Veronique chegou do trabalho louca por um banho. Um banho que lhe fosse renovador. Enquanto largava a bolsa e os papéis de trabalho sobre a cômoda, seu filho, criança de 8 anos que aos 30 se tornará diretor de um laboratório de medicamentos letais ligado à ONU, correu até o banheiro e pegou o sabonete, ainda na embalagem. Com uma hidrocor preta escreveu sobre o papel o radical “nitro” antes da palavra “glicerina”.
Veronique jogou os primeiros jatos do chuveiro sobre o rosto, e depois sobre o colo, o busto, a vulva, as coxas. Notou que à medida que esfregava o sabonete sobre o corpo, sua pele ia desmanchando-se, misturando-se com a água que caía implacavelmente vertical na direção do chão. Não se importou com o efeito do ácido, visto que a sensação lhe estava deveras agradável. Misturada à espuma, Veronique escorreu inteira pelo ralo enquanto a água do chuveiro, soltando vapor e seu canto chiado, ajudava a empurrá-la para baixo e a não precisar pensar mais nas forcas e nas guilhotinas.
Daniel Rodrigues
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