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terça-feira, 28 de abril de 2015

cotidianas #366 - Licença Poética



Eu queria escrever um poema
Só um
Um que fosse
Esfuziante
Alegre
Colorido

Mas pensando bem
Poesia é coisa séria
(Dizem)
Teria que ter
Amor
Sofrimento
Dor

Eu queria então um assim
Que sangrasse
E que de tão dorido
Lavasse quem lesse
em pranto

Mas quem disse?
Quero do jeito que quero

Sobre a vida dos homens
Sobre mulheres da vida
Sobre camas
Sobre o tapete
Sobre a escrivaninha

Um de amor
De ódio
Uma ode
Um soneto
Que seja

Um com palavras jogadas
Aleatórias
Sem forma
Sem estilo
Sem razão
E que de tão sem sentido
Assumisse muitos

Ai, como queria
Um dodecassílabo
Um terceto
Criar versos
Unir versos
Brancos
Pretos
Livres

Eu só queria escrever alguma coisa...

Mas, oh!
Eis que já escrevi

(Um poema)

E não me venham dizer os doutos
Que este não é um
Diria mais
Diria não só que é um
Como é um dos melhores

Mas quem sou eu para dizer alguma coisa?

Quanto mais para escrever um poema.


Cly Reis

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