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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

cotidianas #499 - Lamento de Carnaval




Fotografia da série Antropologia da Face Gloriosa, de Arthur Omar (1997)
Para muitos é um pecado, ô, ô, ô
Que do imposto que pagamos ao estado
E do lucro que damos ao mercado
Um pedaço seja destinado ao carnaval

Para outros no entanto, ô, ô, ô

Da magia do tambor, da cor do canto
É que vem o calor que seca o pranto
Em seus olhos já cansados de ver tanto mal

Hoje é dia de folia

Hoje eu canto pra esquecer
Que a escola do bairro está sem professor
Amanhã depois da festa
A cidade que protesta
Entrará pela fresta da porta do corredor

Não adianta fugir

Não adianta fugir, seu doutor
Não adianta trancar a porta
Não adianta fugir, seu doutor

Para alguém neste momento, ô, ô, ô

Sua condição de dor e sofrimento
Deve ser cimentada com o cimento
Do rancor, do desespero, da exasperação

Para um outro, o lamento, ô, ô, ô

Da triste canção levada pelo vento
Pode ser uma luz no firmamento
Uma noite estrelada em seu coração

Não adianta fugir

Não adianta fugir, seu doutor
Não adianta trancar a porta
Não adianta fugir, seu doutor


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Lamento de Carnaval
(Gilberto Gil/ Lulu Santos)

Ouça a música




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

cotidianas #497 - Twist




Hoje de manhã
Quando eu acordei
E olhei no espelho, baby
Não acreditei

Fora do tempo
Fora do espaço
Fora da moda, baby
Eu perdi o passo

E logo eu, que era o campeão do TWIST
Naquele tempo, eu era tão feliz
Hoje eu não consigo impressionar
Mais ninguém com isto

Ainda pensei que durasse mais um ano
Até que alguém na rua me chamou de suburbano

O que fazer?
Como evitar
Que a onda passe
Sem eu nela surfar

E logo eu que era o campeão do TWIST
Radical chic...
Vamp. Vanguarda.
Psicodélico retrô

Nouvelle Vague
Velha cascata
Um papo antigo que furou!
A nova droga
O novo olhar
Me diga quando
E com quem ir
A que lugar

Em que pensar
Como me sentir
O que beber
Quem entregar
O que enrustir

E logo eu que era o campeão no DISCO
Naquele tempo, eu era tão feliz
Hoje não consigo impressionar
Mais ninguém com isto


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"Twist (Disco)"
Lulu Santos

Ouça:
Lulu Santos - "Twist (Disco)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Lulu Santos - "Lulu" (1986)


"O cara fuma, bebe, cheira
Fuma, bebe, cheira
Fuma e quer pegar no meu pau.
Cheira a noite inteira, Fala sem parar
E quando chega o dia
não quer mais me contratar."
trecho de
"Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas)"







Vamos combinar que Lulu Santos é possivelmente o maior hit-maker do Brasil, talvez só superado pelo Rei Roberto.
Estamos de acordo?
Acho que não tem muito o que contestar.
“De Repente Califórnia”, “O Último Romântico”, “Certas Coisas”, “Cara Normal”, “Adivinha o Que”, “A Cura”, “Assim Caminha a Humanidade”...Ufa! Sucessos são o que não faltam. Até por isso, muitos de seus disco poderiam ser destacados como básicos na discografia nacional, seu primeiro com a ótima “Tempos Modernos” que dá nome ao álbum, o segundo da marcante “Como uma Onda”, o 3º, “Tudo Azul” com a melosa “Lua-de-Mel” regravada por Gal Costa, etc. Mas “Lulu”, de 1986, além de confirmar a vocação para a produção de grandes sucessos radiofônicos, era um álbum mais coeso, completo e de musicalidade variadas.
“Lulu”, de capa muito legal, estilo Keith Haring, é um daqueles discos que a gente tem que pensar como um LP, pois seus lados são distintos e de características diferentes.
O lado A empilha hits e seu início é de tirar o fôlego. Abre com a gostosa e cativante “Casa” normalmente associada a uma espécie de volta de um "filho pródigo" ou algo do tipo, mas esclarecido pelo próprio autor que trata do prazer de encontrar a própria casa todos os dias; emenda com a excelente “Condição”, um pop cheio de variações e possibilidades, com guitarras distorcidas, bateria eletrônica, vocoder, entre outros recursos, passeando por diversos estilos mas mantendo a unidade com competência e qualidade; e traz na sequência a melancólica balada “Minha Vida”, bela e tristonha.
Depois da interessante e simpática “Pé Atrás”, a única do lado A que não tocou à exaustão por aí, a sequência de hits é retomada com “Um Pro Outro”, outro pop daqueles pegajosos, que teve sua popularidade aumentada ainda pela inclusão na trilha de uma novela. E o lado A, o lado hiper-pop, o lado dos sucessos se encerra.
O lado B é mais ousado, diversificado, até experimental, por assim dizer, abrindo com a excelente “Twist, o Disco” uma brilhante crônica de costumes sobre a volubilidade da moda e das tendências, que mistura rock, com mambo, com disco, com tango, numa das melhores músicas do disco e do próprio Lulu.
Segue com o ska animado “Duplo Sentido”; com o pop-rock básico “Telegrama”, possivelmente a menos interessante do disco; o reggae muito bacana cantado em inglês, “Demon”; e fecha com a espetacular “Ro-Que-Se-Da-Ne (junte as sílabas e forme novas palavrinhas)“ um punk rock escrachado cantado à la Roger do Ultraje, no qual Lulu chuta o balde, escangalhando a superficialidade das relações pessoais, mas sobretudo, escancarando a promiscuidade da indústria fonográfica. Um final matador para um baita disco.
Lulu Santos é o tipo do cara que a gente pode até não adorar mas, a rigor, não tem muito como dizer que é ruim, e seu interessantíssimo “Lulu”, lançado no auge da efervescência do rock BR dos anos 80, é um disco, em especial, que merece uma menção mais significativa no âmbito do pop-rock nacional daquele momento.
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FAIXAS:

Lado A
  1. Casa (O Eterno Retorno) - 5:06 
  2. Condição - 4:22 
  3. Minha Vida - 5:08 
  4. Pé Atrás - 3:35 
  5. Um Pro Outro - 3:54 
Lado B
  1. Twist , o Disco - 4:16 
  2. Duplo Sentido - 2:29 
  3. Telegrama (Lulu Santos e Scarlet Moon) - 3:50 
  4. Demon - 5:17 
  5. Ro-Que-Se-Da-Ne (Junte as Sílabas e Forme Novas Palavrinhas) - 2:24 

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Ouça:

Cly Reis