"Perdi Meu Corpo", animação concorrente ao Oscar nessa categoria, é um adorável drama no qual, paralelamente, seguimos os percalços de uma mão sem corpo à procura de algo que, em princípio, não sabemos exatamente o que é (mas dá pra imaginar); e de um rapaz tímido, inseguro, desastrado, Naoufel, que se apaixona por uma garota para quem fora entregar uma pizza.
Não é muito difícil gostar de Naoufel, se identificar com ele, sentir-se próximo dele. Naoufel é gente como a gente. Tem dúvidas, medos, inseguranças, questionamentos, frustrações... Órfão precoce, infeliz e incompetente no emprego, vivendo com um amigo egoísta e de valores bem diferentes dos dele, o jovem tem aquela impressão que muitos de nós já tivemos em algum momento da vida, que esse mundo não foi feito para ele. No entanto, em outro dia aziago, como tantos outros, numa tentativa frustrada de entrega de pizza, uma voz feminina num interfone, parece compreendê-lo e ver o mundo da forma como ele vê, dando-lhe novas esperanças de enfim ter encontrado algo ou alguém que valha a pena.
"Pedi Meu Corpo" é sobre se perder e se encontrar, procurar seu rumo. Tanto a mão, tentando encontrar o que lhe falta, quanto Naoufel buscando um sentido para sua vida, sintetizam essa eterna busca pela felicidade que tanto perseguimos. Em contraste com os traços simples e até toscos do desenho, a animação é rica em detalhes e elementos, num filme muito bem dirigido e de um roteiro muitíssimo bem construído que faz com que os rumos da mão e do nosso protagonista se cruzem de maneira decisiva, ao final.
Se você já pensou alguma vez que só queria ser uma mosquinha para ver determinada situação, "Perdi Meu Corpo" lhe dá a oportunidade de percorrer diversas situações do cotidiano de gente comum, gente com anseios e pensamentos como os que temos ou já tivemos, de perto. Tão perto quanto uma mosca que estivesse ali, sobrevoando, quase a ponto de ser apanhada. Quem já viu, entenderá... Não viu? Veja.
O tímido Naoufel, falando, às cegas, com uma voz no interfone. |
Cly Reis
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