53º Festival de Cinema de Gramado - Bastidores e Premiações
Júri de Longas Gaúchos: ao lado das colegas Gabi e Keyti
Minha proximidade e intimidade com o Festival de Cinema de Gramado vem numa crescente desde que passei a, ainda na pandemia, a participar mais ativamente daquele que é o maior festival de cinema do Brasil. Se em outros anos compus Júri da Crítica, comissão de seleção de curtas-metragens brasileiros e, nas duas últimas edições, o júri do Prêmio Accirs, que revela o prêmio da crítica para a Mostra Gaúcha de Curtas-Metragens no Prêmio Assembleia Legislativa, ocorrido durante o evento, desta vez a experiência foi ainda mais completa. Segunda edição à frente da Accirs e primeira em tempo integral, desta vez minha participação foi para a composição do júri de longas gaúchos.
Juntamente com minhas queridas colegas, a gaúcha Gabrielle Fleck, atriz e produtora gaúcha baseada em Los Angeles, Estados Unidos, e Keyti Souza, produtora executiva baiana, formamos um júri coeso e harmonioso. E principal: saímos os três satisfeitos com o resultado de nossa deliberação, que distribuiu de forma meritocrática Kikitos para todos os cinco filmes da mostra.
Afora essa incumbência, claro, também integrei, assim como no ano passado, o nosso querido júri do Prêmio Accirs na 22º Prêmio Assembleia Legislativa – Mostra Gaúcha de Curtas no primeiro final de semana. Ao lado dos colegas Mônica Kanitz, Paulo Casanova, Roger Lerina, Cristian Verardi e Ivana Almeida da Silva, premiamos com certificado o filme “Gambá”, dirigido por Maciel Fischer, o qual tive novamente a alegria de entregar no palco do Palácio dos Festivais. Outro orgulho também foi a presença preta nos júris do festival, uma vez Keyti e eu estivemos acompanhados das ilustres Fernanda Lomba, Dríade Aguiar, Isabel Fillardis e Polly Marinho. O registro, pode-se dizer, resultou numa foto histórica para o festival de Gramado.
Entregando o Prêmio Accirs para o curta gaúcho "Gambá"
Mas o bom mesmo de festival de filmes é ver... filmes! Ao todo, assisti 45 deles, entre documentários, curtas e longas, dentre estes, “O Último Azul”, vencedor do Urso de Prata em Berlim que fez sua pré-estreia em Gramado. Da programação geral, o destaque realmente fica por conta dos longas brasileiros, praticamente 100% de acerto, a não ser o fraco “Querido Mundo” (RJ), de Miguel Falabella, um “Sai de Baixo” cinematográfico esquizofrênico e indeciso entre a linguagem do cinema e do teatro.
Afora este, só filmes de alto nível, como os ótimos “Cinco Tipos de Medo”(MT), grande vencedor do 53º Festival de Cinema de Gramado (levou para casa quatro Kikitos: Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Montagem para Bini, além do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante paraXamã), “Nó” (PR) e “A Natureza das Coisas Invisíveis” (DF), meu preferido da mostra. Já as outras mostras foram bastante mais inconstantes. A de documentários brasileiros, por exemplo, continha filmes mais fracos que alguns da mostra de longas metragens gaúchos, tal “Uma em Mil” ou o grande vencedor, “Quando a Gente Menina Cresce”, melhores que qualquer um dos candidatos nacionais.
Momento histórico dos jurados pretos em Gramado: eu com Fernanda Lomba, Dríade Aguiar, Keyti, Isabel Fillardis e Polly Marinho
Na mostra de curtas nacionais, idem. A seleção trouxe um conjunto mais fraco em relação ao do ano passado, o mesmo para com os curtas gaúchos. O que talvez explique seja a enxurrada de inscrições justificada este ano por conta das produções realizadas a partir das leis de incentivo, como a Paulo Gustavo, que faz aumentar o número de filmes, mas não necessariamente de filmes bons, uma vez que dá espaço para realizadores ainda imaturos cinematograficamente falando. Melhor assim do que os recentes anos de falta de incentivo e negacionismo.
Chamou atenção, por fim, os vários filmes de criança nas diferentes categorias, tipo de temática não tão corrente no cinema brasileiro. Dos curtas gaúchos, os ótimos “Gambá”, laureado por nós da Accirs, e “Trapo”, grande vencedor da Mostra Gaúcha, são quase filmes irmãos, tamanha semelhança narrativa e temática. Ambos tratam do universo infantil e trazem, ludicamente, questões como amadurecimento, medos e anseios. Entre os longas gaúchos, outro filme nesta linha: o já mencionado “Quando...”, que trata sobre a passagem da infância para a adolescência de meninas na fase da primeira menstruação.
Nos curtas e longas brasileiros, idem. O curta paranaense “Quando Eu For Grande”, sobre um menino que volta para casa com sua mãe após uma visita ao pai e ao irmão na prisão, carregando dúvidas e incertezas sobre o futuro, e o longa candango “A Natureza...”, que trata da relação de duas meninas na faixa dos 10 anos, são exemplares.
A clássica foto final com os premiados
Ademais, confiram, então, os premiados da edição de 2025. Ano que vem tem mais.
