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quinta-feira, 28 de julho de 2022

"The Batman", de Matt Reeves (2022)




Detective Comics... Quadrinhos de detetive. 
O último filme do homem-morcego, "The Batman", honra as origens da editora que o publicou desde suas primeiras aventuras: é uma história de detetive. 

O novo Batman é um filme policial. Uma trama envolvente, instigante, na qual o vilão, por mais que originalmente seja um de seus caricatos arqui-inimigos dos quadrinhos, neste longa fica muito mais caracterizado como um perigoso psicopata do que por uma figura colorida com roupa extravagante.

"The Batman" faz uma espécie de "Ano Um" do homem-morcego. Um herói ainda jovem, idealista, tentando entender toda a sujeira dos subterrâneos de Gothan City e percebendo que a coisa toda é ainda muito maior do que imaginava. Ironicamente, quem mostra isso a ele é exatamente o vilão: um maluco autointitulado Charada passa a cometer assassinatos e deixar nas cenas dos crimes enigmas que vão desvelando verdades indesejáveis sobre peixes grandes da cidade, como o prefeito, o promotor e até, imagine só, o pai do nosso jovem magnata.

Bruce é um justiceiro ainda confuso, inseguro, o que torna seu personagem noturno, um herói vulnerável em muitos momentos, tanto física quanto psicologicamente. Em meio a essa roda-viva de crimes do Charada, brigas de poder no submundo, eleições para prefeito, policiais corruptos e prisões dos chefes da máfia de Gothan, o mascarado se vê às voltas com Selina Kyle, uma jovem dançarina e garçonete nas boates do mafioso Falcone, e que busca respostas sobre o paradeiro de uma amiga desaparecida que pode estar mais envolvida com coisas perigosas do que ela possa imaginar. Juntos, com motivações diferentes, os dois mergulham em toda a sujeira da cidade, que respinga nos dois e que é apresentada ao povo de Gothan, de maneira prazerosa e sádica, pelo Charada.

O jovem Bruce, tentando juntar as peças do quebra-cabeça
do Charada

"The Batman" é uma grande celebração ao herói mais humano dos quadrinhos. Além de voltar ao início da saga do órfão sedento por justiça, o filme de Matt Reeves, mesmo tão contemporâneo, rende discretas homenagens à série clássica dos anos 60 em detalhes como o da máscara de couro, o próprio nariz da mascara (os mais atentos perceberão), o Batmóvel, mais "carrão" mesmo, mais parecido com a máquina clássica de Adam West,  sem falar nas tomadas superiores dos ambientes e até mesmo as semelhanças com as sequências de luta.
O novo Charada, simplesmente assustador.
Um dos melhores psicopatas do cinema nos
últimos tempos.

Robert Pattinson, tão discutido, tão contestado, está perfeito no papel de um Batman hesitante; Paul Dano é um maníaco assustador lembrando muito John Doe, o psicopata fanático de "Seven", de David Fincher; a Mulher-Gato é sexy mas sua participação não se limita a seus dotes físicos; a amostragem de Pinguim é promissora; a "canja" de Coringa é instigante; e o final (sem querer dar spoiler) não caracteriza exatamente uma vitória do herói, o que torna o filme ainda mais interessante.

Um filme que dignifica o herói mascarado, dignifica os quadrinhos, que se justifica como um longa de Batman, que prende a atenção, nos deixa envolvidos, nos faz querer ver uma sequência... Isso, DC! Era isso que queríamos! "The Batman" é um filme policial, é um filme noir, é um thriller psicológico, é um suspense, para só depois de tudo isso, ser um filme de herói.



Cly Reis


quinta-feira, 14 de julho de 2022

"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", de Daniel Kwan e Daniel Scheinert (2022)

 


VENCEDOR DO OSCAR
MELHOR FILME
MELHOR DIREÇÃO
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
MELHOR MONTAGEM
MELHOR ATRIZ
MELHOR ATOR COADJUVANTE
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Sabe aquele filme que te faz entrar numa viagem tão boa, mas tão boa, que demora para sair dela? É o que acontece ao assistir “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. Você fica dias com o filme na cabeça.

Michelle Yeoh interpreta Evelyn Wang, uma cansada mulher chinesa-americana que luta para se manter. As coisas ficam estranhas quando ela descobre que é a chave para salvar o multiverso, e que pode acessar o conhecimento e os talentos de todos os seus vários "eus" através dos infinitos universos.

Não sei por onde pode posso começar os elogios a esta obra, então vamos para um roteiro, que teria tudo para ser uma grande confusão, mas por conta dos seus diálogos perfeitamente escritos, tudo fica perfeitsmente amarrado sem deixar pontas soltas. O que falar dos figurinos, principalmente da personagem Joy Wang (Stephanie Hsu)? Gostei de muito de como roteiro trabalha as habilidades de cada versão da protagonista. Todas são bem diferentes, com diferentes habilidades, e, no entanto, são muito bem aproveitadas funcionando muito bem em tela (até mesmo a versão pedra). 

Temos atuações memoráveis que com certeza, capazes de alavancar a carreira de alguns atores, e até mesmo da já consagrada Michelle Yeoh, que só justifica o por quê de todo hype em cima dela. Mas também merecem destaque Joy Wang, que sempre que está em cena mostra força, cativa, tem humor, tem drama, e para o esquecido Ke Huy Quan (Waymond Wang), que faz a gente se perguntar onde esse cara estava esse tempo todo? Por favor mais filmes com ele! 

De resto, as cenas de luta são muito bem coreografadas e não dá pra deixar de elogiar a competente direção dos “The Daniels” que se mostram cada vez mais ousados e seguros de si

Uma forma única de abortar uma história tão complexa faz desse filme realmente um destaque. Apenas  lendo sinopse ou olhando trailers, talvez não se tenha a rela noção do que realmente o filme é. Tem que se jogar nele. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, assim como viaja pelo multiverso, consegue viajar por temas e você pode ver com um olhar referente a relação mãe e filha, pai e filho, a relação de um casal e suas crises, e por aí vai. 

O longa é um show muito bem conduzindo, apesar grande número de informações que é jogado para o espectador. Por incrível que pareça, você não fica perdido e a edição muito dinâmica, acelera e freia nos momentos certos. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” é a confusão mais organizada que você vai assistir nos últimos tempos.

Esse trio é muito bom. E não importa a versão do trio.



por Vagner Rodrigues