por Luan Pires
O filme “Amor”, como todos os outros de Michael Haneke, vem dividindo opiniões. Alguns ressaltam a sinceridade e coragem do longa. Outros defendem que a história é apelativa e gratuita no sentido de chocar. Fato é, entretanto, que “Amor” é atípico. Difícil dizer que o filme não é bom. Mas, ao mesmo tempo, é o tipo de longa que não encabeça a lista de favoritos de ninguém. A história é instigante, forte, e se possível, seca e doce, ao mesmo tempo. “Amor” é um potente soco no estômago.
Na história conhecemos um casal de idosos, Georges (Jean-Louis
Trintignant) e Anne (Emamanuelle Riva, em excelente atuação!), que precisa
lidar com as complicações de saúde da segunda. Michael Haneke, que assina o
roteiro também, se propõe a mostrar como Georges se entrega aos cuidados da
esposa, levantando uma polêmica questão: qual seria o maior gesto de amor de
Georges? Acabar com a dor da esposa que não quer mais viver, ou prolongar até
onde for possível a existência dela?
Com 5 indicações ao Oscar: melhor filme, melhor atriz, melhor roteiro
original, melhor direção e melhor filme estrangeiro, o filme faturou o último
prêmio. Além disso, também foi o vencedor da Palma de Ouro do Festival de
Cannes. Isso o coloca ao lado de uma seleta lista de títulos que conseguiram a
dobradinha Oscar de Filme Estrangeiro e Palma de Ouro: “Orfeu Negro”, de 1959,
e “Um Homem, Uma Mulher”, de 1966. Mas os prêmios, para este novo projeto Haneke,
é um aspecto totalmente irrelevante. “Amor” suscita debate e chama a atenção
para a fragilidade da vida. Todos nós, um dia, teremos o rumo do fim. Nada de
espetacular está aí. O fim é sutil e consistente. Triste e belo. E o maior
prêmio do longa é nos lembrar disso.
TRAILER
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