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segunda-feira, 5 de maio de 2014

The Who - "Who's Next" (1971)


"Sou o computador HAL 9000.
Entrei em funcionamento na usina HAL
em Urbana, Illinois em
janeiro de 1992.
Meu instrutor foi o Sr. Langley
e ele me ensinou a cantar uma música.
Se quiser ouvi-la,
posso cantar para você"
computador HAL 9000
em "2001 - Uma Odisséia no Espaço"



Com uma base futurista, como se fosse o filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, o The Who projetou o “Who´s Next”. Alias, a capa do disco é influenciada justamente nesse clássico da ficção científica. Na foto, o monólito (estrutura geológica que aparece no filme) foi urinado pelos quatro membros da banda: uma atitude bem rock. Este disco está posicionado entre duas óperas rock do grupo: Tommy, de 1970, e Quadrophenia, de 1973.

Voltando à película cinematográfica, um dos personagens, o computador ultra inteligente HAL 9000 chega ao ponto de controlar a espaçonave, colocando os humanos tripulantes sob seus domínios. De certa forma, a comparação pode ser feita com o sintetizador ARP 2600, que comanda este álbum. A tecnologia foi capitaneada por Pete Townshend – o centro criativo da banda.

Neste registro, o The Who se mostra ainda mais maduro, flertando com o rock progressivo, que ganhava força na época e se perpetuaria até o final dos anos 70, momento de seu declínio. Nota-se também que as músicas, na maioria, são bem mais extensas. Outro gênero musical presente é o Synthpop, que ganharia notoriedade com o Kraftwerk, principalmente nos anos 80. Ou seja, o tradicional rock visceral deu espaço para mais experimentalismo, gerando descontentamento de alguns fãs quando lançado este disco.

Mesmo com a tecnologia, Pete Towshend usa bastante violão e piano, o que permite um contraste com os sintetizadores. As baladas também são marcantes no álbum.

Como não poderia ser diferente, no início desse registro quem se manifesta é o ARP, que dá o start em "Baba O'Riley". O equipamento emite sons que parecem de videogame, aqueles de Atari. A canção também conta com um solo de violino, que dá acabamento e finaliza a música. O resultado é uma bela fusão entre o eletrônico e o orgânico. Já em "Bargain", o começo tem aquele rolo de bateria nervoso e amalucado, característicos de Keith Moon. E em meio a palmas e a pinceladas de sintetizador, Roger Daltrey (gutural) e Pete Towshend (analasado) dividem os vocais.

Contradizendo com a proposta principal do disco, numa mescla de country com blues, surge "Love Ain't For Keeping”, fazendo um resgate ao passado. Os dois violões gravados por Pete e a dispensa do sintetizador contribuem para chegar a este destino. Um bem postado coral de vozes e a liberdade dada ao baixo para solar permitiram uma maior melodia à canção.

Num formato de power trio, duas faixas não contam a presença de Daltrey. Na "My Wife" é a vez da voz rouca do baixista John Entwistle entrar em ação. A canção tem um piano no estilo faroeste, além de instrumentos de sopros muito bem colocados do meio para o final da música, encerrando-a de forma mais épica. Já "Going Mobile", Towshend canta, com o seu violão, sobre o seu prazer em dirigir. E a letra é politicamente incorreta, com o trecho: “I don't care about pollution (Não me importo com a poluição)”.

Duas músicas têm como base o piano e que poderiam fazer parte da ópera rock Tommy. Em "The Song Is Over", Pete canta de forma depressiva, com um teclado de base. Mas, quando entra a voz Daltrey vem juntamente o peso da guitarra, do baixo e da bateria. Aí, as coisas se invertem, dando mais ânimo a música. Quase no mesmo tom tem "Getting In Tune", só que nesta é Daltrey que vocaliza de forma desanimada e depois energética. A construção musical é parecida com a canção anteriormente referida, uma espécie de continuação.

A clássica "Behind Blue Eyes" é uma balada tão contagiante, que foi dispensado o uso do ARP. É uma música à moda antiga, boa cantar numa roda de amigos. Do início até a metade é introspectiva, com violão e baixo, este último instrumento com arranjos mais elaborados. Na parte final, a levada é no estilo consagrado do The Who, ou seja, com aquele peso nos instrumentos que fizeram sucesso no início da carreira.

Futurística e espacial. Estes são dois adjetivos que podem ser aplicados a "Won't Get Fooled Again", faixa que encerra o álbum. Certamente, poderia estar na trilha sonora do “Odisseia no Espaço”. É a canção mais longa do disco, com 8 minutos e 33 segundos. Ela é tão boa, que o tempo passa como um foguete, quase na velocidade da luz. Mais uma vez, o HAL, digo, o ARP entra em ação e, praticamente, é tocado numa mesma base sonora, do início até o final, com pequenas variações no meio da música. É um contagiante encerramento para este grande enredo musical.

Após esse álbum, Moon teria pela frente mais três discos para gravar. Entwistle mais cinco. E a dupla Daltrey e Townshend estão vivos e na ativa, para quem sabe fazer ainda mais.

“Who´s next” é para ser escutado durante as próximas gerações. De avô para neto. Um legado deixado para os adoradores de rock.
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FAIXAS:

  1. "Baba O'Riley" - 5:08
  2. "Bargain" - 5:34
  3. "Love Ain't For Keeping" - 2:10
  4. "My Wife" (John Entwistle) - 3:41
  5. "The Song Is Over" - 6:14
  6. "Getting In Tune" - 4:50
  7. "Going Mobile" - 3:43
  8. "Behind Blue Eyes" - 3:42
  9. "Won't Get Fooled Again" - 8:31

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Ouça:


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