Curta no Facebook

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Bob Dylan - "Bringing It All Back Home" (1965)



"O que é lento, logo ficará muito rápido. Como o presente, que mais tarde será passado."  
Bob Dylan



Tá bom, tá bom, eu sei. Não se pode falar do "Highway 61 Revisited" sem levar em conta o "Bringing It All Back Home". Tudo bem! E não me custa nada na verdade colocá-lo aqui tambem. Na verdade gosto mais deste álbum por ser mais 'pegado'. Se seu sucessor foi a virada completa de Dylan, foi com "Bringing It All Back Home" que a coisa começou a mudar. Nele já aprarecem os elementos que depois iriam revoltar os mais conservadores: guitarras elétricas, teclados blues transgressores e pouco tradicionais. Exemplos disso são as corrosivas e elétricas "Maggie's Farm" e "Outlaw Blues". "Subterranean Homesick Blues" que abre o disco é outra que foge à linha tradicional do músico folk, já como uma mostra de sua intenção mais rock' roll.
A segunda metade do álbum é um pouco mais tradicional com "Mr. Tambourine Man" , por exemplo, que guarda a característica clássica dos versos longos e pouco usuais de Dylan e da sua velha e boa levada de violão; assim como "It's Allright Ma (I'm Only Bleeding)", outra das acústicas, com sua composição de estrofe toda peculiar para o modelo musical, o que Dylan desenvolveu como ninguém.
O aviso estava dado, a evolução era inevitável e quem quisesse aceitar que aceitasse e foi "Bringing All Back Home" que preparou o campo.

*****************************
Notem na capa cheia de referências e metáforas: o gato no colo de Dylan ( curiosamente chamado de Rolling Stone); a moça atrás dele fumando que é esposa de seu empresário ($$$); seu disco anterior "Another Side Of  Bob Dylan" dentro da lareira como que sugerindo que o que fizera antes devesse ser queimado; a capa do disco de Robert Johnson indo ao encontro do título do álbum 'Trazendo tudo de volta pra casa' como uma intenção de resgatar as origens da sua música no blues; além de vários outros pequenos enigmas contidos em cada imagem, detalhe, elemento, disposição de um móvel ou objeto.
***************************

Inédito nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS dois discos do mesmo artista na sequência e ainda de obras contínuas, mas estes não podiam ser colocados distantes pela relação quase complementar que exercem um em relação ao outro.
**************************

FAIXAS:
  1. "Subterranean Homesick Blues" – 2:21
  2. "She Belongs to Me" – 2:47
  3. "Maggie's Farm" – 3:54
  4. "Love Minus Zero/No Limit" – 2:51
  5. "Outlaw Blues" – 3:05
  6. "On the Road Again"– 2:35
  7. "Bob Dylan's 115th Dream"– 6:30
  8. "Mr. Tambourine Man" – 5:30
  9. "Gates of Eden" – 5:40
  10. "It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)" – 7:29
  11. "It's All Over Now, Baby Blue" – 4:12
*************
Ouça:
Bob Dylan Bringing It All Back Home


Cly Reis

Um comentário:

  1. Grandes discos esses do Dylan, divisores-de-águas pra música no século 20. Duas dicas das diversas que podem se extrar tanto de "Bringing..." quanto de "Highway...": a Gal Costa gravou uma versão de "It's All Over Now, Baby Blue", com uma rica tradução vertida para o porguguès por Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, dois mestres da língua. Ficou joia. A música se chama "Negro Amor", do seu disco "Caras e Bocas", de 77. Vale a pena (http://www.galcosta.com.br/sec_discografia_view.php?id=12).
    Outra dica é o belíssimo documentário do mestre Martin Scorsese sobre os primeiros anos de vida artística do Dylan, culminando exatamente neste embate com o público por causa da eletrificação do folk: "No Directions Home", de 2005. Confesso que, depois de ver o filme, passei a ter a real dimensão do que Dylan representa. Porra, o cara não é o único músico do mundo que concorreu a Nobel de Literatura por causa da sua obra musical, e não de livros propriamente ditos, à toa, né?
    Abç,
    Dã.

    ResponderExcluir