Duro, sujo, pesado, real, dramático e sublime. Mesmo não dando nenhum motivo para você sorrir, “Cafarnaum" tem o poder de conquistar.
Aos doze anos, Zain (Zain Al Rafeea) carrega uma série de responsabilidades: é ele quem cuida de seus irmãos no cortiço em que vive junto com os pais que estão sempre ausentes graças ao trabalho em uma marcenaria. Quando sua irmã de onze é forçada a se casar com um homem mais velho, o menino fica extremamente revoltado e decide deixar a família. Ele passa a viver nas ruas junto aos refugiados e outras crianças que, diferentemente dele, não chegaram lá por conta própria.
Miséria, descaso e abandono,
são línguas universais, infelizmente.
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O longa, que desfila inúmeras qualidades, chega a beirar o documentário de tão real. A diretora acerta em cheio, em todos detalhes técnicos e nas escolhas que faz do roteiro. Na parte técnica, ela acerta em usar câmera na mão garantindo assim uma sensação de movimento; e nos seus planos fechados, embora apresente também planos abertos lindíssimos. O posicionamento da câmera à altura dos olhos de Zain mostra-se uma escolha muito feliz, fazendo com que vejamos o filme na visão do menino. Na parte do roteiro, o acerto é não cair no drama em exagero. Quando tudo fica muito pesado, Nadine Labaki troca rapidamente o protagonismo para só depois, retornar para Zain.
Uma das melhores coisas é atuação do menino Zain. O menino passa uma verdade e você compra todos os sentimentos do garoto que, não maioria das vezes não são bons. Uma atuação impecável, uma direção que beira a perfeição em um filme que te faz ver o pior dos humanos: o abandono, a exploração de trabalho infantil, as diferenças culturais como o casamente de meninas de 11 anos com homens adultos. Um longa perturbador para deixar você inquieto e questionar sua vida. Será que você é predestinado a tudo que acontece na sua vida? Será que não há o que fazer? É tudo coisa do destino?
Choques culturais muitas vezes chegam a assuntar. |
por Vagner Rodrigues
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