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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

"Noite do Terror", de Bob Clark (1974) vs. "Natal Sangrento", de Sophia Takal (2019)

 


Época de Natal, muitos alunos das universidades americanas voltam para casa, para suas famílias, em muitos casos, em outras cidades, outros Estados, depois de um ano inteiro sem ver seus familiares. Os campus ficam praticamente vazios, permanecendo lá apenas aqueles residentes que, por alguma razão qualquer, não têm essa oportunidade. É nesse cenário que em uma faculdade, alunas de uma irmandade feminina começam a sumir, serem ameaçadas e mortas.

Essa é basicamente a trama nas duas versões de "Black Christmas" (o primeiro chamado "Noite do Terror", no Brasil, e o segundo, "Natal Sangrento") que, a bem da verdade, são dois filmes bem fracos, embora o original goze de um certo status de cult. Assim, sabendo que enfrenta um adversário de respeito, "Natal Sangrento" trata de traçar boa uma estratégia para tentar superar o desafio. Ele aproveita um elemento existente no original, mas pouco explorado, e faz dele sua razão de existir: o machismo, presente no primeiro, mas de uma maneira muito intrínseca, no novo passa a ser praticamente o tema principal. Só que o que era pra ser um trunfo acabou virando um gol contra. O assunto, inegavelmente importante e relevante, acaba se tornando chato, cansativo, excessivamente panfletário e insistentemente desgastante para a ação do filme. Alguém vai dizer, "Ah, mas é lógico que um homem não vai se sensibilizar com uma pauta feminista!". Não é o caso. O fato é que já vi um bocado de filmes "feministas" muito melhores sem precisarem ser tão apelativos. Tem uma espécie de sociedade secreta machista no campus, que cultua o busto do fundador da universidade, do qual sai um líquido negro que converte alunos comuns em membros assassinos de mulheres, pra tudo culminar num ritual absurdo de iniciação dos novos machos lobotomizados. Cara..., simplesmente estapafúrdio!


"Noite do Terror" (1974) - trailer


"Natal Sangrento" (2019) - trailer


"Noite do Terror", mais pé no chão, com um argumento mais verossímil, um bom clima, boas mortes e nada mais que um misterioso serial-killer, se aproveita da trapalhada no meio de campo do time de 2019 e define a partida. A cena do confronto entre homens e mulheres na sala do Conselho é um verdadeiro presente de Natal para o time de '74, que o matador não desperdiça e liquida o jogo. 1x0.

Jogo sem grandes destaques individuais de lado a lado mas com uma menção para Margot Kidder, a eterna Lois Lane, no papel da espevitada, desbocada e safadinha Barb Coard, que por sinal, tem a melhor morte do filme original de 1974.

As garotas do original (esq.), são bem mais frágeis e vulneráveis,
enquanto que as do remake (dir.), não querem nem saber e partem pra cima., 
só que deixam espaços no meio e as falhas são cruciais para derrota.


Confronto pra Papai Noel nenhum botar defeito:
Dois fimes que dá pra ficar de saco cheio.





Cly Reis