Curta no Facebook

sábado, 8 de junho de 2019

"Cafarnaum", de Nadine Labaki (2018)



Duro, sujo, pesado, real, dramático e sublime. Mesmo não dando nenhum motivo para você sorrir, “Cafarnaum" tem o poder de conquistar.
Aos doze anos, Zain (Zain Al Rafeea) carrega uma série de responsabilidades: é ele quem cuida de seus irmãos no cortiço em que vive junto com os pais que estão sempre ausentes graças ao trabalho em uma marcenaria. Quando sua irmã de onze é forçada a se casar com um homem mais velho, o menino fica extremamente revoltado e decide deixar a família. Ele passa a viver nas ruas junto aos refugiados e outras crianças que, diferentemente dele, não chegaram lá por conta própria.
Miséria, descaso e abandono,
são línguas universais, infelizmente.
Se não gosta de ver filmes que vão lhe fazer chorar, se destruir por dentro de tanto pensar na crueldade do ser humano, se você só gosta de ver filmes para se distrair, comer pipoca e sentar no sofá ou no cinema e se desligar do mundo, por favor não assista a esse longa.
O longa, que desfila inúmeras qualidades, chega a beirar o documentário de tão real. A diretora acerta em cheio, em todos detalhes técnicos e nas escolhas que faz do roteiro. Na parte técnica, ela acerta em usar câmera na mão garantindo assim uma sensação de movimento; e nos seus planos fechados, embora apresente também planos abertos lindíssimos. O posicionamento da câmera à altura dos olhos de Zain mostra-se uma escolha muito feliz, fazendo com que vejamos o filme na visão do menino. Na parte do roteiro, o acerto é não cair no drama em exagero. Quando tudo fica muito pesado, Nadine Labaki troca rapidamente o protagonismo para só depois, retornar para Zain.
Uma das melhores coisas é  atuação do menino Zain. O menino passa uma verdade e você compra todos os sentimentos do garoto que, não maioria das vezes não são bons. Uma atuação impecável, uma direção que beira a perfeição em um filme que te faz ver o pior dos humanos: o abandono, a exploração de trabalho infantil, as diferenças culturais como o casamente de meninas de 11 anos com homens adultos. Um longa perturbador para deixar você inquieto e questionar sua vida. Será que você é predestinado a tudo que acontece na sua vida? Será que não há o que fazer? É tudo coisa do destino?

Choques culturais muitas vezes chegam a assuntar.



por Vagner Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário