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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

"Linha de Ataque - Futebol Arte", coletânea de HQ's - argumentos de Casagrande, José Trajano, Armando Nogueira e Marcelo Fromer, com arte de Roger Cruz, Octavio Cariello, Marcelo Campos e Rogério Viana - ed. Abril (1998)

 



"Era uma vez um país que amava futebol,
onde se jogava com tanta paixão que cada lance era uma obra de arte
e qualquer gramado, uma tela esverdeada aguardando as carícias do pincel.
Lá, todo menino nascia artista e todo artista tinha alma de menino.
Daí, a arte e futebol serem irmãos gêmeos,
mais ainda, um só ser... FUTEBOL ARTE."
introdução de Jotapê Martins,
editor da publicação



Projeto idealizado tendo como ponto de partida a Copa de 1998, "Linha de Ataque - Futebol Arte", acabou não passando do primeiro número. Proposta interessante que colocava lado a lado uma personalidade ligada ao Futebol, um jornalista, um ex-jogador, escritor, cronista, etc., com um artista de quadrinhos, compondo assim, ambos, em parceria, um breve conto no qual o futebol fosse elemento catalisador da trama.

No primeiro o ex-atacante Casagrande, hoje comentarista de futebol, idealizou uma espécie de "Space Jam" de futebol, só que com monstros do Lago Ness invadindo Paris e sendo desafiados por um time de bichos brasileiros, os Animais Tetropicais, que propõe que, se os répteis gigantescos perderem, voltem para as profundezas de seu escuro lago na Escócia. Ilustrada pelo quadrinista Roger Cruz, de trabalhos com a Marvel, "O Primeiro Confronto" tem um traço bem cartunesco e um tom bastante descontraído, com personagens que remetiam à Seleção Brasileira que disputava a Copa daquele ano, como o goleiro Carcarel, o atacante Coelhadinho, com os mesmos dentes proeminentes do Fenômeno, o Animal (Edmundo) e o técnico, o Velho Lobo.

A segunda história, uma colaboração do jornalista José Trajano com o artista Octavio Cariello é uma trama policial repleta de nostalgia e reminiscências. Em "Loxa & três-com-goma", uma operação policial é organizada a fim de deter criminosos que mantém reféns em uma cabine de imprensa, em um jogo de futebol. Concomitantemente à ação, o narrador vai repassando suas lembranças de Rio de Janeiro, de peladas, de bate-papos sobre futebol com os amigos, jornadas no Maraca, até culminar num final surpreendente.

O mestre das letras da crônica esportiva, Armando Nogueira idealizava o continho "Pelada de Subúrbio", o melhor dos episódios da publicação. Muito "raiz", bem essência do futebol, o conto ilustrado por Marcelo Campos, credenciado por seus trabalhos com a DC Comics, apresenta um típico jogo de bairro, pegado, no chão batido, sem tênis, sem camiseta, no qual, como não é raro acontecer, a bola cai várias vezes no pátio do vizinho. Tem vizinhos que aceitam bem e outros... nem tanto.

Marcelo Fromer, o falecido ex-guitarrista da banda Titãs e, à época, assíduo frequentador de mesas-redondas futebolísticas, em parceria com o premiado artista Rogério Viana, trazia o bom episódio "Lua, a bola branca no céu", que se destaca pelo roteiro ágil, boas tiradas de humor, mas cujo maior destaque fica por conta da belíssima arte do ilustrador.

Proposta muito bacana, muito legal para fãs de futebol e quadrinhos, mas que lamentavelmente, não seguiu adiante. Lembro que, na época, fiquei esperando pela sequência de publicações e nada. Sinceramente, não sei os motivos do arquivamento do projeto, mas conhecendo o Brasil como a gente conhece, é de se imaginar que tenha sido o de sempre: falta de apoio, incentivo, dinheiro, patrocinadores, parcerias...

Quem tem o seu que guarde bem na sua estante de quadrinhos, por que esse número único, já é relíquia de colecionador.

(Eu tenho)

Aqui, uma imagem de cada história.



Cly Reis 

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