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segunda-feira, 1 de julho de 2019

"Bravura Indômita", de Henry Hathaway (1969) vs. "Bravura Indômita", de Joel e Ethan Coen (2010)



Duelo dos bons esse! Jogo sem favorito. Pode dar qualquer coisa. Duas gerações diferentes em campo, estilos até parecidos de jogo e muita qualidade em ambos os lados. O time do original conta com um cracaço: John Wayne. Uma daquelas lendas do futebol, digo... do cinema. Até dava seus problemas fora de campo, às vezes dentro dele também, é verdade. Era meio chegado numa manguaça e consta que em muitas cenas que filmou, interpretando um personagem, por sinal, beberrão, o mercenário "Rooster" Cogburn, estaria mesmo um tanto... por assim dizer, mamado. Isso é que é craque! Fugia da concentração, ia pra balada, chegava bêbado, jogava bêbado e ainda acabava com o jogo. Dúvida? O cara SÓ faturou o Prêmio de Melhor do Mundo da FIFA daquele ano, ou melhor, digo, o Oscar da Academia exatamente por causa dessa atuação.
Mas do outro lado o melhor jogador do adversário, Jeff Bridges, embora não tenha alcançado ainda a condição de lenda como o outro, pra pouca coisa não serve e, só pra não  deixar por menos, também tem sua Chuteira de Ouro, ou melhor, sua estatueta dourada na prateleira. Se o prêmio não foi conquistado  pelo mesmo papel, ao menos foi por um personagem tão pé-de-cana quanto Cogburn, em "Coração Louco". Grande enfrentamento mas o Duke, leva pequena vantagem não só pelo confronto direto, a estatueta conquistada no filme em que os dois interpretam o mesmo papel, como pelo jeitão pronto de caubói, pelo manejo das armas, pela montaria... Não tem como ganhar do maior caubói das telonas de Hollywood. 1x0 no placar para o antigo "Bravura Indômita".
Mas o filme de 1969 não tem muito tempo pra comemorar pois no confronto entre as Mattie Ross, a personagem que recorre ao velho federal para encontrar o assassino de seu pai, embora Kim Darby esteja ótima também, a atriz da da refilmagem, Hailee Senfield, consegue se destacar com uma atuação verdadeiramente diferenciada. Desarma, passa bem, distribui a jogada e ainda aparece na frente pra fazer o gol de empate. 1x1 no placar.
Os coadjuvantes, cada um de seu lado, seguram as pontas com qualidade garantido o equilíbrio do jogo. Ambos os LaBoeuf, Glen Campbell, no original, e Matt Damon, no remake, mandam bem e nenhum consegue se destacar muito sobre o outro. Se de um lado temos brilhando o jovem, mas já careca e rodado, Robert Duvall como Ned Pepper, do outro temos Josh Brolin fazendo um desprezível Tom Chaney, e o placar assim continua em igualdade. 


trailer "Bravura Indômita" (1969)

trailer "Bravura Indômita" (2010)

Mas aí vem a fotografia do Bravura '69, com seus tons outonais como que saídos de um quadro e coloca o time de Hathaway em vantagem de novo. Uma pintura de gol!
Reta final de jogo. Essa é a hora pr'a gente ver quem tem garrafa vazia pra vender, quem tem café no bule.

E é exatamente a hora em que aparece o dedo do treinador. Os irmãos Coen fazem uma mexida tática importante mudando sutilmente alguns elementos de roteiro e deixando o seu time mais agressivo e conseguem o empate no finalzinho!
Que jogo é esse???
Emoção até o fim. Haja coração!
Mas não há tempo pra mais nada. O juiz sopra o apito aponta o meio de campo e é fim de papo.
Temos o primeiro empate no Clássico é Clássico (e vice-versa) do ClyBlog.

Entre os Rooster Cogburn, pequena vantagem para John Wayne sobre
Jeff Bridges por ter levado o Oscar pela atuação no filme.

Se o original de Henry Hathaway é um clássico consagrado,
a máxima que dá nome a esta seção vale para os filme dos Coen.
Clássico é clássico e vice-versa.


 



Cly Reis


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

“Bravura Indômita”, de Henry Hathaway (1969) e "Bravura Indômita", de Joel Coen e Ethan Coen (2010)





cartaz do original de 1969
de Henry Hathaway
Agora sim posso declarar o meu ponto de vista sobre "Bravura Indômita". Ainda não tinha assistido ao primeiro filme, que foi dirigido por Henry Hathaway, em 1969. Em 2010, foi filmado o remake dos irmãos Joel e Ethan Coen. O filme gerou críticas positivas, mas nem todo mundo gostou e as semelhanças entre ambas produções são grandes. A fotografia do primeiro filme, que foi quase todo filmado com luz de outono, é esplêndida e brilhante, muitas vezes parece saída de um quadro de época. Creio eu que John Wayne deva ter amado filmar "Bravura", pois o ator passava o tempo todo bebendo de verdade, algo que já era normal em seus filmes. Muitos dizem que seu personagem era uma paródia de si mesmo, tanto que lhe deu o único Oscar da carreira, merecido, é claro, e com muito álcool.
Outro ponto a destacar do longa de Hathaway, o qual não canso de repetir, é sobre a habilidade do Duke com o cavalo. Em diversas cenas isso é explícito, inclusive na cena final em que ele pula uma cerca alta, dispensando o dublê. A forma como ele manejava as armas demonstra certamente que em outra vida ele foi um cowboy de verdade. Todo o elenco desse filme é ótimo, da maravilhosa atriz adolescente, Kin Darby, a um iniciante Dennis Hopper e o já careca Robert Duvall.

trailer "Bravura Indômita" (1969)


cartaz da versão dos
irmãos Cohen, de 2010
Na versão dos Cohen, praticamente idêntica em história ao de Hathaway, os diretores dão seu pitaco estilístico e o deixam mais "sujo", mas não menos violento e satírico que o primeiro. Depois de assistir, cheguei à conclusão que Jeff Bridges é o único ator neste planeta que conseguiria com seu estilo errante e versátil estar à altura de Wayne para reviver o personagem de "Rooster" Cogburn. Pena não ter sido tão reconhecido, porque ele também merecia o Oscar. E o filme foi indicado a vários prêmios, perdeu em quase todos. Hailee Steinfeld que fez a menina Mattie Ross no segundo filme, e está no meu panteão das grandes atuações femininas do cinema atual. O elenco também conta com os bons atores Matt Damon e Josh Brolin.
Resumindo, os filmes são diferentes mas ao mesmo tempo parecidos. Hoje, revendo pela ótica dos Coen, os diretores e produtores foram muito corajosos e ousados ao fazer um remake que muitas vezes se sai melhor que o original, acertaram em tudo, desde a escolha dos atores a toda equipe técnica, que foi indicada para um penca de Oscar. Voto final: em direção, prefiro os Coen; roteiro, os Coen; entre Wayne e Bridges, dá empate; fotografia, fico com o de 1969; Mattie Ross, meu voto vai para Haillee Stenfield; Ranger La Boeuf, vitória de Glen Campbell; e sobre os dois filmes, ambos são ótimos.
trailer "Bravura Indômita" (2010)