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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Prince - "1999" (1982)



"Não se preocupe,
eu não vou te machucar.
Eu só quero que você
se divirta um pouco."
frase de introdução da música "1999"




A melhor coisa que eu fiz na minha vida foi trocar aquele CD do Tears for Fears por um do Prince. Depois de um longo período de preconceito contra o baixinho de Minneapolis, julgando se tratar de mais um popzinho barato, fui aceitando-o melhor aos poucos. Conheci a música "Sign'O the Times" na MTV e simpatizei mais ainda com o cara, mas ainda tinha aquela resistência. Então deu-se que certa vez, comentei com um amigo, um colega de trabalho, que eu tinha um CD do Tears for Fears mas que não curtia muito a banda, achava o som deles meio morno, sem graça e tal, e ele por sua vez, na mesma conversa me disse que tinha um do Prince e que também não morria de amores. Percebendo meu interesse pelo artigo que ele desdenha, propôs então uma troca. Uma troca simples: Tears for Fears por Prince. Bom, não podia ter feito um negócio melhor.
Era o que eu precisava pra descobrir, gostar e respeitar definitivamente aquele carinha.
Gênio! Gênio!
Como é que eu não tinha percebido antes.
(e já tinha sido alertado)
Com a cara dos anos 80, recheado de teclados, sintetizadores, com ambição futurista, inspirado no filme "Blade Runner" segundo o próprio Prince, 1999” (de 1982) se apresentava para mim então como algo fascinante pela riqueza de ritmos, elementos e alternativas. Embora tivesse, é bem verdade, essa maciça utilização de teclados e dos recursos que a tecnologia, então nova, do início dos anos 80 começava a proporcionar, Prince chama atenção muitas vezes exatamente pela capacidade de fazer muito com pouco. Uma batida básica, uma programação de bateria, um ritmo pré-gravado no teclado e a música está pronta. Mas o que seria limitação nas mãos de qualquer outro, nas dele transforma-se numa obra-prima pela incrível leitura e pela musicalidade que este notável artista carrega consigo.
“Delirious” e “"All the Critics Love U in New York" vão bem nessa linha do “menos é mais”: batida repetida, base gravada de teclado e temos uma música estupenda.
O álbum é perfeito da primeira à última mas tenho predileção especial pela apimentada “Lady Cab Driver”, um funk embalado com um daqueles notáveis trabalhos de guitarra de Prince, discretos mas geniais, incrementada por gemidos femininos, altamente sugestivos; e pela sensual e quente “DMSR” (“Dance Music Sex Romance”), uma longa peça musical na qual Prince brinca com um todas as possibilidades que a música negra oferece.
Não dá pra deixar de citar, é claro, a faixa que dá nome ao disco, a pessimista “1999”, a divertida “Let's Pretend We're Married” e o sucesso “Little Red Corvette”.
Embora tenha a cara dos anos 80, “1999”, acho, alcança a pretensão de seu nome profético, estando desde aquele momento à frente de sua época permanecendo ainda hoje, já adiante da data anunciada, com uma linguagem pop em poucos casos superada.
E pensar que eu não gostava de Prince...
Bendita hora que eu aceitei aquela troca! Foi a melhor coisa que fiz na minha vida.
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FAIXAS:
1. "1999" 6:15
2. "Little Red Corvette" 5:03

3. "Delirious" 4:00
4. "Let's Pretend We're Married" 7:21
5. "D.M.S.R." 8:17
6. "Automatic" 9:28
7. "Something in the Water (Does Not Compute)" 4:02
8. "Free" 5:08
9. "Lady Cab Driver" 8:19
10. "All the Critics Love U in New York" 5:59
11. "International Lover"

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Ouça:


Cly Reis


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