Seja nas salas de cinema, pela Sessão da Tarde ou Corujão
da Globo, pelos VHS ou DVDs alugados, pela TV fechada ou streaming. Filmes mais
antigos ou mais novos. Com este ou aquele ator de protagonista.
Independentemente destas variáveis – todas cabíveis neste caso – os filmes da
série 007 encantam fãs de diversas gerações. Desde os que pegaram o nascer de
James Bond, há 60 anos quando do lançamento de “007 Contra o Satânico dr. No”,
primeiro da celebrada franquia inspirada no romance de Ian Fleming, até as
superproduções recentes, o famoso agente da MI-6, invariavelmente a serviço
secreto da Coroa britânica, tornou-se um dos mais queridos – e longevos –
personagens da história do cinema. Um ícone que excede os limites da tela.
Assim como super-heróis dos quadrinhos, figuras fictícias,
mas de tamanha realidade em sua existência que se tornam mais críveis que muita
gente de carne e osso, JB vive graças ao imaginário do público. Tal Batman,
Super-Homem ou Homem-Aranha, cujas características físicas, psicológicas e
visuais vão sendo manipuladas ao longo do tempo pelas mãos de diversos autores
tendo como base um conceito, este fenômeno acontece com 007 tendo ainda como
atenuante um fator: o de ele não ser um desenho, mas uma pessoa “de verdade”.
Quem ousa dizer que Pierce Brosnan ou Daniel Craig são menos James Bond do que
Sean Connery ou Roger Moore?
Connery, Lazemby, Moore, Dalton, Brosnan e Craig: qual o melhor James Bond?
Mas a idolatria a Bond e à série não se resume somente ao
ator que o interpreta - embora este fator seja de suma importância. A produção
caprichada e milionária, os efeitos especiais, a construção narrativa, os
lançamentos de moda e design, a trama aventuresca: tudo foi ganhando, à medida que a série ia tendo
continuidade, um alto poder midiático. As produções de 007 passaram a ser uma
vitrine que dita moda, tendências, comportamentos e parâmetros, inclusive na
indústria do cinema, uma vez que os filmes de espionagem nunca mais foram os
mesmos depois que este personagem foi parar nas telas. De certa forma, 007
acompanhou e desenvolveu muitas das invenções que o cinema de ação presenciou
ao longo deste tempo, funcionando como criador e criatura. Isso tudo sem falar
nos detalhes fundamentais: o charme canastrão de Bond, os vilões maníacos, a
beleza das bond girls, o tema original e as trilhas sonoras, as invenções estapafúrdias
de Q, as paisagens incríveis pelas quais se passeia (não raro, a quilômetros
por hora)...
Quem tem autoridade para dizer se tudo isso confere ou não
são, claro, os fãs. Por isso, convidamos 8 desses aficionados por James Bond
para nos dizerem três coisas: qual o seu ator preferido entre os que encarnaram
o espião ao longo destas seis décadas, qual a sua melhor trilha e,
principalmente, quais os seus 5 títulos preferidos da franquia. Todos eles
conhecem muito bem as artimanhas, os clichês, os truques, as piadinhas, as gags
e as viradas narrativas a ponto de antecipá-las mentalmente enquanto assistem
algum filme da série. Há longas melhores que outros? Qual o James Bond
preferido da galera? E das músicas-tema, muitas vezes oscarizadas, qual a mais “mais”?
Para isso, esse time de bondfãs foi chamado. Numa coisa, contudo, todos concordam:
é sempre uma emoção ver aquelas aberturas com efeitos especiais conceituais,
prólogo e, principalmente, aquela figura elegante surgindo de dentro do círculo
branco para virar-se na direção do espectador e atirar enquanto a toca a trilha
clássica de Monty Norman e John Barry. É a certeza de que, a partir dali, vem mais uma grande aventura de
Bond, James Bond.
