Na manhã de 8 de
agosto de 1969, a atriz e modelo Sharon Tate acordou chateada. Estava
a poucos dias de ganhar seu primeiro filho e seu marido, o diretor Roman Polanski, ainda não tinha conseguido voltar de Londres, onde
tinha "compromissos" tanto no cinema quanto sexuais com
Michelle Phillips, do The Mamas and The Papas, com quem tinha um
caso. Sharon, acostumada às passarelas do mundo inteiro e eleita
umas das mulheres mais lindas do cinema dos anos 60, mesmo grávida
mantinha intocável toda sua beleza e por dentro uma profunda
tristeza por saber da traição do marido. No cinema, ela era ainda
uma grande promessa, chegando a ser considerada a nova Marilyn
Monroe. O seu casamento com Polanski tinha aberto algumas portas, mas
a atriz já havia trabalhado com grandes diretores e chegou a receber
uma indicação ao Globo de Ouro. Mas naquele momento era hora de
relevar as mágoas e se dedicar ao filho.
Polanski tinha
alugado uma casa em Cielo Drive, que pertencia a Candice Bergen, onde
adorava juntar os amigos para um clima descontraído de drogas e
conversa fora a lá anos 60. Mas na madrugada de sábado do dia 9 de
agosto de 1969, algo iria mudar e o lugar seria o palco do
assassinato mais selvagem da história de Hollywood. Perto do meio
dia, Sharon recebeu uma ligação de sua irmã, lhe oferecendo
companhia para jantar à noite. A atriz disse que já tinha marcado
com amigos uma ida a um famoso restaurante de Los Angeles e,
posteriormente, se reuniriam na casa. Dentre os convidados para o
pós-jantar estavam: Steve McQueen, Robert Evans e Robert Towne e o cabeleireiro das estrelas Jay Sebring e mais dois amigos do casal.
Nesse mesmo instante, no Spahn Ranch, um grupo de jovens seguidores
de Charles Manson se preparava com armas e facas para sair à caça
com uma lista de artistas a serem mortos. Nomes como Elisabeth
Taylor, Steve McQueen e Sharon Tate eram prioridade. Por volta das
22h30, todos tinham retornado à casa: Steve, Bob e Towne tinham
cancelado sua ida. Além de Seibrig, os amigos Abigail Folger e
Wojciech Frykowski ficaram. O assunto do momento era o filme “Sem
Destino”, com Hopper e Fonda, e o “White Album”, do The
Beatles, mas em poucas horas todos ali seriam o assunto para muitas
capas de jornais durante muito tempo.
Logo após a meia
noite, a trupe dos Manson invadiu a casa. Entre o grupo, um rapaz de
23 anos e três moças quase que da mesma idade. Todos armados e
decididos a matar. Frykowski, que era faixa-preta em Karatê, tentou
defender todos, mas foi morto a tiros, pauladas e facadas, assim como
Folger e Jay . Tate tentou fugir aos gritos, mas foi capturada por
duas moças que a torturaram e bateram na atriz. Ela gritava e
chorava implorando por sua vida e a de seu filho. De nada adiantou.
Foi morta com 16 facadas, muitas delas direto na barriga. Os Manson
ainda matariam na saída o amigo do caseiro da família e, dois dias
depois, o casal Leno e Rosemary LaBianca. Em ambas as cenas dos
crimes, as palavras “Pigs” e "Helter Skelter" seriam escritas
com sangue dos mortos, pois elas eram o "sinal" do "Álbum Branco" dos Beatles para a guerra dos Manson começar.
A comunidade do
cinema na época ficou apavorada e tratou de se armar ou contratar
guarda-costas, cercar as casas, mas Polanski ficou tão abalado que
dispensou tudo isso. Apenas, como consolo, carregou na mala durante
anos e para onde quer que fosse a calcinha de sua amada Sharon Tate,
onde enxugava as lágrimas de eterna culpa.
por Francisco Bino
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