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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Lulu Santos - "Lulu" (1986)


"O cara fuma, bebe, cheira
Fuma, bebe, cheira
Fuma e quer pegar no meu pau.
Cheira a noite inteira, Fala sem parar
E quando chega o dia
não quer mais me contratar."
trecho de
"Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas)"







Vamos combinar que Lulu Santos é possivelmente o maior hit-maker do Brasil, talvez só superado pelo Rei Roberto.
Estamos de acordo?
Acho que não tem muito o que contestar.
“De Repente Califórnia”, “O Último Romântico”, “Certas Coisas”, “Cara Normal”, “Adivinha o Que”, “A Cura”, “Assim Caminha a Humanidade”...Ufa! Sucessos são o que não faltam. Até por isso, muitos de seus disco poderiam ser destacados como básicos na discografia nacional, seu primeiro com a ótima “Tempos Modernos” que dá nome ao álbum, o segundo da marcante “Como uma Onda”, o 3º, “Tudo Azul” com a melosa “Lua-de-Mel” regravada por Gal Costa, etc. Mas “Lulu”, de 1986, além de confirmar a vocação para a produção de grandes sucessos radiofônicos, era um álbum mais coeso, completo e de musicalidade variadas.
“Lulu”, de capa muito legal, estilo Keith Haring, é um daqueles discos que a gente tem que pensar como um LP, pois seus lados são distintos e de características diferentes.
O lado A empilha hits e seu início é de tirar o fôlego. Abre com a gostosa e cativante “Casa” normalmente associada a uma espécie de volta de um "filho pródigo" ou algo do tipo, mas esclarecido pelo próprio autor que trata do prazer de encontrar a própria casa todos os dias; emenda com a excelente “Condição”, um pop cheio de variações e possibilidades, com guitarras distorcidas, bateria eletrônica, vocoder, entre outros recursos, passeando por diversos estilos mas mantendo a unidade com competência e qualidade; e traz na sequência a melancólica balada “Minha Vida”, bela e tristonha.
Depois da interessante e simpática “Pé Atrás”, a única do lado A que não tocou à exaustão por aí, a sequência de hits é retomada com “Um Pro Outro”, outro pop daqueles pegajosos, que teve sua popularidade aumentada ainda pela inclusão na trilha de uma novela. E o lado A, o lado hiper-pop, o lado dos sucessos se encerra.
O lado B é mais ousado, diversificado, até experimental, por assim dizer, abrindo com a excelente “Twist, o Disco” uma brilhante crônica de costumes sobre a volubilidade da moda e das tendências, que mistura rock, com mambo, com disco, com tango, numa das melhores músicas do disco e do próprio Lulu.
Segue com o ska animado “Duplo Sentido”; com o pop-rock básico “Telegrama”, possivelmente a menos interessante do disco; o reggae muito bacana cantado em inglês, “Demon”; e fecha com a espetacular “Ro-Que-Se-Da-Ne (junte as sílabas e forme novas palavrinhas)“ um punk rock escrachado cantado à la Roger do Ultraje, no qual Lulu chuta o balde, escangalhando a superficialidade das relações pessoais, mas sobretudo, escancarando a promiscuidade da indústria fonográfica. Um final matador para um baita disco.
Lulu Santos é o tipo do cara que a gente pode até não adorar mas, a rigor, não tem muito como dizer que é ruim, e seu interessantíssimo “Lulu”, lançado no auge da efervescência do rock BR dos anos 80, é um disco, em especial, que merece uma menção mais significativa no âmbito do pop-rock nacional daquele momento.
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FAIXAS:

Lado A
  1. Casa (O Eterno Retorno) - 5:06 
  2. Condição - 4:22 
  3. Minha Vida - 5:08 
  4. Pé Atrás - 3:35 
  5. Um Pro Outro - 3:54 
Lado B
  1. Twist , o Disco - 4:16 
  2. Duplo Sentido - 2:29 
  3. Telegrama (Lulu Santos e Scarlet Moon) - 3:50 
  4. Demon - 5:17 
  5. Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas) - 2:24 

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Ouça:

Cly Reis




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