*********
Rodrigo Dutra
formado em Letras e editor do Rodriflix (Porto Alegre/RS)
"Contra o Foguete da Morte": "Tá, filme ruim, mas o cara tá no bondinho do Pão de Açúcar... já vale 🤣🤣🤣"
Melhor James Bond:
Roger Moore
Filmes preferidos:
1. "007: O Espião que me Amava" (Lewis Gilbert, 1977)
2. "007 Contra Goldfinger" (Guy Hamilton, 1965)
3. "007 Contra o Satânico Dr. No" (Terence Young, 1962)
4. "007 Contra GoldenEye" (Martin Campbell, 1995)
5. "007 Contra o Foguete da Morte" (Lewis Gilbert, 1979)
Trilha preferida:
"Live and Let Die", Paul McCartney (filme: "Com 007 Viva e Deixe Morrer")
Christian Ordoque
historiador (Porto Alegre/RS)
Melhor James Bond:
Connery como JB mais velho jogando charme para Kim Basinger em "Nunca Mais..."
Roger Moore
Filmes preferidos:
1. "007 Contra Goldfinger"
2. "007 Contra o Foguete da Morte"
3. "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade" (Peter R. Hunt, 1970)
4. "007: Nunca Mais Outra Vez" (Irvin Kershner, 1983)
5. "007 Contra Spectre" (Sam Mendes, 2015)
Trilhas preferidas:
"All the Time in the World" - Louis Armstrong (filme ""007: A Serviço Secreto de Sua Majestade")
"You Only Live Twice" - Nancy Sinatra (filme "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes")
"Goldfinger" - Shirley Bassey (filme "007 Contra Goldfinger")
Luna Gentile Rodrigues
estudante (Rio de Janeiro/RJ)
As várias versões do poster de "Sem Tempo...", último filme da série, um dos escolhidos de Luna
Melhor James Bond:
Roger Moore
Filmes preferidos:
1. "Com 007 Viva e Deixe Morrer" (Hamilton, 1973)
2. "007 Na Mira dos Assassinos" (John Glen, 1985)
3. "007: O Mundo Não é o Bastante" (Michael Apted, 1999)
4. "007: Operação Skyfall" (Mendes, 2012)
5. "007: Sem Tempo Para Morrer" (Cary Fukunaga, 2021)
"GoldenEye" -Tina Turner (filme "007 Contra GoldenEye")
"Diamond Are Forever" - Shirley Bassey (filme "007: Os Diamantes São Eternos", 1971)
"On her Majesty's Secret Service" - John Barry (filme "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade")
Vagner Rt
professor e blogueiro (Porto Alegre/RS)
Melhor James Bond:
1. Daniel Craig - "Ele bate sem cerimonia, foge do que esperamos do 007, por isso adoro ele."
2. Sean Connery - "Clássico e único, até hoje."
3. Pierce Brosnan - "Meu 007 da infância, de jogar do Nintendo 64."
Filmes preferidos:
1. "007: Quantum of Solace" (Marc Forster, 2008)
2. "007 Contra GoldenEye"
3. "007: Operação Skyfall"
4. "007: O Amanhã Nunca Morre" (Roger Spottiswoode, 1998)
5. "007 Contar Goldfinger""simplesmente clássico"
"007: O Amanhã Nunca Morre":
"Minha mãe era fã desses filmes então eles tem espaço no meu
coração, sem falar que foi o 007 da minha época"
Trilhas preferidas:
"Writing's On The Wall" - Sam Smith (filme "007 Contra Spectre")
"Skyfall" - Adelle
"Goldfinger" - Shirley Bassey
Leocádia Costa
publicitária e produtora cultural (Porto Alegre/RS)
Craig: melhor JB na opinião de Leocádia
Melhor James Bond:
Daniel Craig
Sean Connery
Filmes preferidos:
1. "007 Contra Spectre"
2. "007 Contra GoldenEye"
3. "007: Um Novo Dia para Morrer" (Lee Tamahori, 2002)
4. "Moscou Contra 007" (Young, 1964)
5. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"
Trilhas preferidas:
"James Bond Theme" - John Barry (filme ""007 Contra o Satânico dr. No")
"Goldfinger" - Shirley Bassey
"GoldenEye" -Tina Turner
"Die Another Day" - Madonna (filme "007: Um Novo Dia para Morrer")
Clayton Reis
arquiteto, cartunista e blogueiro (Rio de Janeiro/RJ)
Melhor James Bond:
Roger Moore
Filmes preferidos:
