Se tem um coisa que eu gosto no Gaspar Noé é sua capacidade de incomodar, de deixar o espectador desconfortável. Em "Lux Æterna" não é diferente. Ele mexe com a gente seja pela pelo caos, pela luz, pelo ruído, ou mesmo pelas dúvidas e incertezas que deixa na cabeça de seu espectador.
Num ensaio praticamente experimental, Noé põe duas estrelas do cinema francês, Béatrice Dalle e Charlotte Gainsbourg a interpretarem elas mesmas num set de filmagem de um filme que, por diversas razões, mergulha no caos. Intrusos, aspirantes a diretores, repórteres inconvenientes, produtor descontente, roteiro indefinido, equipe técnica incompetente, problemas particulares e defeitos técnicos fazem com que uma mera filmagem se transforme num verdadeiro... terror.
Em meio a tudo isso, sustentado por uma introdução sobre bruxas e torturas medievais, Noé parece sugerir, com esse turbilhão inquietante, que a era das bruxas, de certa forma, continua e que as 'fogueiras' dos dias dias atuais são outras, mas que queimam mulheres tanto quanto as da idade média. Mas se a explicação de "Lux Æterna" não é clara, definitiva, o que se destaca mesmo no longa é o estilo impactante do diretor e seu compromisso em proporcionar uma experiência singular visual e sensorial, como ele mesmo sugere através de citações de Dreyer, Fassbinder e Godard, estampadas na tela ao longo do filme.
Gostemos ou não, não tem como ficar indiferente...
Compromisso cumprido, Noé.
Apenas uma amostra do desconforto visual proporcionado pelo diretor, contrastando com a beleza e criatividade da fotografia. |
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por Cly Reis
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