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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

"Hera, A Glória de Uma Deusa", de George O'Connor - Coleção Deuses do Olimpo - ed. Paz e Terra (2012)





"Hera é minha deusa favorita.
Em parte, porque é o único ser que Zeus realmente teme (...)"

"(...) Hera é uma megera.
Talvez isso seja verdade me relação a Hera, mas só porque Zeus é um péssimo marido.
Caramba, ele devorou a primeira esposa,
 teve dezenas de filhos com dezenas de namoradas e
levou algumas para morar a seu lado no Olimpo... com Hera.
Quando Hera fica com ciúmes, dá para culpá-la?"
George O'Connor



Novamente, minha filha me possibilitou ler mais um número da coleção Deuses do Olimpo, adaptações para quadrinhos das lendas dos deuses da mitologia grega. Desta vez, trouxe da biblioteca da escola "Hera, A Glória de Uma Deusa", edição dedicada à mulher que teria feito o "galinha" e infiel Zeus, andar miudinho. Hera não conseguiu colocá-lo na totalmente na linha, é verdade, mas exigiu ser respeitada como nenhuma outra das conquistas, terrestres ou celestes, do deus máximo do Olimpo, havia ousado reivindicar.

Cortejada por Zeus, Hera colocou como condição para se entregar a ele que o mesmo a reconhecesse como sua legítima esposa e renegados seus, não poucos, filhos bastardos. Ele aceitou, escondendo, no entanto, um pelo qual nutria um carinho especial, Hércules, semideus conhecido por sua incomensurável força. Hera sabendo da existência daquele bastardo e, uma vez falhando em tentar matá-lo ainda na origem, pequeno, se fez de desentendida, agindo na surdina, de modo que o filho ilegítimo de seu marido fosse submetido pelo nobre Eristeu, a seu serviço, às mais duras provações, tarefas que ficaram conhecidas como Os Doze Trabalhos de Hércules. 

Nesse ponto da história, o protagonismo se desvia de Hera e é direcionado para Hércules, acompanhando seus desafios e dando à história características de HQ de super-herói com todas as demonstrações de força do semideus em combates como o enfrentamento com o leão da Nemeia, criatura gigantesca à qual o herói não somente derrota como ainda tira o pelo passando a usá-lo como manto; a captura de Cérbero, o cão do inferno; a batalha com a Hidra de Lerna, mostro de oito cabeças, que teve todas elas decepadas pela espada de Hércules; e a caça às aves de Estínfale, usando flechas embebidas, por sinal, no sangue venenoso da Hidra. Coisas de super-homem com superpoderes!

Mas apesar do destaque do fortão, todos os episódios se passam à sombra da verdadeira poderosa: Hera é a mulher que se impõe, se faz respeitar, utiliza seu poder para colocar ordem na casa, e o autor da HQ, George O'Connor, faz questão de salientar essa justiça com a personagem, frequentemente mencionada de forma muito superficial apenas sempre à margem dos feitos e estrepolias de seu marido Zeus.

Interpretação interessante do autor que utiliza uma graphic-novel e a mitologia grega como um canal para salientar o valor da mulher e destacar sua importância, seja na sociedade grega, no Olimpo, ou nos dias de hoje. Seja ela deusa ou mera mortal.
Hércules, o super-herói da mitologia grega, em dois momentos:
enfrentando a temível Hidra (à esq.) e, à direita, capturando o feroz Cérbero.





Cly Reis 

quinta-feira, 23 de junho de 2022

"Hades, O Senhor dos Mortos", de George O'Connor - Coleção Deuses do Olimpo - ed. Paz e Terra (2012)




Leitura interessantíssima e vinda de uma fonte um tanto inusitada foi a HQ "Hades, O Senhor dos Mortos", que acabou chegando a mim, por intermédio da minha filha Luna, que pegou o livro na biblioteca da escola. Eu, já um fascinado por mitologia grega, quando vi aquele visual muito Sandman que o artista George O'Connor deu à divindade grega da morte, me interessei imediatamente.

A semelhança com o personagem sombrio de Neil Gaiman, o Mestre dos Sonhos, não é mera impressão incial do leitor, tampouco se limita ao visual do protagonista. Todo o ambiente de profundezas, submundo, escuridão, expiação, lembra bastante as aventuras de Sandman.
Aqui, o mestre dos mundos inferiores sequestra, de forma intempestiva e, num primeiro instante, injustificadamente, Core, a filha da deusa Deméter. Desesperada, ela recorre a vários outros deuses a fim de descobrir onde está e quem teria levado a jovem. Juntando pistas e informações Deméter, a deusa das plantações, da agricultura, descobre que Zeus, seu irmão e Deus máximo do Olimpo, prometera a jovem a seu também irmão Hades, e que aquele, simplesmente, fora buscar o que lhe seria de direito pelo acordo. Como de costume, entre as entidades gregas, intrigas, traições, disputas de poder e vaidades se estabelecem, e a solução para o impasse precisará de muito bom senso, negociações e concessões nessa titânica queda de braço.
A condução de George O'Connor, num primeiro momento, na história, parece um tanto didática demais, apresentando cada área, cada elemento, cada personagem dos mundos inferiores quase que como numa aula de mitologia grega, mas logo o andamento se desprende, flui melhor, e toda a trama se desenvolve capturando o interesse do leitor com um roteiro dinâmico e bem construído, que, curiosamente, mesmo tendo Hades como elemento central, confere todo um destaque especial à deusa Perséfone que, segundo o próprio autor, costuma ser citada de forma secundária, desproporcional a todo seu poder e importância.
Excelente achado!
Com a filha que tenho, pai babão que sou, estou certo de que sempre valerá a pena dar uma olhada no que ela trouxer da biblioteca da escola.



Cly Reis