1. "007: O Amanhã Nunca Morre"
2. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"
3. "007: Operação Skyfall"
4. "007: O Espião que me Amava"
5. "007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro" (Hamilton, 1974)
Trilhas preferidas:
"Diamonds are Forever" - Shirley Bassey
"Tomorrow Never Knows" - Sheryll Crow (filme: "007: O Amanhã Nunca Morre")
"GoldenEye" - Tina Turner
"The World is so Enough" - Garbage (filme: "007: O Mundo Não É o Bastante")
"Live and Let Die" - Paul McCartney
A Garbage está entre as trilhas preferidas
Paulo Altmann
publicitário e blogueiro (Campinas/SP)
"Goldfinger", listado pela maioria e preferido de Altmann
Melhor James Bond:
Sean Connery
Filmes preferidos:
1. "007 Contra Goldfinger"
2. "007 Contra a Chantagem Atômica" (Terence Young, 1966)
3. "007 Contra o Satânico Dr. No"
4. "007: Operação Skyfall"
5. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"
Trilhas preferidas:
"You Only Live Twice" - Nancy Sinatra
Daniel Rodrigues
jornalista, escritor e blogueiro (Porto Alegre/RS)
Moore: 0 James Bond mais querido pelos bondfãs
Melhor James Bond:
Roger Moore
Filmes preferidos:
1. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"
2. "007: O Espião que me Amava"
3. "007 Contra Goldfinger"
3. "007: O Amanhã Nunca Morrer"
4. "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade"
5. "007: Operação Skyfall"
Trilhas preferidas:
"Live and Let Die" - Paul McCartney
"GoldenEye" - Tina Turner
*********
Resultado final:
Melhor James Bond:
Roger Moore - 5 votos
Sean Connery - 2 votos
Pierce Brosnan e Daniel Craing - 1 voto
George Lazemby e Timothy Dalton - o votos
Filmes preferidos:
6 votos
"007 Contra Goldfinger"
5 votos
"007: Operação Skyfall" e "Com 007 Viva e Deixe Morrer"
3 votos
"007: O Espião que me Amava", "007 Contra GoldenEye" e "007: O Amanhã Nunca Morre"
2 votos
"007 Contra o Satânico Dr. No", "007 Contra GoldenEye", "007 Contra Spectre", "007 Contra o Foguete da Morte" e "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade"
1 voto
"007 Contra a Chantagem Atômica", "007: Cassino Royale", "007 Contra o Foguete da Morte", "007 Na Mira dos Assassinos", "007: O Mundo Não é o Bastante", "007: Sem Tempo Para Morrer", "007: Quantum of Solace", "007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro" , "007: Nunca Mais Outra Vez", "007: Um Novo Dia para Morrer" e "Moscou Contra 007"
Planeta Terra. Cidade: Porto Alegre. População encontra um percalço nebuloso que ninguém sabia quanto tempo iria durar...e claro que tentativas de desopilar não iriam faltar! Com distanciamento, álcool em gel e máscara a Opinião Produtora anuncia para o dia 18 de dezembro de 2020, no Auditório Araújo Vianna, ingresso com lotes limitados e, lógico, que eu corri e garanti os meus dois!
Senhoras e senhores: Black Alien, o Mister Niterói, estaria fazendo seu espetáculo “Abaixo de Zero: Hello Hell” – que, cá para nós, é um álbum digno dos prêmios que recebeu. Porém, novas regras de isolamento isolam as mentes e nada pode acontecer nas datas programadas, para desespero de nós, trancafiados fãs.
E o tempo passou, passou e passou. Lá se foram dois anos. A cada evento que eu ia no Opinião, vinha a dúvida: e o show??? E os ingressos????
Até que, vixeeeee: “vai rolar!” Para deleite da galera ansiosa, Black Alien vem a Porto, e com música nova. E os tais os velhos ingresso poderem finalmente ser utilizados no dia 10 de março de 2022. Noite chuvosa, tipo chuva de molhar bobo, mas lá vamos nós, eu e a minha parça Val Soueu.
