“Vídeo, cinema e fotografia são oferecidos como documentos de desempenho, mas raramente se aproximam da experiência tridimensional, o soa como eles irradiam através do teatro, iluminação, uma vez que envolve um lado, a antecipação da audiência, o gesto sutil do ator individual”
Noah Khoshbin & Matthew Shattuck.
“Se ele se move, eles vão vê-lo”
Andy Warhol.
“A carreira de Robert Wilson tem a assinatura de uma grande criação artística”
Susan Sontag.
O Santander Cultural realizou em 2010 a Mostra Robert Wilson – Video Portraits numa parceria antenada com as redes sociais e novas tecnologias durante a 17º edição do Porto Alegre em Cena na cidade de Porto Alegre. Em todo o espaço expositivo via-se os 14 vídeo-retratos produzidos pelo artista norte-americano em alta definição no suporte de telas de 1,5m de altura. Wilson está entre o teatro e as artes visuais de vanguarda, sendo um multiartista conhecido também por suas técnicas de iluminação e cenários no teatro americano.
Os vídeo-retratos apresentados nessa Mostra reuniam atores, artistas, dançarinos, escritores, atletas, pessoas de todas as origens, e animais que refletem a amplitude da carreira de Wilson. Entre eles figuravam: o chinês Zhang Huan, o escritor Gao Xingjian, os atores Brad Pitt e Steve Buscemi, Alan Cumming e Winona Ryder, Ditta von Teese, Jeanne Moreau e Johnny Depp entre outros. Produzidos a partir de uma parceria entre Robert Wilson e as câmeras Voom HD Networks uma empresa de TV onde Robert foi artista residente a partir de 2004. Os Vídeo-Portraits são retratos de celebridades e anônimos caracterizados por um formato que vai além da fotografia, inclui cinema e teatro, literatura e música de múltiplas dinâmicas reveladas no retrato do vídeo. As criações de Wilson apresentam uma linguagem de movimentos mínimos, gestos sutis e coreografados, somados a arranjos cenográficos sofisticados, aqui as trilhas musicais e as palavras também tem força. Aliás a ligação de Wilson partindo inspiradamente do ambiente cenográfico com a música vem desde 1976 quando apresenta o trabalho com seu parceiro Philip Glass "Einstein on the Beach".
Para estes vídeo-retratos a música torna-se parte integrante da peça, em vez de apenas uma ilustração auditivo de um tema visual. Executando a gama de gravações de campo às pontuações do jogo de vídeo, desde o clássico ao blues, ao rock ao punk dos retratos de vídeo contêm uma lição na abordagem contemporânea de apropriar-se de toda a história das gravações sonoras. Alguns críticos que abordaram as obras chegaram a questionar se Wilson está sinalizando com essas gravações sonoras um caminho da música do futuro. Será?
A impressão que temos é que o artista transporta para a tela em HD o seu velho conhecido – o palco. Nele faz todas as intervenções e correlações possíveis. A fotografia se dá pela quase imobilidade dos personagens que se congelam e se movimentam num tempo nem sempre real, brincando assim com a observação do espectador e com a sua própria noção de tempos.
Os vídeo-retratos apresentados nessa Mostra reuniam atores, artistas, dançarinos, escritores, atletas, pessoas de todas as origens, e animais que refletem a amplitude da carreira de Wilson. Entre eles figuravam: o chinês Zhang Huan, o escritor Gao Xingjian, os atores Brad Pitt e Steve Buscemi, Alan Cumming e Winona Ryder, Ditta von Teese, Jeanne Moreau e Johnny Depp entre outros. Produzidos a partir de uma parceria entre Robert Wilson e as câmeras Voom HD Networks uma empresa de TV onde Robert foi artista residente a partir de 2004. Os Vídeo-Portraits são retratos de celebridades e anônimos caracterizados por um formato que vai além da fotografia, inclui cinema e teatro, literatura e música de múltiplas dinâmicas reveladas no retrato do vídeo. As criações de Wilson apresentam uma linguagem de movimentos mínimos, gestos sutis e coreografados, somados a arranjos cenográficos sofisticados, aqui as trilhas musicais e as palavras também tem força. Aliás a ligação de Wilson partindo inspiradamente do ambiente cenográfico com a música vem desde 1976 quando apresenta o trabalho com seu parceiro Philip Glass "Einstein on the Beach".
