E o que foi aquilo ontem?
Não fosse o constrangimento, a reversão de expectativa, até algum comprometimento de credibilidade, eu poderia até achar que aquilo tudo teria sido proposital talvez para aumentar o impacto em torno do anúncio do vencedor, um golpe promocional, mais uma das piadas do mestre de cerimônias, qualquer coisa do tipo, mas não. O anúncio do prêmio principal da noite do Oscar tornou-se provavelmente um dos maiores micos da história desde que o homem passou a celebrar eventos e exibi-los publicamente. Mico, não! Praticamente um King Kong.
Tudo ia caminhando conforme o script: o apresentador Jimmy Kimmel ia fazendo suas gracinhas; todo mundo, à sua maneira, ia tirando uma lasquinha do Trump; "La La Land" ia ganhando os seus mas não ia fazendo "a limpa"; as premiações iam se dividindo irmanamente entre os favoritos, com alguma justiça; coincidência ou não mas, depois da polêmica racial do ano passado, negros iam ganhando praticamente todos os prêmios que disputavam; uma zebra aqui, outra ali ia pintando mas sem maiores absurdos, até que na hora da categoria final, a de melhor filme, um dos momentos mais aguardados da noite, a dupla Bonnie and Clyde, Warren Beatty e Faye Danaway, encarregada de anunciar o prêmio, depois de hesitar um pouco, parecendo um pouco em dúvida, anunciou "La La Land" como o grande vencedor, o que somado às suas 6 estatuetas já conquistadas e ao Oscar de melhor diretor já arrebatado por Damien Chazelle, garantiam-lhe uma condição de absoluta superioridade em relação a seus concorrentes. Representantes chamados ao palco, diretor, atoes, produtores se abraçando, comemoração, discurso iniciado... Até que... peraí, paraí, paraí... E não é que estava errado? Inacreditável! O próprio produtor de "La La Land" alertado do equívoco apressou-se em corrigir avisando que "Moonlight" era quem havia vencido. Beatty e Danaway, apesar da idade avançada não haviam lido mal ou cometido um engano de velhos gagás. A produção, por alguma carga d'água, sabe-se lá porquê, entregara ao casal de apresentadores o envelope de melhor atriz, prêmio que já havia sido entregue, vencido por Emma Stone, de "La La Land". Daí a confusão dos velhinhos que, vendo-se com aquele envelope na mão, apesar de alguma hesitação, acharam, "Bom, deve ser esse mesmo".O vexame histórico, que repetiu o recentemente acontecido no concurso de Miss Universo, no fim das contas reestabeleceu parte do equilíbrio necessário à premiação uma vez que "La La Land", apesar de seu enorme número de indicações, não era tão superior assim aos outros a ponto de sair com tantos prêmios a mais e arrebatar de quebra filme e direção. "Moonlight - Sob a luz do luar", que era tido como o possível estraga-prazeres do favorito, cumpriu seu destino e estragou a festa de seu concorrente... e da maneira mais desagradável possível.
Confira abaixo a lista dos vencedores da noite de ontem:
Melhor Diretor
- Damien Chazelle - La La Land: Cantando Estações
Melhor Atriz
- Emma Stone - La La Land: Cantando Estações
Melhor Ator
- Casey Affleck - Manchester à Beira-Mar
Melhor Ator Coadjuvante
- Mahershala Ali - Moonlight: Sob a Luz do Luar
Melhor Atriz Coadjuvante
- Viola Davis - Um Limite Entre Nós
Melhor Roteiro Original
- Kenneth Lonergan - Manchester à Beira-Mar
Melhor Roteiro Adaptado
- Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney - Moonlight: Sob a Luz do Luar
Melhor Animação
Melhor Documentário em Curta-Metragem
- Os Capacetes Brancos
Melhor Documentário em Longa-Metragem
- O.J.: Made in America
Melhor Longa Estrangeiro
- O Apartamento (Irã)
Melhor Curta-Metragems
- Sing
Melhor Curta em Animação
- Piper
Melhor Canção Original
- "City of Stars" | Música de Justin Hurwitz, canção de Benj Pasek e Justin Paul - La La Land: Cantando Estações
Melhor Fotografia
- Linus Sandgren - La La Land: Cantando Estações
Melhor Figurino
- Colleen Atwood - Animais Fantásticos e Onde Habitam
Melhor Maquiagem e Cabelo
- Alessandro Bertolazzi, Giorgio Gregorini e Christopher Nelson - Esquadrão Suicida
Melhor Mixagem de Som
- Kevin O'Connell, Andy Wright, Robert Mckenzie e Peter Grace - Até o Último Homem
Melhor Edição de Som
- Sylvain Bellemare - A Chegada
Melhores Efeitos Visuais
- Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones e Dan Lemmon - Mogli: O Menino Lobo
Melhor Design de Produção
- David Wasco (design de produção) e Sandy Reynolds-Wasco (decoração de set) - La La Land: Cantando Estações
Melhor Edição
- John Gilbert - Até o Último Homem
Melhor Trilha Sonora
- Justin Hurwitz - La La Land: Cantando Estações
C.R.
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