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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

“A Chegada”, de Denis Villeneuve (2016)



Reflexão. Isso me veio à mente assim que terminei de assistir a “A Chegada”. O longa não esconde nada. Mostra tudo, faz tudo na sua frente. Mas mesmo assim te surpreende e te coloca para pensar horas depois que ele acaba. O diretor, Denis Villeneuve, é um mágico, daqueles que faz o truque com cartas na sua frente. Você não percebe nada e fica chocado assim que termina a mágica. Que homem!
Quando seres interplanetários deixam marcas na Terra, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista especialista no assunto, é procurada por militares para traduzir os sinais e desvendar se os alienígenas representam uma ameaça ou não. No entanto, a resposta para todas as perguntas e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a existência de toda a humanidade.
Uma ficção-cientifica sobre alienígenas,
mas a mais humana dos últimos tempos
Apesar de ser um grande filme, seu segundo ato é meio cansativo. Quase escorrega quando começa a ir mais para o lado militar de que “só os Estados Unidos podem nos salvar”. Tá certo, estamos em Hollywood e é praticamente impossível fugir disso. Pelo menos o filme não cai na ação desenfreada e explosões.
Que roteiro, que direção, que filme completo! Enquanto você vai se preocupando com a possível invasão alienígena, outras coisas são jogadas na sua cara. Ao mesmo tempo, o longa é tão misterioso. Para se ter uma ideia, no início do segundo ato, já é revelada a forma dos aliens. Quanto às atuações, o destaque vai mesmo para Amy Adams. Ela brilha. O filme é dela. E não é uma personagem fácil. Todos os mistérios e peso da personagem, o drama que ela carrega, tudo é entregue com um grau de atuação espetacular.
Enquadramentos fabulosos
Mas o grande espetáculo fica por conta da parte técnica do filme. Denis Villeneuve mostra que está maduro e ser um dos diretores mais competentes da atualidade. As cores do filme dão um ar triste; a trilha sonora, sempre entrando nos momentos certos; e os enquadramentos dentro da nave, assim como os planos abertos mostrando as naves, são todos fenomenais. De roteiro impecável, assim como a montagem, a história tem seu próprio tempo. Viaja-se pelo passado, futuro e presente. Pode parecer confuso, mas no final, nos últimos 5 minutos você... BAAAM!... "Era isso?!", pensa-se. Que genial.
“A Chegada” é uma história de invasão alienígena de proporções globais, uma ficção-científica. Mas o que mais é importa são as coisas mundanas, do dia a dia, a construção e desconstrução de vínculos, a nossa dimensão frente ao imenso tempo e espaço. O filme te coloca para pensar, mas sem ser chato e expositivo. É claro e sincero com você, te apresenta algo de fora do planeta com um conhecimento macro, mas, ao mesmo tempo, falando de você, o micro.

por Vágner Rodrigues

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