“Não dá para tomar LSD e não encontrar sua voz, porque não há onde se esconder."
Carlos Santana
Uma recordação musical legal que eu tenho, ali quando começava a me interessar por música, lá pela metade dos anos 80, na explosão do rock nacional, é de, na antiga casa da minha avó, no bairro Cefer, em Porto Alegre, meu tio Jorge me apresentar ao "Abraxas" (1970) da banda Santana. Chamou a mim e a meu primo Lúcio Agacê para ouvir um cara que segundo ele era "um baita guitarrista". Pirralho, imaturo, achando que o RPM era a melhor coisa que já tinha ouvido,e provavelmente com uma expectativa de ouvir guitarras rascantes, riffs e levadas ruidosas, não dei o devido valor àquele som. Ouvimos várias faixas, a maior parte eu torci o nariz na época, mas uma em especial me marcou: "Samba Pa Ti", uma balada instrumental swingada e sensual, num crescendo envolvente e com uma guitarra, até para um jovem incrédulo, inegavelmente espetacular. Mas valem destaques também para "Oye Como Va" e para o espetacular blues "Black Magic Woman/Gypsy Queen".
Hoje não há como não reconhecer que aquela guitarra técnica, cheia de embalo, de jazz, de latinidade, foi um marco para o rock mundial e fundamental para a expansão de músicos latinos nesse universo. Maná, Fito Paez, Caifanes e outros devem o fato de figurarem num cenário internacional de música pop/rock a Carlos Santana com a banda que leva seu sobrenome, e que, depois da apresentação marcante em Wodstock especialmente, praticamente abriu as portas para bandas de língua espanhola e ritmos ditos tropicais dentro do rock.
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FAIXAS:
- "Singing Winds, Crying Beasts" (Carabello) – 4:48
- "Black Magic Woman/Gypsy Queen" (Green/Szabo) – 5:24
- "Oye Como Va" (Puente) – 4:19
- "Incident at Neshabur" (Gianquinto/Santana) – 5:02
- "Se Acabó" (Areas) – 2:51
- "Mother's Daughter" (Rolie) – 4:28
- "Samba Pa Ti" (Santana) – 4:47
- "Hope You're Feeling Better" (Rolie) – 4:07
- "El Nicoya" (Areas) – 1:32
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Ouça:
Santana Abraxas
Cly Reis