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segunda-feira, 12 de junho de 2023

"Decisão de Partir", de Park Chan-wook (2022)

 


Que  coisa genial! Filme com tantos símbolos, significados, e tudo colocado de uma maneira tão cinematográfica, que você se joga dentro dele como se tivesse saltado de uma montanha. 

Em "Decisão de partir", longa do sul-coreano Park Chan-wook, diretor do clássico "Oldboy", um detetive (Park Hye-il) se apaixona por uma misteriosa viúva (Tang Wei) após ela se tornar a suspeita número um em seu último caso de assassinato.

Já vou logo avisando: de alguma forma você pode terminar o filme frustrado por não entregar o final que você quer (eu, por exemplo, achava que ia ser outra coisa o final), mas de maneira alguma isso diminui a obra. O longa, por mais que tenha uma premissa bem simples, é repleto de detalhes e alguns são bem explícitos, como o lance do olhar do casal e a obsessão do diretor em mostrar closes nos olhos. O fato de haver muitos momentos assim pode não agradar a muitos, ainda que seja possivelmente, o grande charme do filme.

As cenas de interação do casal são o ponto alto filme. Não há um momento dos dois em telas que você não fique preso nos diálogos, olhares, gestos. Conforme o crime vai se solucionando, maior fica a tensão sexual do casal e, por alguns momentos você até deixa de querer saber a solução do crime, mas sim, se algo vai acontecer entre os dois. 

Park Hae-il( HaeJoon) e Wei Tang (SeoRae)... Não tenho palavras para falar sobre as atuações, o que acontece quando os dois estão em cenas juntos! É algo forte que prende o espectador desde a primeira cena quando estão juntos no interrogatório. (Meu casal... não pera, não quero, ou quero), a forma como um olha para outro, simplesmente é algo!

Cada fala, cada cena, tudo é muito bem pensado, escrito e filmado. Um longa que não entendo como  não ganhou uma atenção maior. Às vezes a gente é pego de surpresa ao assistir um filme, o que não foi o caso aqui, pois já entrei com uma baita expectativa e, no entanto, todas foram atingidas.

Prepare-se para mergulhar em olhares que dizem muita coisas, solidão, amor, tristeza, às vezes alegria... Quando você faz esse mergulho, acaba percebendo que o que a investigação, o que longa propõe, vai além dos crimes, mas sim, pretende chegar até onde vão as relações pessoais criadas, a interpretação de símbolos. 

Acredito que uma das mensagens que o filme pode passar, na minha humilde opinião, é de olhar mais para a vida como um todo, olhar bem tudo que temos ao nosso redor, não focar unicamente em uma coisa, por que se não conseguimos conquistar o que queremos, uma enorme frustração pode ser gerada, e não é fácil lidar com frustrações ou coisas inacabadas. 

O casal de protagonistas tem grande atuação e é
simplesmente mágico, juntos, na tela.



por Vagner Rodrigues

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