“Si larguemu” pra José do Patrocínio fazer o esquenta clássico garimpando botecos com cerveja barata e matar a saudade dos tempos do Bomfa. 23:30 se forma uma fila gigantesca e lá vamos nós embarcar numa nave alienígena que, por mim, não aterrissaria tão cedo...
Gustavo Ribeiro e DJ Eric Jay (campeão do DMC por duas ou três vezes) foram os anfitriões em uma celebração à vida. Apresentação afiada, intimidade MC/plateia e MC/DJ, algo que só os melhores podem oferecer. Casa lotada como poucas vezes tive a oportunidade de ver. Uma energia monstra embalava a galera, que sabia de cor todas as letras – não consigo enunciar a ordem do show, mas foi perfeito!
Noite memorável. Pouco mais de uma hora e meia com direto a bis, como de praxe, e bailinho com o DJ da casa, o meu parceiro Milk-Shake, para encerrar uma viagem alienígena.
Um clube na esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, em Beagá
“Memória de tanta espera
Teu corpo crescendo, salta do chão
E eu já vejo meu corpo descer
Um dia te encontro no meio
Da sala ou da rua
Não sei o que vou te contar”.
"Ao que vai nascer" – Milton Nascimento e Fernando Brant
Muitas histórias cercam a criação do LP "Clube da Esquina", e cada uma delas nos mostra esse universo que jovens músicos e compositores deixaram como parte do seu legado artístico a todos nós.
Vou contar brevemente as histórias que me ligam a esse grupo e às canções.
Na minha lembrança musical, comecei a escutar Minas através de Milton Nascimento e Fernando Brant muito pequena. Meus pais tinham uma maior predileção por Chico e Caetano, mas Milton era alguém que eles admiravam através das canções interpretadas por Elis Regina, que é guardada por Milton e Fernando, integrantes desse grupo de uma forma muito afetiva. Daí, através de intérpretes como Joana, conheci "Nos Bailes da Vida", e essa canção entrou para a minha vida. Sempre que transformava a sala do nosso apartamento em palco, "Nos Bailes da Vida", de Fernando Brant e Milton Nascimento, me levava às lágrimas. Emocionava profundamente uma criança de 7 anos.
Museu Clube da Esquinsa, entre a Paraisópolis e Divinópolis, em Santa Tereza (BH)
Elis cantava em seu repertório muitas canções de Milton e seus parceiros de Clube e eu, muito atenta às criações musicais, sempre olhava quem eram o compositor e o letrista. Fui identificando o jeito de cada um deles, ora diverso, ora profundamente lírico, e daí Ronaldo Bastos e "Trem Azul" entraram para a minha vida. "Cais" era uma das canções prediletas, que constava no disco de 78 de Elis, ao qual eu que sempre confundi letras, troquei palavras, mas sabia tudo de cor. "Cais" era outra canção que fazia a minha plateia imaginária delirar, no volume 10, do aparelho três em um da CCE que tivemos.
Com o tempo fui escolhendo escutas de outros mineiros. Vieram os irmãos Borges, descobri Flávio Venturini e o maestro Wagner Tiso e meu pai comprou o disco “O Som Brasileiro de Sarah Vaughan”, com a participação de Milton, abrindo o LP cantando com a Diva Sarah "Travessia" ("Bridges"). Este disco furou de tanto escutarmos lá em casa. Com o tempo e a chegada do Daniel em minha vida, conheci, vendo-os tocar ao vivo, Toninho Horta e Robertinho Silva, que estavam em torno desse clube.
Capa do livro "Coração Americano"
"Minha parceria com Bituca nasceu de uma amizade que começou na Galeria do Maleta, em Belo Horizonte, num bar chamado Oxalá. Ficamos muitos amigos, mas depois Milton foi para São Paulo. Eu sempre ia visitá-lo e nunca tinha pensado em fazer letra para música, embora curtisse muito as coisas que o Bituca fazia com o Márcio Borges. Numa dessa visitas a São Paulo, ele me mostrou uma música e disse que eu tinha que escrever a letra. Não queria, mas acabei levando uma fita para Belo Horizonte e escrevi a letra de 'Travessia', sem nenhuma pretensão”, contou Fernando Brant, parceiro de Milton, ao Jornal de Música em 1976. Esse trecho foi compilado do livro maravilhoso que comprei em Ouro Preto, publicado pela PRAX editora, “Coração Americano: 35 anos do álbum duplo Clube da Esquina”, em 2008.
