Fausto Fawcett e seu universo distópico suburbano-armamentista-cap renasc |
Não me decepcionei!
O espetáculo performático-visual-musical composto de três atos, inicia com o "Pequeno Concerto para Cinco Personagens Gnósticas", capítulo que transita entre personagens como o mais famoso gamer do mundo, mortos vivos no ramal de Japeri, um pedagogo fantasma, uma terrorista fundamentalista suburbana e uma catadora de latinhas encarregada de reescrever o apocalipse de São João, tudo conduzido pelo som hipnótico, lisérgico dos teclados e programações de Gabriela Camilo e emoldurado pela guitarra pontual e performática de Fábio Caldeira.
A banda em ação em outro momento da apresentação. |
Com seu tradicional estilo musical narrativo retratando personagens atípicos, situações aparentemente absurdas ou no mínimo improváveis, num mundo caótico abandonado às suas próprias fragilidades, Fausto e seu grupo de músicos, levaram ao público presente no Marouche, novas luzes sobre seu trabalho dando um bom indicativo de algum material novo chegando por aí. Sempre inspirado pela disco music, pela dance, pelo funk e pelo samba, o Fauno de Copacabana nos brindou no terceiro ato, "Cachorrada Doentia: Pentagrama Musical", com tiradas cheias de sagacidade e sarcasmo como "nada se perde, tudo se Transformer" e "Pobretes Reutmann"; com refrões contagiantes como o já "popular" entre os espectadores, "Dança da garota fugitiva" mesclando momentos de "Stayin' Alive", dos Bee Gees; bem como o divertido refrão "Nuvens de James Brown" entoado por todos com a espontaneidade da aprovação; e com provocações como no caso dos versos "Patricinhas vorazes/ dondocas da escuridão/ Mulheres de cuspe caríssimo/As novas Marias Antonietas/ Inalando crack Vuitton" para os quais um bocado das presentes ali, naquele lugar encravado num dos pontos mais tradicionais e chiques da Zona Sul, devem ter aplaudido meio sem graça com um sorriso amarelo no rosto.
Fui meio sem saber o que esperar e o que vi foi algo muito promissor. O material precisa de alguns ajustes, um pouco mais de musicalidade em alguns momentos, melhor acabamento, uma lapidação final nas letras, mas acho que, de certa forma foi essa a intenção do artista. Tirar um febre do público, sentir a aceitação, a receptividade antes de, talvez, buscar investimento, iniciar gravações ou seja lá em que estágio esteja o projeto. Pelo que pude notar, a impressão foi das melhores, não somente minha como das pessoas à minha volta. Fausto Fawcett está ligado em tudo, ligado no mundo, criativo, louco, visionário e em plena forma. Torcemos para que o que vimos e ouvimos lá se transforme, quem sabe, em um novo CD. Fausto Fawcett ainda tem muito o que dizer e o que mostrar. Aguardemos.
Fausto Fawcett e Os Robôs Efêmeros - "Patricinhas Vorazes (Crack Vuitton)"
Cly Reis
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