Para estes vídeo-retratos a música torna-se parte integrante da peça, em vez de apenas uma ilustração auditivo de um tema visual. Executando a gama de gravações de campo às pontuações do jogo de vídeo, desde o clássico ao blues, ao rock ao punk dos retratos de vídeo contêm uma lição na abordagem contemporânea de apropriar-se de toda a história das gravações sonoras. Alguns críticos que abordaram as obras chegaram a questionar se Wilson está sinalizando com essas gravações sonoras um caminho da música do futuro. Será?
A impressão que temos é que o artista transporta para a tela em HD o seu velho conhecido – o palco. Nele faz todas as intervenções e correlações possíveis. A fotografia se dá pela quase imobilidade dos personagens que se congelam e se movimentam num tempo nem sempre real, brincando assim com a observação do espectador e com a sua própria noção de tempos.
Um das obras que mais gostei é a que apresenta o escritor Gao Xingjian (Prêmio Nobel da Literatura 2000 vive na França e em 1997 tornou-se cidadão francês - é também tradutor da obra de Samuel Beckett e Eugène Ionesco, além disso é roteirista, diretor de teatro e pintor). O vídeo-retrato com seu nome está datado no ano de 2005 e tem música de Peter Cerone “Never Doubt I Love, Desert”. A música pontua o tempo que a escrita percorre pelo rosto de Gao. E sugere as relações estabelecidas entre um lugar onde a solidão é uma situação permanente e um estado emocional onde o deserto pode confirmar ou negar de maneira provocativa uma afirmação duvidosa. Nesta obra o que se move quase todo o tempo é a escrita e o personagem serve de meio para recebê-la. A face do escritor recebe a frase “La solitude est une condition nécessaire de la liberte” escrita em letra manuscrita no idioma francês. Aos poucos ela se forma cruzando o rosto do escritor e tão logo está escrita começa a desaparecer culminando com a abertura dos olhos dele ainda sob a pontuação da música.
Um texto tão carregado de emoção precisa de tempo para ser absorvido. A frase evoca reflexões. O tempo da escrita coincide com o tempo real de leitura da frase, mas não com o que a frase diz. Qual tempo de solidão é necessário para que se escreva tal reflexão? Ainda – esta frase faz parte de algum livro do escritor ou é uma frase universalmente conhecida? Será que a intenção de Wilson é fazer com que o espectador perceba que escrever é um trabalho interno profundo? E que esse mergulho na construção do texto, faz parte do processo de criação sobre o que se coloca de fato no papel?
Outro aspecto que me chamou atenção é que essa mesma obra foi exposta em Museus com diferentes suportes o que legitima o diálogo entre o meio digital e os espaços expositivos sejam eles de vanguarda ou tradicionais, sendo esse um fator que se relaciona a proposta de trabalho de Wilson que interliga novamente áreas aparentemente incompatíveis.
Os vídeos-retratos foram exibidos em Los Angeles, Berlim, Áustria, Itália, Espanha, Rússia, EUA, Singapura, Alemanha e em New York em plena Times Square. Fico imaginando o impacto destes retratos numa avenida que é conhecida por um fluxo de imagens, cores e agitação constantes. As obras de Wilson são coloridas, contrastadas e com uma definição incrível, totalmente conectadas ao universo pixelado e frenético da Times Square que guarda para si uma profusão de anúncios publicitários, divulgação de espetáculos e reúne os mais refinados investidores mundiais. O que diria Warhol , um dos pais e Mestre destas relações entre comunicação e Arte sobre, por exemplo, a imobilidade da pantera negra que Robert expõe nesta Mostra? “Se ele se move, eles vão vê-lo", diz Andy. E quando ele se moverá? Se isso acontecer a que momento poderemos capturar esse gesto? Eis que o desafio está lançado: perceba e questione seu corpo em reação a estas obras, teste sua paciência em esperar por um movimento e transporte-se a figura do leitor de Arte, em frente a contemporaneidade explícita de Wilson independente de qual personagem ou cidadão esteja retratado na sua frente. Participe desse espetáculo e perceba o quanto você faz parte disso tudo.
Gao Xingjian: assista ao vídeo-retrato |
por Leocádia Costa
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