney), que personagem!
(vem Oscar aí?)
Mesmo com essa pequena confusão dramédia, “Eu, Tonya” é uma obra muito divertida e bem filmada. Suas cenas da patinação artísticas são bem coreografadas e nota-se um grande cuidado técnico nesta parte. As bizarrices da historia dão um certo charme ao longa fazendo com que se fique preso ao filme com a curiosidade de saber como vai terminar (eu realmente fiquei espantado ao saber que tudo era real e que esses fatos realmente aconteceram).
Embora a o design de produção, figurinos e maquiagem estejam ótimos, o melhor do longa são as atuações, Jeff Gillooly, o marido idiota e violento, e de Shawn Eckhardt (Paul Walter Hauser), seu amigo, muito mais idiota com as piores idéias do MUNDO (como aquilo tudo pode ser real, como? kkk). Agora vamos falar de quem brilha: a bela e talentosa Margot Robbie esta no papel principal como Tonya. Sem dúvida esse é seu papel de maior destaque (não comercial, isso foi a Arlequina). Uma atuação segura equilibrando perfeitamente o drama e comédia conseguindo fazer o espectador criar uma empatia natural por sua personagem. Mas sem sombra de dúvidas quem rouba a cena sempre que está em tela é Allison Janney como LaVona Golden, a mãe de Tonya. Ela faz uma mãe dominadora, violenta, indiferente com a filha e que em nenhum momento demonstra afeto (tá, tem alguns momentos onde ela demonstra sim, mas daquele seu jeito, indiferente). Sem falar no seu estilo caricato sempre com  um cigarro, com aqueles seus óculos, sua cara fechada e o papagaio (ou periquito, talvez maritaca, sei lá) em seu ombro durante a entrevista.
Uma boa mistura de drama, comédia e esporte com o elenco muito afinado. Embora o longa tenha um leve desequilíbrio em sua veia cômica este porém não é nada tão grave que atrapalhe a experiência. O lado crítico do filme também é algo que vale a pena destacar, apontando para todo o circo que imprensa faz nesse tipo de caso quando, na verdade, quer mais é ver as coisas pegarem fogo do que ajudarem na busca por justiça; e para, algo talvez pouco conhecido para a maioria das pessoas, que é o preconceito que existe nesses esportes mais “elitistas”, onde não basta se ter talento, tem que ter certa “boa aparência”.
Uma ótima dica, para quem assim como eu não conhecia esse polêmico caso ou que, se conhecia, vai se divertir revisitando-o. Se você quer ótimas atuações, com uma historia muito incrível, mostrando a força de uma mulher realmente lutadora que tentou vencer na vida mesmo com tudo contra (TUDO mesmo), fica aqui uma boa pedida.
Uma mulher de força e talento.



Vágner Rodrigues