Vamos lá, isso mesmo, mais uma vez Sganzerla e mais uma vez uma grande obra. Atenção, família tradicional brasileira, tome muito cuidado ao assistir a "Copacabana Mon Amour".
Sônia Silk (Helena Ignez) circula por Copacabana, no Rio de Janeiro, com o grande sonho de ser cantora da Rádio Nacional. Silk é irmã de Vidimar, empregado apaixonado pelo patrão, o Dr. Grilo.
Se chegamos desavisados, o filme é uma grande bagunça, uma história difícil de entender, muitos gritos, mas muitos mesmo, na verdade a obra e praticamente toda gritada. Agora já temos cores, a qualidade da imagem melhora bastante em relação a alguns filmes anteriores de Sganzerla mas o som continua sendo um problema. Devido ao fato de muitas cenas terem sido filmadas na rua e os microfones da produção não serem grande coisa, nem a técnica de som da época era tão avançada, o diretor mais uma vez escolhe dublar todas as falas do longa e elas dessincronizam em todo o filme (falas dubladas pelos próprios atores).
O estranho relacionamento entre os dois irmãos. |
As cenas deste filme são de uma força, de um impacto fortíssimo. Como disse ele é gritado, mas é GRITADO em todos os sentidos: as cenas de violência física são constantes por parte do patrão com seu empregado, mas as falas, sempre duras, chegam muitas vezes a serem mais fortes que agressões fisicas. Uma dominação completa. As cenas de sexo também têm sua selvageria e misturam-se com o candomblé, numa combinação que Rogério Sganzerla faz como ninguém.
Mais um achado do cinema nacional, "Copacabana, Mon Amour" pode parecer confuso, pode parecer meramente provocador, e pra falar a verdade realmente é, mas também é um pouco mais que isso: pega a cultura que foi jogada lá em baixo, crenças que foram jogadas lá em baixo e pessoas que são jogadas completamente à margem, e as colocas no ponto alto, as valorizando e humanizando. Parabéns, Mister Sganzerla.
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