A De Stijl é dos movimentos artísticos de que mais gosto. Sua aparente simplicidade e limitação pode esconder pra os mais apressados uma riqueza técnica, espacial e conceitual que vieram a ser da maior importância para a linguagem da arte contemporânea. Minha simpatia e admiração pela De Stijl deve-se em grande parte ao fato de, entre os movimentos artísticos, ser o que mais se aproxima e aplica seus conceitos objetivamente à arquitetura, minha atividade profissional. Os planos, a profundidade, o cheio, o vazio, a cor, a ausência dela, toda a experimentação proposta nele para mim é fascinante. Assim, fiquei muito entusiasmado em ter aqui no Rio de Janeiro a exposição
"Mondrian e o Movimento De Stijl" em cartaz no CCBB e a expectativa foi plenamente atendida. Muito bem organizada, distribuída e com um catálogo bastante amplo e completo, a mostra apresenta o movimento em todas as suas plataformas, artes plásticas, arquitetura, escultura, design, gráfico e editorial, trazendo os trabalhos realmente significativos do período e de seus principais nomes, em especial Piet Mondrian.
Fiquei verdadeiramente encantado em poder apreciar de perto sua transição do figurativo para o abstrato, sua geometrização, sua série de "Composições", os famosos quadros de linhas pretas e quadrados e retângulos em cores neutras e primárias, e sua técnica praticamente invisível nestas obras em detalhes mínimos entre uma linha e outra, na intensidade das cores e variações cromáticas mínimas, apenas confirmando que se trata de um dos maiores artistas da história da humanidade.
Tinha duas curiosidades em especial em relação a esta exposição: de que forma apresentariam a casa de Van Doesburg, obrigatória em se falando em De Stijl, que para minha agradável surpresa não somente foi destacada como teve exibidos seus projetos originais e suas maquetes; e se viria a cadeira original de Gerrit Rietveld, e para minha satisfação lá estava a icônica peça na qual pude repousar no final do circuito (em uma réplica mais confortável, é verdade, mas ainda assim uma Rietveld).
Quadros de outros pintores contemporâneos, esculturas, tipografias, publicações, mobiliários, fotografias, peças de design. Até já havia visto algumas obras de Mondrian em Paris mas desta vez tive a oportunidae de ver grande parte de seu catalogo e de seus contemporâneos em uma ótima exposição que, para minha condição de arquiteto e apreciador de arte, foi à altura do que a De Stijl representa no cenário artístico.
***************************
"Exposição Mondrian e o Movimento De Stijl"
local: Centro Cultural Bancodo Brasil (CCBB)
endereço: Rua Primeiro de Março, 66 - Centro - RJ
período: até 09 de janeiro
horário: todos os dias, exceto terças-feiras, das 09h às 20h
|
Mondrian ainda na fase figurativa (1902). |
|
Autorretrato do artista. |
|
Sua pintura "perdendo" a forma. |
|
Aproximação com os pós-expressionistas. |
|
Em 1917, Modrian no início de seu geometrismo. |
|
Na sua composição com oval e planos de cores
o abstracionismo prevalece definitivamente. |
|
A árvore desconstruída na pintura de Mondrian. |
|
Em "Retrato de uma senhora", o cubismo presente. |
|
Ainda com figurativo mas já a caminho de uma nova linguagem.
("Campanário em Zeeland") |
|
Paisagem na visão e conceito de Piet Mondrian. |
|
As icônicas "composições" de Mondrian.
Aqui a "Composição com grande plano vermelho e amarelo" |
|
"Composição com vermelho, azul, preto, amarelo e cinza" |
|
Por trás de uma aparente simplicidade há
pequenos detalhes que revelam inúmeras possibilidades visuais.
("Composição de linhas e cor III") |
|
Variações e reinterpretações formladas por seus seguidores.
Esta a "Composição Neoplástica" de Jean Albert Gorin, de 1931 |
|
Novos estudos e variações acerca do trabalhoda De Stijl.
"Relevo nº290" de Alberto Domela (1986) |
|
A composição de Vilmos Huszár de 1923. |
|
Um dos símbolos do movimento De Stijl, a casa de Theo Van Doesburg.
Seus estudos isométricos e cromáticos e sua maquete. |
|
Perspectiva interna de outro dos marcos do movimento,
a Casa Rietveld/Shröder |
|
Theo Van Doesburg e Cornelis Van Eesteren
e o saguão da Uiversidade de Amsterdã. |
|
Estudo de cores em edificação de Piet Zweit |
|
Estudo de mobiliário e espaço interno de Piet Zweit |
|
Estudo para dormitório inspirado n"O Quarto" de Van Gogh.
(Vilmos Huszár e Piet Klarhamer, 1920) |
|
Projeto da famosa cadeira Rietveld. |
|
Icone do design, a lendária cadeira Rietveld. |
|
O design da poltrona de Thijs Rimsema. |
|
O mobiliário de linhas arrojadas da De Stijl. |
|
Figura mecânica dançante de Vilmos Huszár (1920). |
|
Fotografias e fotomontagens também integram a exposição. |
|
Todos os seguimentos integrados.
A parte gráfica em sintonia com todas as demais linguagens
("Cartaz para exposição" de Bert Van der Leck) |
|
Uma das capas da revista que funcionou como
centro catalisador do movimento. |
|
Até utensílios domésticos e peças cotidianas podiam traduzir a identidade da De Stijl. |
|
A enorme "composição" tridimensional montada no saguão do CCBB. |
|
Este blogueiro "dentro" de um dos quadros de Mondrian. |
|
E repousando na réplica gigante da cadeira Rietveld. |
Cly Reis