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terça-feira, 10 de novembro de 2020

Ricky Bols, Um Artista Visual Literário

 

Crédito:
Rosane Furtado/Divulgação

Ontem terminei meu dia com a notícia do falecimento do querido e talentoso Ricky Bols. Apesar de sabermos que há muitos anos a saúde dele vinha debilitada, Ricky não se entregava as etapas de tratamento foi forte e guerreiro até o final. A última vez que nos vimos foi na Exposição no CCCEV, de mesmo nome do livrão, com toda a história artística e a bio dele, chamado “Ricky Bols por Ricardo Irigoyen Bolsoni” em 2014. No dia da abertura, Daniel e eu fomos lá para abraçá-lo triplamente, pois levávamos o abraço da minha irmã, Carolina, e da Maria da Paz. Saímos de lá com pôsteres que ele produziu para quem comprasse o livro, podíamos escolher e não foi nada fácil. Tudo muito bem produzido por Rosane Furtado, que fotografou tudo registrando aquele momento lindo. 

Ele um canceriano clássico, viveu sua vida de forma intensa sempre através das Artes. Ricky promoveu inúmeros artistas da música (uma de suas paixões) e atendeu clientes ligados ao surf, futebol, moda, fez capas de livro, discos, CDs, encartes, etc através da sua arte gráfica. Até onde eu sei, o único livro na íntegra ilustrado por ele desde a capa foi “Lili inventa o Mundo”. – que honra! O conheci numa temporada em que fomos, eu e minha irmã, visitar a artista Zoravia Bettiol. Nesta época Ricky estava produzindo o material sobre um espetáculo teatral da atriz e diretora Débora Finochiaro com a obra de Mario Quintana, que apresentava obras de Zoravia. Meses depois, a minha terapeuta Maria da Paz Ceppas C. Peixoto, que o conhecia do movimento de contracultura de Porto Alegre (eles eram da mesma geração), me falou carinhosamente nele. Ela admirava a sua Arte e a sua forma de ser humano. Ricky conservava a rebeldia saudável de questionar tudo o que fazia, por isso gostava de trocar ideias, não aceitava nada sem dialogar bastante. Mas sempre nos recebeu com carinho, cuidado e atenção típicas de um canceriano. 

Anos mais tarde, em 2009 quando tivemos uma oportunidade de trabalho que envolvia ilustradores o convidamos. Aprata estava realizando a Coleção Mario Quintana para a Infância e ele ilustrou o volume com a obra “Lili inventa o Mundo” com suas aquarelas, representando tão lindamente aquele universo poético que é uma publicação muito acalentada por mim desde então. Nesta época, na sua agitação produtiva e criativa estivemos na sua casa em Petrópolis e lá também gravamos com ele para o documentário do Quintana, da mesma Coleção. Em 2016 chamei ele novamente para participar de um Calendário da Casa do Jardim que reunia ilustradores do Brasil, de forma voluntária divulgando os 10 anos de Evangelização para Crianças e Adolescentes dessa instituição. Ele veio novamente muito feliz, dizendo para escolhermos a obra que mais se adequasse ao calendário e novamente foi bem difícil, porque haviam muitas que eu gostava demais. Depois compareceu à cerimônia de lançamento, emocionado pela realização. 

Ontem eu pensei nele, mas sem saber conscientemente que estava hospitalizado. Ele não era uma pessoa de alarde, sempre foi muito discreto com a sua vida, com a sua família e profissão. Na dedicatória sem data, do livro que conta a sua trajetória, ele nos deixou a seguinte frase: “Leocádia e Carolina que legal tê-las aqui comigo. Espero que gostem! Um beijo Ricky Bols”. Acredito que um artista talentoso é atemporal, voa querido amigo e muito obrigada por ter estado conosco num projeto tão desafiador como este: viver e fazer Arte! Gratidão.    

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RICKY BOLS
(Sant'Ana do Livramento, 4 de julho 1952 - 
Porto Alegre, 9 de novembro 2020)

Reprodução do face de Ricardo Irigoyen Bolsoni Ricky Bols com a ilustração feita para a capa de "Lili inventa o Mundo", Coleção Mario Quintana para a Infância - Aprata 2009

Leocádia Costa

Um comentário:

  1. Leocádia, achei sem querer o teu blog e esse lindo texto que fizeste sobre o meu Pai, estou emocionado. grato pelas palavras de carinho. forte abraço!

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