Daí, sem imaginar que algo dessa grandeza fosse acontecer, a vida me apresenta uma chance de conhecer o Fernando Brant. Isso aconteceu em 2004, quando eu estava produzindo uma edição do Rumos Itaú Cultural em Porto Alegre. Fernando não participou desse evento, mas o seu amigo, o pesquisador Luiz Carlos Prestes Filho, sim. Por razões óbvias – já que fui batizada com o nome da sua avó, mãe de Prestes, Leocádia – ficamos amigos, trabalhamos juntos em algumas ações culturais aqui na cidade e, anos mais tarde, em 2008, o próprio Luiz Carlos me comentou que Fernando estaria aqui para lançar uma unidade da União Brasileira de Compositores (UBC) na capital. Meu nome havia sido cogitado para gerenciar o escritório, ele queria me conhecer e eu fiquei chocada e feliz com a possibilidade.
Nos conhecemos numa atividade de lançamento da UCB muito bonita e nossa amizade já antiga, pois eu o escutava desde pequena, se estreitou. Fernando me trouxe Minas, me nutriu de mais canções, de novos intérpretes, ampliou minha visão do Clube da Esquina. Participou do projeto Coleção Mario Quintana em 2011 produzido por mim e minha irmã, na Aprata sobre a obra do poeta Mario Quintana, a quem visitou numa das vindas a Porto Alegre. Através do Fernando, conheci pessoalmente Ronaldo Bastos e Edmundo Souto, além de ter a oportunidade de assistir, em 2011, a um show que reabriu o Cine Palladium (SESC-MG) com Milton Nascimento ao vivo e convidados, em Belo Horizonte. Durante quase duas horas e meia de show, pude chorar enlouquecidamente, de mãos dadas com Fernando, igualmente emocionado, ouvindo a magnitude de Milton, apresentando seu repertório. Dentre as canções, muitas delas compostas por Fernando e Bituca (como ele chamava Milton), muitas interpretadas por Elis - eu ali sentada, ia sendo lembrada por Fernando, canção a canção, me dizendo as histórias que estavam guardadas em seu coração.
Foi um dos momentos mais belos que tive nessa vida. Um momento de total reconexão com as minhas raízes, de compreensão sobre a minha vida, sobre a nossa música e o que ela de fato representa na trajetória de cada ser humano brasileiro.
Fiz de Minas minha casa. É um estado ao qual sempre quero retornar. Gosto do clima, das pessoas, das sonoridades, dos prédios, das histórias e do sotaque que dá uma falsa impressão de timidez, mas é puro charme e singeleza.
Fernando Brant e Milton Nascimento à época do Clube da Esquina
Esse clube aconteceu numa esquina, entre as ruas Paraisópolis e Divinópolis, em Beagá, aonde está mantida a atmosfera de empatia e encontro, parecendo que a qualquer momento eles irão se reencontrar, pegar o violão, tomar um chopp e fazer novas e velhas canções, entre risadas e comentários profundos sobre a nossa realidade brasileira. Este espaço físico e emocional do Clube da Esquina emana essa importância viva de cada músico em nossas vidas, da sua Arte e da sua gentileza em mostrar para todos nós suas inquietações. Eles tocam os nossos corações através dos corações que eles gentilmente compartilham, abrem e escancaram com a gente. Deixam a gente com mais coragem para se expor e mostrar que nem tudo é planejado, simplesmente, acontece. Trazem à tona essa força da canção brasileira, tão diversa e tão entrosada, que não se pode dizer qual gênero estamos escutando, porque em cada faixa muitas vozes se misturam, muitas energias impulsionam num só coro ânimo para viver.
Vi isso num coral de primeira infância num evento de educação que participei e compreendi o quanto Minas é agraciado com tanta música. Eles estão marcados na história de todas as gerações, para que cada indivíduo possa refazer sua vida, restabelecer seu equilíbrio e seguir em frente, pois “nada será como antes, amanhã”.
