B.B. King foi para o
Blues aquilo que Muhammad Ali foi para o boxe e Pelé no futebol. Era
um cara que tocava sua Lucille sem fazer distinção ou ter
preconceito de gênero. Tocou com artistas do Pop ao Soul, "rifou
e solou" do rock ao Jazz. Influenciou um caralhada de monstros
na guitarra como: Eric Clapton, George Harrison, Jimi Hendrix, Jeff Beck, Buddy Guy, Johnny Winter, Otis Rush e John Lennon, este último,
que confessou certa vez que seu maior sonho era tocar guitarra com
King.
B.B. King é
considerado um dos três maiores guitarristas de todos os tempos. Um
dos primeiros DVD's que eu tive na vida, foi do épico show de King
no Zaire (atual Congo), onde aconteceu o "Live In Africa”, em
setembro de 1974. O guitarrista tocou para 80 mil pessoas naquela que
é considerada sua apresentação antológica. O show era uma prévia
para a maior luta de boxe de todos os tempos, a "The Rumble in
the Jungle", a disputa do cinturão dos pesos pesados entre
George Foreman e o campeão mundial Muhammad Ali, ocorrida no mesmo
país e ano pouco mais de um mês depois.
A luta durou 8
rounds, onde Ali e Foreman se digladiaram como num coliseu
romano. Ali que vinha de uma longa parada, era acostumado a rounds
médios e longos e Foreman, que era o atual campeão e estava em
perfeita forma, costumava derrubar seus adversários logo no primeiro
ou segundo assalto. Na luta, Foreman arrancou com tudo e Ali
inteligentemente deixou seu oponente bater. A famosa esquiva do
lutador entraria em ação entre diversas “trocações”.
Os rounds ficavam
intermináveis para ambos lutadores e incendiavam a plateia local e
do mundo inteiro. Foreman levou vantagem o tempo todo. Se a luta
terminasse naquele momento, ele seria o campeão. Mas Ali usou sua
segunda estratégia e começou a provocar Foreman na luta, gritando:
"Come on, Mother Fucker! É só isso que você sabe fazer?!”.
Foreman se desestabilizou psicologicamente. Cansado de tanto bater o
atual campeão ia para o último assalto com seu físico e
psicológico comprometidos. No ultimo round, Foreman reuniu
suas forças para tentar um trunfo, mas logo sucumbiria a uma
sequência fatal do famoso soco de direita de Muhammad Ali, aquele a
quem antes se chamava de Cassius Clay.
Salve
“King” Clay. R.I.P, my nigga
King.
B.B.
King
(1925-2015)
por Francisco Bino