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LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor Filme: "Cinco Tipos de Medo", de Bruno Bini
Melhor Direção: Laís Melo, por “Nó”
Melhor Ator: Gero Camilo, por “Papagaios”, de Douglas Soares
Melhor Atriz: Malu Galli, por "Querido Mundo", de Miguel Falabella
Melhor Roteiro: Bruno Bini, por "Cinco Tipos de Medo"
Melhor Fotografia: Renata Corrêa, por "Nó", de Laís Melo
Melhor Montagem: Bruno Bini, por "Cinco Tipos de Medo"
Melhor Trilha Musical: Alekos Vuskovic, por "A Natureza das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo
Melhor Direção de Arte: Elsa Romero, por "Papagaios", de Douglas Soares
Melhor Atriz Coadjuvante: Aline Marta Maria, por "A Natureza das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo
Melhor Ator Coadjuvante: Xamã, por "Cinco Tipos de Medo", de Bruno Bini
Melhor Desenho de Som: Bernardo Uzeda, Thiago Sobral e Damião Lopes, por "Papagaios", de Douglas Soares
Prêmio Especial do Júri: "A Natureza das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo
Menção Honrosa: "Sonhar com Leões", de Paolo Marinou-Blanco
Melhor Filme pelo Júri Popular: "Papagaios", de Douglas Soares
Melhor Filme pelo Júri da Crítica: "Nó", de Laís Melo
Xamã, premiado como Melhor Ator Coadjuvante por seu papel e "Cinco..."
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor Filme: “FrutaFizz”, de Kauan Okuma Bueno
Direção: Adriana de Faria, por “Boiuna”
Ator: Pedro Sol Victorino, por “Jacaré”
Atriz: Jhanyffer Santos e Naieme, por “Boiuna”
Roteiro: Ítalo Rocha, por “Réquiem para Moïse”
Fotografia: Thiago Pelaes, por “Boiuna”
Montagem: Lobo Mauro, por “Samba Infinito”
Trilha Musical: As Musas, por "As Musas"
Direção de arte: Ananias de Caldas e Brian Thurler, por “Samba Infinito”
Desenho de som: Marcelo Freire, por “Jeguatá Xirê”
Prêmio Especial do Júri: "Aconteceu a Luz da Lua", de Crystom Afronário
Menção Honrosa: "Quando Eu For Grande", de Mano Cappu
Prêmio Júri da Crítica: “O Mapa em que Estão Meus Pés”, de Luciano Pedro Jr.
Prêmio Canal Brasil de Curtas: “Na Volta Eu Te Encontro”, de Urânia Munzanzu
Melhor Filme Júri Popular: “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli
"Frutafrizz", melhor curta brasileiro no 53º Festival de Gramado
LONGAS-METRAGENS DOCUMENTAIS
Melhor Longa-metragem Documentário: “Lendo o Mundo", de Catherine Murphy e Iris de Oliveira
Menção Honrosa Documentário: "Para Vigo Me Voy!", de Lírio Ferreira e Karen Harley
O doc sobre Paulo Freire e seu método de ensino levou o principal Kikito na categoria
LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS - MOSTRA SEDAC/IECINE
Melhor Filme: “Quando a Gente Menina Cresce”, de Neli Mombelli
Direção: Jonatas e Tiago Rubert, por “Uma em Mil”
Ator: Stephane Brodt, por “Passaporte Memória”
Atriz: Lara Tremouroux, por “Passaporte Memória”
Roteiro: Jonatas e Tiago Rubert, por “Uma em Mil”
Fotografia: Bruno Polidoro, por “Bicho Monstro”
Direção de arte: Gabriela Burck, por “Bicho Monstro”
Montagem: Joana Bernardes e Thais Fernandes, por “Uma em Mil”
Desenho de som: Rodrigo Ferrante e André Tadeu, por “Rua do Pescador n° 6”
Trilha musical: Renato Borghetti, por “Rua do Pescador n° 6”
Menção Honrosa: para o elenco feminino de "Quando a Gente Menina Cresce"
Melhor Filme pelo Júri Popular: “Quando a Gente Menina Cresce”, de Neli Mombelli
Prêmio Iecine Destaque: “Um é Pouco Dois é Bom”, de Odilon Lopez (recebido por Vanessa Lopez)
Prêmio Iecine Inovação: Victor Di Marco e Marcio Picoli
Prêmio Leonardo Machado: Araci Esteves
Prêmio Iecine Legado: Gustavo Spolidoro
Prêmio Sirmar Antunes: Glória Andrades
O belo "Quando...": merecia estar na mostra nacional
MOSTRA GAÚCHA DE CURTAS - PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Melhor filme: ‘Trapo’
Melhor direção: Viviane Jag Fej Farias e Amalia Brandolff (‘Fuá – O Sonho’)
Melhor atriz: Mikaela Amaral, por‘Bom Dia, Maika!'
Melhor ator: Igor Costa, por ‘O Pintor’
Melhor roteiro: Cássio Tolpolar, por ‘Imigrante/Habitante’
Melhor fotografia: Takeo Ito, por ‘Gambá’
Melhor direção de arte: Clara Trevisan, por ‘Mãe da Manhã’
Melhor trilha sonora/música: Zero, por ‘Bom Dia, Maika!’
Melhor montagem: Alfredo Barros, por ‘Imigrante/Habitante’
Melhor figurino: Samy Silva, por ‘A Sinaleira Amarela’
Melhor edição de som/desenho de som: Vini Albernaz, por ‘Mãe da Manhã’
Melhor produção/produção executiva: Renata Wotter, por ‘O Jogo’
Melhor filme - Prêmio Accirs - Júri da Crítica: ‘Gambá’
"Trapo", um dos filmes de criança do festival, levou o troféu de Curta Gaúcho
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