A trilha do Clube da Esquina, seus compositores e intérpretes, estão gravados na trilha sonora da minha vida. Fernando foi um amigo que guardo no lado esquerdo do peito, com sua risada aberta e tempinho para um chopp, bate-papo e troca de e-mails rápidos, porque o melhor da vida é estar com os amigos presencialmente, sempre que possível.
A todos vocês a minha profunda gratidão.
”...mas agora eu quero tomar suas mãos
Vou buscá-la onde for
Venha até a esquina
Você não conhece o futuro
Que tenho nas mãos...”
"Clube da Esquina nº 1" - Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges
porL E O C Á D I A C O S T A
***************** Documentário: "História do Clube da Esquina - A MPB de Minas Gerais"
"Girls" - Ale Vasconcelos (instagram
/alevasconcelosilustra)
Ser mulher não está na função em ser mãe, em ser fêmea, em ser acolhedora, em ser prestativa, em ser dedicada. Ser mulher não está no gênero está no olhar-se por dentro, conectar em si revoluções por minuto, perceber o que foge ao concreto, transformar a vida em Arte, inspirar a leveza e a compaixão, dar foco à luta, ao essencial, a tudo que é prioritário. Estar mulher é abrir os braços e o coração às sutilezas que estão em todos os seres é compartilhar amor revolucionar todos os dias a harmonia, sem divisões é ser e estar gente ser e estar depende de sentir-se viva
"Tudo começou em 1957 quando eu estava em Cornwall e fui levado para Tintagel e comprei um livro sobre o Rei Arthur. Foi tão mágico, e eu amei todos os mitos e lendas. Nos anos seguintes, comprei muitos livros sobre o Rei Arthur e visitei Tintagel muitas vezes. Depois de "Journey to the Centre of the Earth", eu já havia decidido que o King Arthur seria o meu próximo grande projeto musical".
Rick Wakeman
Um dos discos que marcaram minha história é "The Myths and Legends of king Arthur and the Knights of the Round Table", ou simplesmente "Rei Arthur", de Rick Wakeman. Quem foi adolescente nos anos 70 e curtia rock progressivo, foi assaltado e sequestrado pelos teclados de Wakeman desde os discos do Yes - especialmente "Close to the Edge" - e dos seus trabalhos solo "The Six Wives of Henry VIII" e o lendário "Journey to the Center of the Earth", que foi apresentado na íntegra aqui em Porto Alegre em dezembro de 1975.
Aliás, foi o anúncio de que ele viria a Porto Alegre com a Sinfônica Brasileira regida por Isaac Karabtchevsky que me fez ir à Casa Victor (bah, mas tu és velho, hein??) lá na Rua da Praia e decidir entre "Viagem ao Centro da Terra", que todo mundo tinha e ouvia o dia inteiro, ou "Rei Arthur", que era a novidade. Depois de muito pensar, comprei o "Arthur" e me deliciei durante anos com "Guinnevere" e "Sir Lancelot and the Black Knight".
O LP tinha um super encarte com as letras das músicas e ilustrações imitando desenhos medievais. O som era aquela lance grandiloquente que o Rick fazia e faz até hoje. Lá pelas tantas, meu disco sumiu e nunca mais tinha ouvido até ser convidado pelo professor e agitador cultural Francisco Marshall, em 2 de abril de 2008, para dividir com o historiador José Rivair Macedo um almoço cultural, onde ele falava das histórias reais do mito do "Rei Arthur" e eu destrinchava o disco do tecladista. Foi muito bom. Hoje não tenho este disco mas seus sons ficaram na minha memória e nas minhas lembranças de adolescente.
******************* FAIXAS: 1. "Arthur" - 7:26 2. "Lady of the Lake" - 0:45 3. "Guinevere" - 6:45 4. "Sir Lancelot and the Black Knight" - 5:20 5. "Merlin the Magician" - 8:51 6. "Sir Galahad" - 5:51 7. "The Last Battle" - 9:41 Todas as composições de autoria de Rick Wakeman