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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"SciFi=SciFilo - A Filosofia Explicada pelos Filmes de Ficção Científica", de Mark Rowlands (2003) ed. Relume Dumará


Caiu em minhas mãos por algumas cargas d'água, destas da vida, o livro "SciFi=SciFilo" do doutor em filosofia e apaixonado por filmes de ficção científica, Mark Rowlands, que a partir de obras cinematográficas deste gênero traça paralelos, estabelece comparativos e pontos de análise de princípios filosóficos, meio que 'explicando' a filosofia através destes filmes. Um grande barato! Bem legal mesmo a ideia! Como o próprio autor coloca na introdução, os filmes de ficção, muitas vezes subestimados, ridicularizados, desprezados, se prestam, sim, admirável e surpreendentemente a análises filosóficas extremamente sólidas e profundas, possivelmente, mais até do que filmes tidos como 'sérios' ou 'cabeça'.
No livro Rowlands analisa, entre outros, "Star Wars" sob a ótica do maniqueísmo, em que George Lucas coloca tudo como sendo o BEM e o MAL; pergunta como fica o livre arbítrio quando se sabe que vai-se cometer um crime como em "Minority-Report"; e a partir daquele final emocionante e reflexível de "Blade Runner" , discorre sobre o sentido da vida.
Alguns dos filmes acabam na minha opinião sendo mal utilizados nas analogias como é o caso de "Frankenstein" que para mim toma uma linha que pode prestar-se à filosofia, mas que fica distante do âmago da história em si criada por Mary Shelley e das suas adaptações cinematográficas; ou o caso também de "O Exterminador do Futuro" no qual ele desperdiça a possibilidade de análise do filme em nome de capítulos e mais capítulos versando sobre dualismo e materialismo, praticamente deixando de lado o cinema. Fica muita filosofia e pouca ficção científica neste ponto do livro.
Legal mesmo o capítulo sobre "Matrix", um dos filmes dos últimos tempos que provavelmente mais se prestam a este tipo de análise. Sobre este, Rowlands ataca na incerteza de termos certeza de alguma coisa e deixa, com aval de Descartes, Nietzsche e Hume, a pulguinha atrás da orelha de 'será que o mundo que conhecemos é o mundo tal como é?' Será que não vivemos numa espécie de matrix? Bobagem!!! ...Ou não?
Outra comparação pertinente é sobre um filme que nem é tudo isso mas que se presta perfeitamente à avaliação filosófica: "O Homem Sem Sombra" levanta a questão da moralidade e  por que ser moral? Tipo: se você tivesse a faculdade de ficar invisível será que você não sairia por aí entrando em vestiários femininos, assaltaria um banco, sacanearia quem você não gosta ou faria coisas ainda piores? Será que a 'proteção' de uma invisibilidade, da impossibilidade de sermos identificados não nos seria a permissão para fazer tudo aquilo que sempre tivemos vontade de fazer, impunemente? E sendo assim, então não fazemos estas coisas não por um senso moral mas apenas por um medo de punição? Boas perguntas?
Bem bacana! Escrito com conhecimento, com citações, com base, mas muito despojada e descontraídamente. Legal especialmente pra quem viu os filmes (que por sorte e por vício eu já tinha visto todos).
Pra quem acha que filmes de monstros, de robôs, de naves, de alienígenas são só besteira, bobagem, estupidez, "SciFi=SciFilo" é uma resposta inteligente, muitíssimo qualificada e acima de tudo gostosa e bem-humorada.


Cly Reis

2 comentários:

  1. Que foda, Cly. Nunca tinha ouvido falar... sabe q já anotei e ja vou comprar, né? hehehehe

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  2. Não sei se vou ler o livro, mas à partir de agora vou me interessar mais em filmes de ficção e tentar vê-los com outro olhar. Iara.

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