Não tinha nada na vida que o Cláudio
gostasse mais do que mulher. Gostava de música, filmes, futebol,
cerveja, doce, viagens, mas nada se comparava a sua fissura por
mulheres. Preferia as bonitas, é verdade, como a maioria dos homens,
mas era tão louco pelas fêmeas que se pintasse uma, assim, mais ou
menos e ele estivesse um pouco mais pilhado, topava assim mesmo. E
não fazia distinção de tipos físicos, assim como gostava de
mulherão, tudo em cima, peitão, coxão, bundão, podia encarar uma
magrinha com pouco peito, ou uma fofinha desde que fosse
suficientemente graciosa segundo seus conceitos. Alta, baixa, ruiva,
loira, negra, ah, não interessava, ele caía em cima. Mesmo entre os
amigos, também, naturalmente, interessados pelo sexo oposto,
destacava-se e chamava atenção até dos mesmos, tamanha sua loucura
por mulheres e diversidade de tipos e possibilidades. Tanto que certa
vez, estava o Cláudio com o Fabiano, um desses amigos, tomando um
choppinho e ao ver entrar no bar uma mulata jeitosa, esguia de cabelo
crespo solto, volumoso, não conseguiu deixar de exclamar, cerrando
levemente os olhos e mordendo o lábio:
- Ai, eu adoro uma pretinha.
Ao que o Fabiano prontamente rebateu:
- Arram, sei. Tu adora uma pretinha,
uma loirinha, uma moreninha, uma xadrez, uma verde com bolinhas
amarelas. Desde que tenha uma rachadura no meio das pernas, não interessa pra ti, né,
Cláudio.
- Ah, não é bem assim.
- É, bem assim, sim. Se usar saia e
não for padre, é contigo mesmo; se fizer xixi sentado e não for sapo, tu
manda ver.
- Exagerado! – ainda exclamou o
Cláudio antes de caírem na gargalhada.
E o Cláudio continuaria desfilando
seus mais variados tipos de namoradas, peguetes, ficantes, amantes e
amizades coloridas até o dia em que a galera, os amigos, o
encontraram numa festa.
- Oh, rapaz. Tu por aqui, não sabia
que tu conhecia o Fonseca – exclamou um deles, o Paulinho.
- É, trabalhei com ele há um tempo atrás.
A gente andou se topando por aí e ele me convidou pro churrasco. Mas
e vocês, tudo numa boa? - perguntou o Cláudio realmente contente de
encontrar os amigos ali.
“Tudo bem”, “tudo numa boa”,
“tranquilo”, foram respondendo, mas foram interrompidos
ansiosamente pelo próprio Cláudio que falou:
- Peraí, gente, peraí, eu quero que
vocês conheçam a minha nova namorada.
- Hum, como será essa? Outra loira? -
perguntou o Fabiano.
- Aposto que é morena – arriscou o
Paulinho.
- Vem cá, Tatá - chamou o Cláudio,
acenando para a outra sala.
Depois de um curto momento de expectativa, eis que na porta surge a tal
namorada do Cláudio e, à visão daquela mulher de formas inegavelmente esplendorosas, a reação dos amigos foi por assim dizer, uma espécie de congelamento atônito mas não efetivamente por conta de seus dotes físicos.
- Gente essa a Violeta, minha namorada. - apresentou o Cláudio, orgulhoso.
Ainda boquiaberto e sem noção da inconveniência, o Fabiano, gaguejando, sem tirar os olhos da moça à sua frente, acabou deixando escapar:
- M...Ma... Mas, Cláudio, ela é
roxa.
Com o que o Flávio completou:
- ... e com bolinhas amarelas.
- Pois é. Viu só. E não é que tu
tinha razão mesmo, Fabiano? Só errou na cor.
Cly Reis
para minha amiga Fabi Osório
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